O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (20) que não deseja “briga” com os Estados Unidos e destacou sua torcida por uma “gestão profícua” de Donald Trump, que assume hoje seu segundo mandato como presidente norte-americano. A declaração foi feita durante reunião com ministros do governo brasileiro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Lula enfatizou que o Brasil busca relações de paz e diplomacia com todas as nações. “Da nossa parte, não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia. Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante e não a desavença, a encrenca”, afirmou.
O presidente brasileiro mencionou preocupações globais sobre possíveis impactos da gestão de Trump na democracia internacional, mas reforçou a necessidade de cooperação. “Há pessoas que falam que a eleição do republicano pode causar problema na democracia mundial. Torcemos para que o Trump faça uma gestão profícua, para que o povo americano melhore”, declarou.
Trump toma posse em Washington
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos ocorre nesta segunda-feira (20). Por conta do frio intenso que atinge a capital americana, o evento foi transferido para um local fechado, e o tradicional desfile será realizado em uma arena esportiva.
Trump, que retorna à Casa Branca após vencer Joe Biden na última eleição, fez questão de que seu discurso de posse fosse realizado na Rotunda do Capitólio. O tom de sua fala pode indicar as prioridades de seu novo governo, que já gerou expectativas e controvérsias no cenário internacional.
Entre as polêmicas recentes, Trump surpreendeu ao sugerir a possibilidade de anexar territórios como o Canadá e assumir o controle da Groenlândia e do Canal do Panamá.
Representação brasileira na posse
O governo brasileiro será representado na cerimônia pela embaixadora Maria Luiza Viotti. Segundo interlocutores, a diplomacia brasileira busca um relacionamento pragmático com os EUA, mesmo diante das posturas protecionistas de Trump.
Membros do governo Lula apontam que não há impedimentos para uma relação respeitosa entre os dois países, destacando que Trump não atacou Lula pessoalmente.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Trump, foi convidado para o evento, mas está impedido de deixar o Brasil devido a investigações em curso. Seu passaporte foi retido por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Por outro lado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro lidera uma comitiva de parlamentares da oposição que estará presente na posse. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também viajou a Washington para acompanhar o evento.
Primeiras medidas de Trump
Logo após assumir o cargo, Trump deve assinar uma série de ordens executivas, com foco na agenda “America First” (América em primeiro lugar). As medidas incluem:
. Emergência na fronteira com o México: Ampliação da presença militar e aumento dos poderes das forças policiais.
. Fim da cidadania para filhos de imigrantes ilegais: Proposta controversa que enfrenta barreiras constitucionais.
. Criação de departamento para Elon Musk: Um novo órgão, apelidado de “Doge”, para otimizar recursos e reduzir gastos.
. Conclusão do muro na fronteira: Agilidade na construção do muro entre EUA e México.
Nas semanas seguintes, são esperadas ações para combater a imigração ilegal, conceder anistia a participantes da invasão ao Capitólio em 2021 e impor tarifas comerciais.
Polêmicas e reações
Grupos de direitos humanos denunciam operações de deportação em cidades como Chicago, Nova York e Miami, que devem começar nos próximos dias. Em Chicago, cerca de 200 agentes federais já foram destacados para a ação.
Enquanto isso, representantes do setor de criptomoedas celebraram a posse de Trump em um evento na noite de sexta-feira (17). Empresas como Crypto.com e Kraken destacaram expectativas positivas sobre a política econômica do novo governo.