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Para marcar o Mês Internacional da Mulher, os alunos do ensino médio integrado do campus de Linhares do Instituo Federal do Espírito Santo participaram uma gincana afim de arrecadar absorventes para distribuição em escolas públicas do munícipio.
Letícia Araújo Brandão, professora de História e coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Gênero e Sexualidade do IFES-Linhares, explica que a escolha do tema se deu principalmente devido a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo prefeito de Linhares, Bruno Marianelli (Republicanos), com pedido de tutela liminar para barrar a distribuição de absorventes nas escolas municipais, iniciativa prevista em um projeto de autoria do vereador Antônio Cesar (PV) já aprovado pela Câmara Municipal e cujo veto do Executivo foi derrubado. O argumento do prefeito é de que a iniciativa não é competência do legislativo.
“A distribuição gratuita de absorventes para as meninas garante uma igualdade de condições para que elas convivam com os meninos em ambiente escolar”, afirmou Letícia.
Com a largada dada no dia 8 de março, os estudantes se engajaram em questões de gêneros e no debate sobre a pobreza menstrual, resultando em mais de 77 mil unidades de absorventes arrecadados. Nesta semana, os alunos apresentaram seus trabalhos que foram orientados desde o início do ano pelos professores sobre a violência contra a mulher, o empoderamento feminino e sobre mulheres na ciência, além de outros temas abordados.
“Esse evento, mais do que discutir internamente a questão da pobreza menstrual, teve um alcance muito grande na cidade, porque os nossos alunos fizeram campanhas e pediram doações discutindo a questão da pobreza menstrual e do quanto a higiene básica é essencial para que as mulheres tenham a igualdade em relação aos homens para conviver num ambiente escolar. Ficamos de maneira geral muito felizes com o evento”, conclui a professora Letícia.
Impactos da pobreza menstrual
A ONU estima que 1 em cada 10 meninas falte a escola durante a menstruação, e no Brasil esse índice é ainda pior. Segundo uma pesquisa realizada pela marca de cuidados íntimos Always, no país uma em cada quatro mulheres já faltou à aula por não poder comprar absorventes. Quase metade destas (48%) tentaram esconder que o motivo foi a falta de absorventes e 45% acredita que não ir à aula por falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar.
Três em cada quatro afirmam que o período menstrual tem um impacto muito negativo na sua confiança pessoal. Para meninas que não tem acesso à absorventes, o impacto na confiança é ainda pior e cria um ciclo vicioso: ao faltar às aulas, elas ficam para trás nos trabalhos escolares, deixando de participar de atividades que ajudam a aumentar sua confiança e habilidades (35%, por exemplo, deixaram de praticar esportes e sentiram muita vergonha pela falta de produtos menstruais na escola).
Com as limitações financeiras, mulheres recorrem a alternativas, como papel higiênico, roupas velhas ou toalha de papel. Entre as mulheres de classes mais baixas, tecidos ganham ainda mais importância como substituto. Esses métodos alternativos não são seguros para a saúde da mulher. Itens de higiene durante a menstruação são uma questão de necessidade básica, mas uma parcela da população brasileira não compreende que absorventes trazem dignidade e previnem doenças.
