O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, iniciou
a coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (23), atualizando os
dados da pandemia apontando a trágica estatística. O número de mortes
não é apenas o maior do ano de 2021. É considerado recorde porque
ultrapassa também o do pior dia da pandemia, pois superou o dia 22 de
junho de 2020, quando foram registradas 59 mortes em 24 horas. Fernandes repetiu o que é considerado o mantra
dos profissionais da saúde desde o início da pandemia: “Fiquem em casa!”
“Estamos
entrando em um momento crítico que nos obriga a adotar estratégias
duras. As pessoas precisam se sensibilizar com as perdas. Tivemos 72
mortes nas últimas 24 horas”, apelou o secretário.
o Laboratório Central (Lacen), sete variantes de coronavírus estão em
circulação no Espírito Santo, entre elas a B.1.1.7, descoberta no Reino
Unido.
“Existe a possibilidade grande de que a variante inglesa
esteja em maior circulação no nosso estado. Ela tem uma transmissão
maior que as outras. Quem até hoje negou a doença, precisa entender que é
real”, afirmou.
Com isso, o secretário de Saúde alertou,
sobretudo, para os riscos dessa variante britânica, que causa casos mais
graves em pessoas mais jovens.
“Foram irresponsáveis e indevidas
todas as festas realizadas pela juventude neste um ano. É o momento de a
juventude entender que é o momento de ficar em casa. Os jovens vão
morrer em uma proporção não vista em outros momentos da pandemia com a
circulação de outras variantes no país”, disse Nésio.
Particulares lotados
Segundo
o secretário, os hospitais particulares do Espírito Santo não estão
conseguindo absorver todos os pacientes que têm planos de saúde e
condições financeiras de pagar um leito.
“Estamos preparando uma
nova portaria para estabelecer o senso de leitos da rede privada. A
partir desta semana devemos ter a alimentação dos leitos da rede
privada. Em diversos hospitais públicos do estado, pacientes com plano
de saúde, inclusive turistas, estão internados sem conseguir remoção
para hospitais privados”, disse.
Espera
De acordo com o secretário, o Espírito Santo não colapsou com relação a leitos de UTI e abastecimento de oxigênio.
“São
poucos os casos de pacientes que aguardam mais de dois dias por um
leito de UTI. Isso acorre quando eles chegam à Unidade de Pronto
Atendimento e aguardarem o período de observação, que pode evoluir à
alta, pode continuar estável ou evoluir à situação crítica”, informou
Nésio. Apenas casos críticos devem ser transferidos para unidades de
tratamento intensivo.
Expectativa frustrada
O secretário
explicou que, na quarentena estabelecida em 2020, o estado teve uma
redução no número de internações por traumas, o que não aconteceu na
quarentena deste ano.
“Nós já esperávamos observar redução da
pressão assistencial por outras doenças, em especial traumas.
Infelizmente, não foi como no ano passado, quando, a partir do quarto
dia, nós já tínhamos uma redução muito radical do número de traumas e
outras doenças de urgência e emergência. Necessitamos incrementar a
disciplina à quarentena.”
Quatro semanas
A partir desta, o
prazo para que a situação da pandemia continue crítica, de acordo com o
secretário é de, no mínimo, quatro semanas. “Ainda teremos mais quatro
semanas muito intensas no que diz respeito a pessoas contaminadas
ocupando leitos no Espírito Santo”, estimou. “Não façam festas, não
façam reuniões de amigos. Não é o momento de reuniões domiciliares”.