A polícia do Espírito Santo desarticulou uma quadrilha suspeita de usar aplicativos de relacionamentos para seqüestrar e extorquir vítimas na Grande Vitória. Um casal, suspeito de integrar a organização foi presa nesta terça-feira (2). As vítimas eram atraídas para encontros românticos e acabavam em poder dos criminosos, que as agrediam com facas, arma de fogo e até ferro de passar.
Os encontros eram marcados em endereços de Serra e Vila Velha. As agressões começavam logo depois da chegada das vítimas nos locais marcados para o encontro. Os criminosos aterrorizavam as vítimas para conseguir transferências bancárias para as próprias contas da associação.
Segundo a Polícia Civil, após tirar dinheiro da pessoa seqüestrada, o bando entrava em contato com amigos e familiares e extorquiam mais dinheiro com a promessa de machucar ainda mais os sequestrados. Os crimes foram descobertos em um desses casos.
“A família de um sequestrado procurou a polícia porque a pessoa estava desaparecida e o sequestrador pediu dinheiro. Isso foi em 24 de novembro”, disse o delegado Alyson Pequeno, titular da Delegacia Especializada de Antissequestro.
“Eles já chegam machucados e com marcas, mas liberamos para realizar exames, pois a prioridade é que eles se cuidem. Até o momento são pouco mais de 20 vítimas, mas acreditamos ter mais e pedimos que compareçam para registrar denúncia. Aqui não tem julgamento”, relatou o delgado.
Com a forma de agir os criminosos conseguiam diferentes valores financeiros que começam em R$ 5 mil e vão até R$ 50 mil reais, conforme a polícia. Os alvos não tinham um perfil único, tendo variações de idade entre 30 a 60 anos e de classes sociais diferentes.
“Eles tinham máquina própria. A associação criminosa é bem apurada no que fazia, tinha uma certa especialização em lidar com essa dinâmica de transferência de dinheiro e levantando de conta”, explicou Pequeno.
Segundo as investigações, as vítimas só eram liberadas após todo o dinheiro ser transferido para o grupo e a família também realizar a transferência.
“O tempo dependia da quantidade financeira das vítimas e se a ela colaborava. Normalmente era de um a dois dias e diversificam o local, o que atrapalhou muito a investigação para identificar. Eram residências alugadas por aplicativos”, disse o delegado.
Dois foragidos
Além da dupla presa nesta semana, um terceiro já está no sistema carcerário desde o dia 19 de dezembro de 2023. Outros dois continuam sendo procurados.
“Eles imitam a mesma tática do pessoal de São Paulo e Rio de Janeiro. Não são da mesma organização, mas copiavam. Eles podem pegar mais de oito a quinze anos por cada crime, fora a corrupção de menor, pois um participou de uma das ações, e tortura”, explicou.