Em um mundo pós-pandemia, pensar no corpo pode representar um ato de coragem e também de resistência, quando se pensa no apagamento de tudo o que se desvia do chamado “padrão” normativo da sociedade. Foi a partir dessa percepção contemporânea, aliada a uma visão filosófica sobre o corpo humano, que o escritor Anaximandro Amorim elaborou o seu décimo livro, “A euforia do corpo”, o primeiro pela Editora Patuá. O lançamento foi na última quinta-feira, dia 22 de setembro, em Vitória, Espírito Santo.
Em seguida, no dia 24 de setembro, o escritor apresentou a obra na III Feira Literária de Cariacica – ES (Flicari). No dia 29 de setembro, às 19h, a apresentação será na Academia de Letras de Vila Velha.
Um dos autores mais atuantes da cena literária do Espírito Santo e membro da Academia Espírito-santense de Letras, Anaximandro Amorim propõe nesta obra uma reflexão sobre o corpo humano em suas dimensões poética, filosófica, metafísica e biológica.
O conjunto de poemas traz diferentes abordagens, percorrendo o universo da ciência, do erotismo, da mitologia grega e dos aspectos sociais. “Pensar o corpo é algo que raramente fazemos. Não nos damos conta de que ter um corpo pode até ser, inclusive, um ato de resistência, diante do aniquilamento de corpos negros, corpos trans, sobretudo nestes tempos pandêmicos, que adoeceram e ceifaram tantos corpos”, avalia o autor.
Trata-se de um livro de poesias dividido em duas partes – A Euforia e O Corpo –, em que Anaximandro Amorim utiliza sua veia poética para construir versos inspirados nos estudos do filósofo francês Jean-Luc Nancy, discípulo do psicanalista Jacques Lacan. “Jean-Luc Nancy foi autor de dois livros, ‘Corpus’ e ‘Corpo Fora’, que tratam das questões das corporalidades, algo que dá mote à obra”, comenta Anaximandro.
Além do filósofo francês, ele recorre à fonte de Hilda Hilst, Carlos Drummond de Andrade e Sophia de Mello Breyner Andresen, entre outros autores, para elaborar a sua escrita. “Minha literatura é fortemente permeada por metalinguagem”, afirma.
Sons e formas
No prefácio da obra, a poeta Renata Bomfim chama a atenção para a habilidade de Anaximandro Amorim em explorar os sons e formas dos poemas, e de jogar com os sentidos das palavras, com o objetivo de alcançar efeitos lúdicos. É o que ocorre, por exemplo, no poema “A Pele”, em que brinca com as consoantes P e L.
Da mesma forma, faz parte do seu ofício de escritor proporcionar o prazer da leitura a quem aprecia as suas criações nos mais diversos gêneros literários – Anaximandro transita pelo romance, poesias, contos e crônicas, e até na autobiografia, com a desenvoltura de quem se iniciou nas letras desde a mais tenra idade, tendo lançado o primeiro livro com 15 anos.
“A euforia do corpo representa o trabalho de um escritor mais experiente, mais consciente de onde pretende chegar com sua produção literária. É o meu décimo livro, o que me faz pensar que já tenho toda uma caminhada nas letras. Sinto que é o meu trabalho mais amadurecido, em que intento uma entrega na máxima potência”, revela.
O momento fértil se reflete em sua estreia na Patuá, uma das principais editoras independentes do país, com sede em São Paulo, e vencedora três vezes do Prêmio Jabuti. “Ter um livro publicado pela Patuá era um desejo grande, visto ser uma editora de muita exigência literária, e que conta com grandes nomes em catálogo”, conclui.
PROGRAME-SE
Lançamento do livro “A Euforia do Corpo”
Autor: Anaximandro Amorim
Apresentação: 29 de setembro (quinta-feira)
Data: 29/09 (quinta-feira)
Preço do exemplar: R$ 35,00
Horários
19h – Venda do livro
19h30 – Palestra com o autor, com o título: “As corporalidades em ‘A euforia do corpo’, de Anaximandro Amorim”
20h30 – Autógrafos
Onde: Academia de Letras de Vila Velha, Rua Vinte e Três de Maio, 83, Prainha, Vila Velha. CEP. 29.100-100
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POEMA “A PELE”
Este poema integra o livro “A Euforia do Corpo”, de Anaximandro Amorim
Raso voo ao apelo
– a pele
Voo ao raso da pele
– o pelo
Ao pelo raso a pele
– eu voo
A pele eu voo
– apelo raso
Ao voo a pelo raso
– a pele.
Sobre Anaximandro Amorim
Nascido em Vitória (ES), em 1978, Anaximandro Amorim é advogado, professor e escritor. Talento precoce, ele publicou seu primeiro livro de poesias na adolescência e, desde então, vem trilhando uma profícua carreira nas letras. Em 2001, ingressou na Academia Jovem Espírito-Santense de Letras, considerada, institucionalmente, a primeira Academia Jovem de Letras do Brasil.
Entre outras instituições, faz parte da Academia Espírito-Santense de Letras (cadeira 40, patrono Antonio Ferreira Coelho), do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e da Academia de Letras de Vila Velha (cadeira 12, patrono José de Alencar).
Constam entre suas obras: “Brasil de Ontem, Hoje e Sempre” (poemas, 1994); “Asas de Cera” (infantojuvenil, 1995); “Concupiscência” (romance, 2003); “A história de um sobrevivente” (autobiografia, 2010); “O livro dos poemas” (poemas, 2013); “A vida depois da luz” (autobiografia, 2015); “O breviário do silêncio” (poemas, 2018); e “A obscuridade” (romance, 2018).
Seu mais novo livro, o 10º da carreira e o 4º de poesia, é “A Euforia do Corpo” (Editora Patuá).
Entre outras atividades de difusão da leitura, coordena, desde 2019, o Clube de Leitura Leia Capixabas, que trabalha com crônicas, contos, romances, poesias, infantojuvenis, biografias e dramaturgias, sempre com foco em escritores nascidos ou criados no Espírito Santo, cuja biografia e obra tenham alguma relação com as fronteiras geográficas do Estado.
Atualmente, é vice-presidente da Comissão Especial de Direitos Culturais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES).
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