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Haddad defende queda dos juros e chama a taxa atual de insustentável

04 nov 2025 - 16:30

Redação Em Dia ES - por Julieverson Figueredo, com informações de Folha de S. Paulo

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Ministro da Fazenda afirmou que votaria pela redução da taxa, atualmente em 15%, se fosse integrante do Copom. Declaração ocorre no mesmo dia em que comitê inicia reunião para definir os juros. Mercado prevê manutenção
Declaração ocorre no mesmo dia em que comitê inicia reunião para definir os juros. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu publicamente a redução da taxa de juros nesta terça-feira (4), afirmando que votaria pela queda da Selic, atualmente em 15%, se fosse membro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A declaração foi feita durante um evento em São Paulo, coincidindo com o início da reunião do Copom que definirá a nova taxa. A decisão do comitê será anunciada nesta quarta-feira (5), e a previsão de analistas, segundo o boletim Focus, é que os juros sejam mantidos.

“Eu não sou diretor do Banco Central. Se eu fosse, eu votava pela queda, porque não se sustenta 10% de juros reais”, afirmou o ministro.

De acordo com um levantamento realizado em setembro pela MoneYou e pela Lev Intelligence, abrangendo 40 países, o Brasil possui a segunda maior taxa de juro real do mundo, com 9,51%, ficando atrás apenas da Turquia (12,34%).

Posição do ministro
Haddad argumentou que, embora compreenda a preocupação do comitê com a inflação, o cenário atual permite uma redução da taxa básica de juros. “Eu tenho alergia de inflação. Eu sei o que a inflação provoca na vida das pessoas. Agora, tem razoabilidade, tem uma questão de razoabilidade. A dose do remédio, para se transformar em veneno, é muito pouca diferença entre uma coisa e outra”, comentou.

Para o ministro, a redução da Selic é “inevitável”, apesar da pressão contrária. “Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair, não tem como sustentar 10% de juro real”, disse.

Haddad também avaliou o cenário futuro da economia: “Acho que nós estamos numa condição em que nós podemos entrar bem em 2026, tranquilo, podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores. Nós podemos controlar a dívida pagando nenhum juro”.

Inflação e a cautela do Copom
A defesa de Haddad pela queda dos juros ocorre em um momento em que as projeções de inflação têm diminuído. Na última segunda-feira, economistas consultados pelo boletim Focus reduziram a estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano para 4,55%.

O valor está próximo do teto da meta de inflação, que é de 4,5%. A meta central é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Apesar da queda nas projeções do IPCA, a ata da última reunião do Copom, realizada em setembro, indicou uma postura de cautela. O documento destacou que o patamar de 15% deveria permanecer por um “período bastante prolongado” e que o comitê analisaria se essa política seria suficiente para levar a inflação à meta de 3%.

No âmbito doméstico, o colegiado do Banco Central identificou em setembro uma “moderação gradual” da atividade econômica, “certa diminuição” da inflação corrente e “alguma redução” nas expectativas dos agentes econômicos.

Cenário externo no radar
A ata de setembro também ressaltou que “persiste maior incerteza no cenário externo”, o que exige cautela do comitê. O Banco Central mencionou o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que realizou um corte de 0,25 ponto percentual, seguido por um segundo corte do mesmo nível na semana passada. A divulgação de dados da economia norte-americana, no entanto, foi afetada pela paralisação do governo local.

O Copom reconheceu que persistem dúvidas sobre o impacto das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre a inflação nos EUA. “De todo modo, os riscos de longo prazo, que inclusive contribuem para tornar o cenário incerto, como a introdução de tarifas e a elevação de gastos fiscais, se mantêm presentes”, afirmou o comitê no documento.

O Banco Central informou que manterá o foco nos reflexos do cenário externo sobre a inflação doméstica. Na reunião de setembro, o comitê mencionou a apreciação do câmbio, relacionada ao diferencial de juros e à depreciação da moeda norte-americana frente a diversas divisas.

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Atualizado: 04/11/2025 16:30

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