Os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realizam uma manifestação nesta quinta-feira (8), em repúdio ao não pagamento de bolsas e auxílios em dezembro devido aos cortes orçamentários realizados pelo governo Bolsonaro (PL). O protesto, deliberado em assembleia realizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) na manhã desta quarta-feira (7), será em frente ao Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras, em Vitória. Os estudantes informam ainda que farão um dia de paralisação, fechando os portões de todos os campi da universidade.
O anúncio do não pagamento das bolsas e auxílios foi feito nessa terça-feira (6) pelo reitor Paulo Vargas durante a reunião do Conselho Universitário (CUN). O bloqueio de R$ 1,7 bilhão no orçamento do Ministério da Educação (MEC) foi realizado em 28 de novembro. Atinge as Instituições Federais de Ensino Superior, com estimativa de que, desse total, R$ 244 milhões tenham sido retirados do conjunto das Universidades e Institutos Federais. Na Ufes, o montante bloqueado foi de R$ 4,9 milhões.
Entretanto, o governo Bolsonaro voltou atrás na decisão, mas isso não durou muito tempo, já que por meio do Decreto 11.269/2022 houve novo bloqueio, comprometendo, no caso da Ufes, cerca de R$ 6 milhões do orçamento. A presidente do DCE, Maria Isabel Cardoso, explica que isso atinge todas as formas de bolsa e auxílio dentro da universidade, como as de monitoria, pesquisa, pós-graduação, extensão e assistência estudantil. Somente nessa última, são 4,4 mil estudantes cadastrados no Programa de Assistência Estudantil, que recebem auxílios como os de moradia, transporte e material.
De acordo com Maria Isabel, com o bloqueio é comum encontrar estudantes chorando nos corredores da Ufes por não saber como irão pagar aluguel e outras despesas. A presidente do DCE relata que o pagamento das bolsas e auxílios chegou a ser empenhado, ou seja, os bancos receberam a ordem de pagamento para o quinto dia útil, mas não o dinheiro para efetivá-la.
A falta de recursos pode comprometer também o pagamento de contratos de serviços terceirizados, como os de manutenção e limpeza. Paulo Vargas afirma que a universidade atua no sentido de reverter o bloqueio. A Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), relata, se articula com ministérios para tentar sensibilizar o governo. O reitor participará de uma reunião da Andifes nesta quarta (7) e quinta-feira (8), em Brasília, na qual será discutida a situação das instituições de ensino.