agricultura

Calor extremo: como altas temperaturas impactam o trabalhador rural

25 set 2023 - 15:37

Redação Em Dia ES

com Canal Rural

Share
Entre os impactos do calorão estão os danos nas produções agrícolas, cotações das commodities no mercado exterior e na saúde dos produtores rurais
Calor extremo: como altas temperaturas impactam o trabalhador rural. Foto: Adobe Stock

Nos últimos dias, meteorologistas e pesquisadores de todo país alertaram a chegada de uma onda de calor que vai assolar boa parte do Brasil nas próximas semanas. São esperadas temperaturas que podem chegar a até 45°C.

O estado do Espírito Santo não escapou do aumento das temperaturas. Em cidades como Linhares, Colatina e Cachoeiro, os termômetros já registraram nesta segunda-feira (25) números altos, atingindo 35º, 41º e 38º respectivamente.

Entre os impactos do calorão, que já se iniciou em regiões como o Sudeste e o Centro-Oeste, estão os danos nas produções agrícolas, cotações das commodities no mercado exterior e na saúde dos produtores rurais.

Para quem trabalha no campo, os cuidados quanto ao clima devem ser redobrados, seja para produção, para o gado ou ao profissional. Isso porque o calor excessivo pode ser prejudicial à vida humana, podendo até levar uma pessoa à morte.

Impactos na produtividade
Muitas atividades voltadas para agropecuária nas zonas rurais são realizadas sob o sol e calor. A exposição prolongada e sem proteção a temperaturas severas podem gerar danos irreversíveis e a longo prazo, além de afetar a produtividade nos trabalhos do campo.

Outro fator que contribui para a queda na produção são os sintomas causado pela exposição a temperaturas altas. Cansaço, dores musculares, fadigas entre outros sintomas podem atrapalhar os trabalhos no campo.

De acordo com dados da revista científica The Lance em 2018 o setor de agricultura perdeu cerca de 133 bilhões de horas no mundo toda por conta do calor excessivo, enquanto o setor industrial perdeu 30 bilhões de horas ao redor do globo.

O climatologista e professor de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Miguel Pocharski, em entrevista, explica mais sobre os impactos no cenário rural.

“Aqui no Rio Grande do Sul, nosso estudo mostrou que mais de 90% dos trabalhadores que conversaram conosco durante a pesquisa, relataram sofrer queda de produtividade em meio às ondas de calor”, comentou o professor.

O gado também pode sofrer muito com o estresse térmico. Um estudo da Embrapa mostra que criar sombras artificiais melhora o rendimento e diminui o consumo de água e do solo em confinamentos bovinos.

Umidade podem agravar os problemas
A umidade é um fator muito importante quando falamos desses impactos ou da intensidade do calor em diferentes localidades. Portanto, um ambiente com baixa umidade vai afetar menos o trabalhado do campo do que um lugar muito úmido.

“Então, se você está num forno (baixa umidade), tá assando por fora, mas por dentro, internamente, aí podemos pensar nos nossos órgãos, por exemplo, vai demorar mais tempo até haver aquecimento fora do normal. Quando está numa panela cozinhando (alta umidade), o teu interno e o teu externo, eles estão esquentando juntos, então tu acaba sofrendo muito mais”, exemplificou Pocharski.

“Quando a umidade do ar ela está superior 85%, a gente também não consegue mais fazer com que o suor que sai do nosso corpo seja evaporado para a atmosfera”, disse. “E aí tu vai ter um problema, porque vai continuar superaquecendo”.

Principais sintomas em calores extremos
O corpo humano é um dos fatores mais afetados com as temperaturas altas, que podem causar danos a curto e longo prazo na saúde, inclusive em algumas situações, levar a morte. Apesar deste cenário afetar tanto cidadãos do campo como os dos grandes centros urbanos, a rotina do agricultor ou pecuarista exige esse contato maior com a natureza, com clima e consequentemente, com esses cenários de ondas de calor.

Outro fator importante a se destacar é que, nas cidades, as pessoas possuem muitos artifícios para aliviar essas condições. No entanto, o trabalhador do agro nem sempre tem à sua disposição ferramentas como ar-condicionado ou ventiladores, devido ao espaço onde trabalham.

Isso acaba trazendo malefícios a curto prazo, como o estresse térmico e a insolação. O primeiro se trata de uma série de sinais que alerta ao corpo uma elevação da temperatura interna e externa. “Esse é o estresse térmico, ele é uma fase, digamos assim, em que você começa a se sentir mal”, comenta o professor.

Dentre os principais sintomas do estresse térmico podemos destacar:
. Dores locais;
. Enjôo;
. Tontura
. Dores de cabeça;
. Cãibra;
. Fadiga;
. Desidratação;
. Mal-estar.

Já a insolação é um estágio mais avançado de exposição ao calor, que ocorre após as temperaturas internas e externas do corpo ultrapassarem os 40 °C. A insolação é extremamente perigosa podendo, inclusive levar ao óbito, afirma Pocharski. Portanto, é importante não ignorar os sintomas do estresse térmico e tratá-los o quanto antes.

Dentre os principais sintomas da insolação causados pelo calor podemos destacar:
. Taquicardia;
. Desmaios;
. Confusão mental;
. Pressão alta;
. Riscos para a ocorrência de falência total dos órgãos.

Doenças crônicas como o câncer de pele, doenças renais e até mesmo cognitivas podem surgir ao longo dos anos de exposição. A exposição ao excesso de calor acumulado é responsável por causar esses tipos de doenças, algumas das quais podem não ter cura. No entanto, o especialista ressalta que o estresse térmico e a insolação, especificamente, permanecem como os que mais afetam a saúde dos trabalhadores rurais.

Cuidados para evitar os problemas com o calor
Com o aumento das ondas de calor no Brasil, torna-se essencial adotar medidas como hidratação. Isso ajudará a evitar parte dos problemas e sintomas causados por essas condições climáticas, garantindo, assim, o bem-estar. Além da hidratação, é possível tomar outros cuidados.

Dê prioridades a alimentos com alto teor de água
A alimentação também é fundamental para manter o corpo hidratado. O consumo de frutas, verduras e legumes com alto teor de água, como melancia, melão, abacaxi, laranja, alface e brócolis, também podem evitar o mal-estar.

Evite exposição direta ao sol
Nos horários mais quentes, procure permanecer sempre locais frescos, se possível com ventilação. Evitar ou reduzir os trabalhos durante esses períodos de calor, que variam de região para região, também pode ser benéfico.

Busque outras formas para se refrescar
Se estiver muito quente, enxágue o corpo com água fresca ou tome um banho de água mais fria para aliviar o calor interno. Quando aplicadas na nuca ou na testa, as compressas de água podem se tornar grandes aliadas.

Busque ajuda
Se todos esse cuidados não forem o suficiente para aliviar os principais sintomas, é extremamente importante a busca por hospitais e ajuda profissional. Nesses casos extremos, evite a exposição solar imediatamente.

2
0
Atualizado: 25/09/2023 16:56

Se você observou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, nos avise. Clique no botão ALGO ERRADO, vamos corrigi-la o mais breve possível. A equipe do EmDiaES agradece sua interação.

Comunicar erro

* Não é necessário adicionar o link da matéria, será enviado automaticamente.

A equipe do site EmDiaES agradece sua interação.