O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, realiza uma visita técnica ao Hospital Rio Doce, em Linhares, na manhã desta sexta-feira (28), às 9h30. Esta constitui a primeira agenda oficial na unidade desde que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória assumiu a gestão plena do complexo hospitalar, em 15 de outubro, após um acordo judicial firmado para evitar a desassistência à população do norte do estado.
A visita ocorre em um momento de estabilização dos serviços. A mudança no comando administrativo foi uma medida emergencial construída com apoio do Governo do Estado e sob mediação do Poder Judiciário e do Ministério Público Estadual (MPES). A intervenção foi necessária após a antiga administradora, a Fundação Beneficente Rio Doce, anunciar uma grave crise financeira que ameaçava suspender os atendimentos na maternidade por falta de médicos para as escalas de plantão.
Para assegurar o funcionamento dos atendimentos de risco habitual e de alto risco, a Secretaria da Saúde (Sesa) implementou um Plano de Contingência, garantindo a oferta de profissionais e a assistência integral aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) durante o período de transição.
Auditoria e reestruturação
Atualmente, está em andamento um processo de auditoria independente para a avaliação detalhada dos processos de gestão, passivos e ativos da unidade, incluindo a estrutura física e equipamentos. O procedimento é acompanhado pelo Ministério Público e tem previsão de conclusão para o início do próximo ano. O objetivo é esclarecer a real condição econômica da entidade e a origem do déficit que motivou a mudança de gestão.
De acordo com o cronograma homologado pela Justiça na Vara da Fazenda Pública de Linhares, o processo judicial referente ao caso permanece suspenso até esta sexta-feira (28). Nesta data, as partes envolvidas devem informar à Justiça sobre o interesse na continuidade da demanda, baseando-se na avaliação dos resultados da transição.
Histórico da crise e acordo judicial
A transferência da gestão foi selada após uma escalada de tensão no início de outubro de 2025. No dia 2 daquele mês, a antiga gestão anunciou a suspensão dos serviços de maternidade, alegando que os repasses estatais cobriam apenas 60% dos custos operacionais e citando uma dívida de quase R$ 100 milhões.
A Sesa contestou os dados imediatamente, classificando a atitude como uma “grave violação contratual”. Segundo a pasta, os repasses mensais de R$ 9.390.826,77 estavam em dia e vinham sendo pagos de forma antecipada. Diante do impasse, o MPES ajuizou uma ação civil pública pedindo a intervenção do Estado.
Em audiência de conciliação realizada em 8 de outubro, ficou definido que a Santa Casa de Misericórdia de Vitória assumiria o controle. O acordo garantiu transição imediata, gostão plena e manutenção dos repasses financeiros pelo Estado para garantir o pleno funcionamento, especialmente dos plantões.
A nova gestão, liderada pela provedora Maria da Penha Rodrigues D’Ávila, é responsável pela administração de uma unidade que atua como referência regional. A Santa Casa é uma instituição filantrópica onde mais de 90% dos atendimentos são realizados via SUS, com destaque para alta complexidade cardiovascular.


















