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ES lidera ranking nacional de mortes por álcool; população negra é a mais afetada, revela estudo

30 ago 2024 - 14:14

Redação Em Dia ES

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De acordo com psiquiatra e presidente do Cisa, desigualdade no acesso a tratamentos de saúde contribui para que a população negra seja mais vulnerável aos efeitos nocivos do álcool
Especialista diz que desigualdade racial histórica é um dos motivos. Foto: © Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um estudo divulgado nesta sexta-feira (30) pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) revela que o Espírito Santo ocupa a segunda posição no ranking nacional de mortes atribuíveis ao álcool, com uma taxa de 39,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2022.

A análise também destaca que a população negra é a mais impactada por essas mortes, refletindo desigualdades sociais e raciais históricas no Brasil.

O estudo intitulado “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024” indica que, entre a população negra, a taxa de mortes totalmente atribuíveis ao álcool foi de 10,4 por 100 mil habitantes, 30% superior à taxa entre brancos, que foi de 7,9 por 100 mil.

Entre as mulheres, a disparidade é ainda mais acentuada: as taxas de óbitos entre pretas e pardas são de 2,2 e 3,2, respectivamente, enquanto entre mulheres brancas, a taxa é de 1,4 por 100 mil.

De acordo com Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Cisa, a desigualdade no acesso a tratamentos de saúde contribui para que a população negra seja mais vulnerável aos efeitos nocivos do álcool.

“Pessoas pretas encontram-se em situação de maior vulnerabilidade social por diversos fatores, sobretudo o racismo e a pobreza, que dificultam o acesso a serviços de saúde de qualidade, fundamentais para tratar transtornos por uso de álcool”, explica.

A pandemia de COVID-19 interrompeu a tendência de queda nas mortes atribuíveis ao álcool no Brasil. Em 2022, a taxa nacional foi de 33 óbitos por 100 mil habitantes, um número ainda abaixo do registrado em 2010, mas que aponta para uma necessidade urgente de políticas públicas eficazes.

Dezesseis estados, incluindo o Espírito Santo, apresentam taxas superiores à média nacional, com destaque para o Paraná (42,0) e o Piauí (38,9).

O estudo também aborda a questão das recaídas entre aqueles que iniciam tratamento para o alcoolismo. Segundo o Cisa, embora não haja dados específicos sobre as taxas de recaída, o fenômeno é comum e deve ser encarado como parte do processo de recuperação. O apoio familiar e profissional é essencial nesses casos.

A metodologia da análise baseia-se em dados de indicadores populacionais sobre consumo de álcool e mortalidade, com fontes como IBGE, Datasus e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

A pesquisa sublinha a importância de serviços de saúde culturalmente sensíveis e a ampliação do acesso a tratamentos gratuitos de qualidade como medidas fundamentais para enfrentar as disparidades reveladas.

CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), fundado em 2004, é uma das principais referências no Brasil na conscientização, prevenção e redução do uso nocivo de bebidas alcoólicas, e sua atuação visa contribuir para a melhoria da saúde pública por meio da divulgação de pesquisas e dados científicos acessíveis à população.

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