A dengue não está dando trégua. Já são mais de 364 mil casos prováveis no Brasil, de acordo com dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, e 8 mil casos suspeitos registrados no Espírito Santo. Ao menos 40 mortes já foram confirmadas no País. O Espírito investiga cinco mortes pela doença.
Dor no corpo e de cabeça, febre, mal-estar e falta de apetite podem ser sintomas da dengue. Mas o que fazer em caso de suspeita da doença? Especialistas orientam a procurar avaliação médica e evitar a automedicação. Ao menos oito medicamentos não são indicados para casos de dengue, segundo médicos ouvidos pela reportagem.
“As medicações não indicadas são anti-inflamatórios comuns (diclofenaco, nimesulida, ibuprofeno, por exemplo), porque eles são processados pelo fígado, e o vírus da dengue costuma inflamar o fígado e causar sobrecarga”, explica a infectologista do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), Rubia Miossi.
Rubia lista ainda os medicamentos conhecidos como antiplaquetários, como a aspirina e o AAS, pela influência nas plaquetas e o paracetamol, que pode ser utilizado somente com orientação médica.
“Ele também é processado no fígado. O caso do paracetamol é uma particularidade. Somente com orientação médica ele pode ser usado, por exemplo, por quem tem alergia a dipirona, mas a dose precisa ser controlada, não deve ser usado por conta própria”.
A infectologista Ana Carolina D’Ettorres destaca que o vírus da dengue pode causar lesão direta a alguns órgãos, como o fígado (hepatite), o cérebro (encefalite), e nos vasos sanguíneos, causando uma vasodilatação.
“Isso provoca um extravasamento do líquido endovascular para os tecidos, o que pode provocar um colapso do sistema circulatório”.
A médica ressalta que não existem remédios antivirais específicos para dengue, e o tratamento é feito por medidas de suporte.
A hidratação, segundo o infectologista Manoel Rodrigues, é essencial no tratamento da dengue.
“O paciente deve fazer uso de sais de reidratação oral e pode também lançar mão de chás e outros líquidos caseiros, como sucos, água de coco, tomando cuidado apenas com alguns chás que podem afetar o fígado”, orienta.
Remédios proibidos
Ibuprofeno, o cetoprofeno, o ácido acetilsalicílico (aspirina e várias outras formulações), o naproxeno, o piroxicam, o diclofenaco, a nimesulida e a indometacina não são indicados para casos de dengue.
Risco
A própria dengue, segundo o infectologista Manoel Rodrigues, já aumenta o risco de hemorragias internas, e o uso de aspirina ou AAS pode aumentar a probabilidade de hemorragias pelo seu efeito anticoagulante.
Já os anti-inflamatórios elevam o risco de sangramento, pois causam irritação no estômago, além de poder haver uma sobrecarga do fígado, que já é afetado pelo vírus da dengue.
Tratamento da dengue
O tratamento, de acordo com a infectologista Rubia Miossi, é com medicação sintomática para a febre e a dor, e a hidratação do paciente é fundamental para evitar o choque e a morte.
Dengue grave
O quadro de dengue grave pode evoluir com sinais de choque. Não necessariamente hemorragias. A dengue grave acontece quando, pela resposta inflamatória do organismo descontrolada, ocorre perda da parte líquida do sangue para outros lugares fora dos vasos sanguíneos, como pulmões e barriga.
Casos da doença
Estado
Até a quarta semana epidemiológica, já foram notificados 8.534 casos de dengue no Estado. Cinco mortes pela doença são investigadas.
Brasil
No Brasil, dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, apontam mais de 364 mil casos prováveis da doença e 40 mortes.