A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a desacelerar no mês passado. O indicador de abril ficou em 0,61%, menor que o 0,71% registrado em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 12, pelo IBGE. Mesmo assim, ficou um pouco acima do esperado pelo mercado: a mediana das previsões feitas por analistas ao Projeções Broadcast era 0,55%.
Com o resultado de abril, a taxa acumulada no ano ficou em 2,72%. Em 12 meses, o resultado é de 4,18% – em março, estava em 4,65%. Com esses números, a inflação fica dentro dos parâmetros da meta perseguida pelo Banco Central para este ano, que é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo (ou seja, de 1,75% a 4,75%). As expectativas, porém, são de que a inflação volte a acelerar no segundo semestre, terminando o ano, segundo as expectativas dos analistas ouvidos pelo BC no boletim Focus, em 6,02%.
Apesar da desaceleração, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram alta no mês passado, com destaque para saúde e cuidados pessoais, que teve o maior impacto (0,19 ponto porcentual) e a maior variação (1,49%). “O resultado nesse grupo foi influenciado pela alta nos produtos farmacêuticos, justificada pela autorização do reajuste de até 5,60% no preços nos medicamentos, a partir de 31 de março”, explica o analista da pesquisa, André Almeida, destacando a contribuição de 0,12 ponto porcentual e a variação de 3,55%.
Já os preços nos planos de saúde, segundo o instituto, tiveram alta de 1,20%. “Houve incorporação das frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023?, disse o pesquisador, em nota. Já os itens de higiene pessoal apresentaram desaceleração de 0,76% em março para 0,56% em abril, influenciados, principalmente, pelos perfumes (-1,09%).
De acordo com o IBGE, outro grupo que contribuiu para o resultado (com 0,15 ponto porcentual) foi o de Alimentação e bebidas, com aceleração de 0,05% em março para 0,71% em abril. A principal colaboração foi da alimentação no domicílio, que havia apresentado deflação no mês anterior (-0,14%) e teve alta de 0,73% em abril. Impactaram os preços do tomate (10,64%), do leite longa vida (4,96%) e do queijo (1,97%). Entre os alimentos em queda, destaque para a cebola (-7,01%) e o óleo de soja (-4,44%).
Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,66%, acima da variação de março (0,60%). O lanche desacelerou de 1,09% para 0,93%, enquanto a refeição fez o caminho inverso, e saiu de 0,41% para 0,51%.
A inflação no grupo de Transportes desacelerou e teve alta de 0,56%, contribuindo com 0,12 ponto porcentual para o IPCA de abril. Em março, a variação havia sido de 2,11%. “Contribuíram para esse resultado a queda de 0,44% dos combustíveis, que haviam registrado alta de 7,01% em março”, justifica Almeida. Apenas o etanol (0,92%) subiu no mês enquanto óleo diesel (-2,25%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,52%) tiveram queda nos preços.