A Secretaria de Saúde do Espírito Santo (SESA) confirmou 8.169 casos de Febre do Oropouche no estado entre a primeira semana epidemiológica de 2024 e a quarta semana epidemiológica de 2025. O boletim divulgado nesta quinta-feira (30) também mostra a primeira morte decorrente da doença no município de Fundão, além de três óbitos em investigação. O município com maior número de casos é Alfredo Chaves, com 1.281 registros.
Situação no Brasil
Entre os dias 1º e 25 de janeiro de 2025, o Brasil contabilizou 2.791 casos da doença, sendo 2.652 no Espírito Santo, 99 no Rio de Janeiro e 30 em Minas Gerais. Outros casos foram identificados na Paraíba (7), no Ceará (1), no Paraná (1) e em Roraima (1). “Quase três mil casos de Oropouche nas quatro primeiras semanas do ano, no Brasil – 95%, aproximadamente, registrados no Espírito Santo. É uma preocupação adicional em relação ao verão passado que enfrentamos”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Venâncio.
Sobre a Febre do Oropouche
A Febre do Oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram registrados, especialmente na região amazônica, considerada endêmica para a doença. Em 2024, a doença passou a ser motivo de preocupação para autoridades sanitárias brasileiras, com transmissão autóctone em diferentes estados.
A transmissão ocorre principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos atuam como hospedeiros. No ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros, e o mosquito Culex quinquefasciatus (pernilongo) também pode transmitir o vírus.
Sintomas e prevenção
Os sintomas da Febre do Oropouche são semelhantes aos da dengue, incluindo febre de início súbito, dor de cabeça intensa, dor muscular, dor nas articulações, tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. Em alguns casos, pode haver manifestações hemorrágicas e complicações no sistema nervoso central, como meningite asséptica e meningoencefalite, especialmente em pacientes imunocomprometidos.
Até o momento, não há tratamento específico para a doença. O tratamento consiste em repouso, controle dos sintomas e acompanhamento médico.
A prevenção envolve evitar a exposição ao mosquito vetor. Entretanto, repelentes e inseticidas convencionais não são considerados eficazes contra o maruim. Devido ao pequeno tamanho do inseto, ele pode atravessar telas convencionais, sendo recomendada a utilização de malhas ultrafinas ou o fechamento completo de portas e janelas. A eliminação de criadouros, como água parada rica em matéria orgânica, também é apontada como medida preventiva.
Histórico de óbitos
Em 2024, a Bahia registrou duas mortes pela Febre do Oropouche. As vítimas eram uma mulher de 24 anos, residente em Valença, que faleceu em 27 de março, e outra mulher de 21 anos, de Camamu, cujo óbito ocorreu em 10 de maio. Até então, não havia registros de óbitos relacionados à doença no mundo.