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Israel bloqueia ajuda humanitária para Gaza e prende ativistas, incluindo brasileiro

09 jun 2025 - 09:30

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Itamaraty exige libertação imediata de Thiago Ávila e dos outros 11 tripulantes da embarcação Madleen, interceptada em águas internacionais por forças navais de Israel
Israel bloqueia ajuda humanitária para Gaza e prende ativistas, incluindo brasileiro. Foto: AP/Salvatore Cavalli

A embarcação Madleen, que transportava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, foi interceptada por forças armadas de Israel neste domingo (8), em águas internacionais, a cerca de 160 quilômetros do território palestino. Entre os 12 tripulantes detidos está o brasileiro Thiago Ávila, integrante da missão internacional Flotilha da Liberdade. A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (9).

O governo brasileiro cobrou a libertação imediata dos ativistas e reafirmou o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais. “O Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, diz o comunicado do Itamaraty, que também condena as restrições impostas por Israel à entrada de suprimentos em Gaza e exige a remoção imediata dessas barreiras, conforme as obrigações legais do país como potência ocupante.

Prisão e isolamento dos ativistas
De acordo com informações da rede Al Jazeera e do jornal israelense Israel Hayom, os tripulantes do Madleen foram levados para a prisão de Givon, em Ramla, e estão mantidos em celas separadas, sob regras mais rígidas determinadas pelo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir. Os detidos estão proibidos de acessar rádios, televisores ou objetos com símbolos palestinos.

Antes da transferência, os ativistas foram levados à base militar em Ashdod, onde, segundo o Exército israelense, passaram por interrogatório. As autoridades também divulgaram imagens da abordagem e informaram que os detidos assistiriam a um vídeo sobre os ataques realizados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

Durante a operação naval, que ocorreu ainda em águas internacionais, ativistas denunciaram interferência na radiofrequência da embarcação e o lançamento de um líquido branco, possivelmente químico, por drones israelenses. A coordenadora da missão, Huwaida Arraf, classificou a ação como um sequestro. “Todas as pessoas a bordo foram raptadas […] enquanto navegavam pacífica e legalmente em águas internacionais”, afirmou.

Em publicação na rede social X (antigo Twitter), o brasileiro Thiago Ávila denunciou a abordagem. “Estamos sendo atacados. Está sendo cometido um crime de guerra”, escreveu.

Apoio diplomático e mobilização internacional
As embaixadas brasileiras na região estão mobilizadas para prestar assistência consular a Thiago Ávila, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, manifestou solidariedade ao ativista brasileiro e aos demais tripulantes.

“Manifestamos solidariedade aos ativistas a bordo, entre eles, o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg. Não se pode tolerar qualquer forma de violência contra defensores dos direitos humanos que, de maneira pacífica, buscavam levar ajuda ao povo palestino”, publicou em suas redes sociais.

A operação israelense teve ampla repercussão internacional. A relatora da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, manifestou apoio à Flotilha da Liberdade e encorajou novas tentativas de envio de ajuda humanitária. A Coalizão Internacional para Romper o Cerco a Gaza acusou Israel de crimes de guerra e anunciou planos para novas embarcações.

O governo espanhol convocou o representante diplomático de Israel para prestar esclarecimentos. O Irã classificou o episódio como “pirataria”, e a Turquia afirmou que Israel “mais uma vez age como um Estado terrorista”. A Anistia Internacional reforçou que, como potência ocupante, Israel tem obrigação legal de permitir o acesso de alimentos e medicamentos à população civil de Gaza.

Crise humanitária em Gaza e missão da flotilha
A embarcação Madleen zarpou da Itália no dia 1º de junho como parte de uma missão internacional para romper o bloqueio à Faixa de Gaza, vigente desde 2007. A bordo estavam ativistas de países como Brasil, Suécia, França, Alemanha, Turquia, Espanha e Holanda. A flotilha levava alimentos, remédios e outros itens básicos à população palestina, que enfrenta escassez severa de recursos, agravada pela escalada de violência desde outubro de 2023.

O bloqueio, imposto por Israel e Egito, tem sido alvo de críticas constantes por parte de entidades humanitárias, que alertam para o risco iminente de colapso total das condições de vida em Gaza.

Organizações palestinas reagiram imediatamente à interceptação. O Movimento Hamas qualificou a ação como “terrorismo de Estado organizado” e elogiou a coragem dos ativistas. Já o Movimento Mujahidim Palestino descreveu a operação como “ato de pirataria internacional” e exigiu a libertação da tripulação.

A organização israelense de direitos humanos Adalah cobrou das autoridades informações detalhadas sobre o paradeiro dos ativistas. O Exército de Israel afirma que todos estão ilesos, mas ainda não divulgou prazos ou procedimentos para a possível liberação dos detidos.

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Atualizado: 09/06/2025 09:59

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