Saúde

Velocidade com que você caminha pode indicar demência

02 jun 2022 - 08:30

Redação Em Dia ES

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Estudo com quase 17 mil idosos mostra que quem anda 5% mais devagar a cada ano e apresenta sinais de declínio cognitivo tem probabilidade de desenvolver demência
Uma caminhada mais lenta à medida que envelhecemos sempre foi um sinal de alerta de crescente fragilidade que pode levar a quedas e outras deficiências, dizem os especialistas. Pesquisas emergentes em pequenos grupos de idosos também descobriram que uma caminhada mais lenta de ano para ano pode ser um sinal precoce de declínio cognitivo.

Isso pode ser devido ao encolhimento do hipocampo direito, que é a parte do cérebro associada à memória, de acordo com estudos.

Mas nem todos os sinais de declínio cognitivo predizem demência posterior –apenas 10% a 20% das pessoas com 65 anos ou mais com comprometimento cognitivo leve (CCL) desenvolvem demência no próximo ano, de acordo com o Instituto Nacional do Envelhecimento. “Em muitos casos, os sintomas do CCL podem permanecer os mesmos ou até melhorar”, afirma o instituto.

Agora, um grande e novo estudo com quase 17 mil adultos com mais de 65 anos descobriu que pessoas que andam cerca de 5% mais devagar a cada ano, ao mesmo tempo que exibem sinais de processamento mental mais lento, têm maior probabilidade de desenvolver demência. O estudo foi publicado terça-feira (31) na revista online JAMA Network Open.

“Esses resultados destacam a importância da velocidade que andamos na avaliação do risco de demência”, escreveu a autora correspondente Taya Collyer, pesquisadora da Peninsula Clinical School da Monash University, em Victoria, na Austrália.

‘Declínio duplo’ tem maior risco
O novo estudo acompanhou por sete anos um grupo de americanos com mais de 65 anos e outro de australianos com mais de 70. A cada dois anos, as pessoas no estudo foram convidadas a fazer testes cognitivos que mediam o declínio cognitivo geral, memória, velocidade de processamento e fluência verbal.

Duas vezes a cada biênio, os participantes também foram solicitados a caminhar 3 metros. Os resultados foram, então, calculados para determinar a marcha típica da pessoa.

No fim do estudo, os pesquisadores descobriram que o maior risco de demência era em casos de “declínio duplo”, ou seja, pessoas que não apenas andavam mais lentamente, mas também mostravam alguns sinais de declínio cognitivo, afirmou Joe Verghese, professor de geriatria e neurologia no Albert Einstein College of Medicine, no Bronx, em Nova York, que não esteve envolvido no estudo.

“Além disso, aqueles com declínio duplo tiveram um risco maior de demência do que aqueles com apenas marcha reduzida ou apenas declínio cognitivo separadamente”, escreveu Verghese em um editorial publicado na terça-feira na revista JAMA.

Uma dupla associação entre a velocidade de caminhada e o declínio da memória é preditiva de demência posterior, segundo uma meta-análise de 2020 feita com quase 9.000 adultos americanos.

No entanto, apesar dessas descobertas, “a disfunção da marcha não foi considerada uma característica clínica precoce em pacientes com doença de Alzheimer”, escreveu Verghese.

Exercícios podem ajudar
Há coisas que podemos fazer à medida que envelhecemos para reverter o encolhimento do cérebro que acompanha o envelhecimento típico. Estudos descobriram que o exercício aeróbico aumenta o tamanho do hipocampo, ampliando alguns aspectos da memória.

Enterrado no lobo temporal do cérebro, o hipocampo é um órgão de formato estranho que é responsável pelo aprendizado, consolidação de memórias e navegação espacial, como a capacidade de lembrar direções, locais e orientações.

O treinamento com exercícios aeróbicos aumentou o volume do hipocampo anterior direito em 2%, revertendo a perda relacionada à idade no órgão de um para dois anos, de acordo com um ensaio clínico randomizado de 2011. Em comparação, as pessoas que fizeram apenas exercícios de alongamento tiveram um declínio aproximado de cerca de 1,43% no mesmo período.

Exercício aeróbico deriva de “ar” e é um tipo de treino em que a frequência cardíaca e a respiração aumentam, mas não tanto que você não possa continuar o treino. Os tipos de exercícios aeróbicos podem incluir caminhada rápida, natação, corrida, ciclismo, dança e kickboxing, bem como todos os aparelhos de cardio em sua academia local, como esteira, aparelho elíptico, remador ou alpinista.
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Atualizado: 02/06/2022 08:30

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