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Arroz, pão e carne podem ficar mais caros no ES devido a enchentes no Rio Grande do Sul

09 maio 2024 - 14:04

Redação Em Dia ES

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Tragédia climática pode trazer reflexos à economia capixaba, que depende de alimentos como batata, maçã, trigo e carnes procedentes do Estado gaúcho
Arroz, pão e carne podem ficar mais caros no ES devido a enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Getty Images

As chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril podem trazer impactos à economia do Espírito Santo, principalmente ao mercado varejista de alimentos. Com mais de 400 de suas 497 cidades afetadas por inundações, o Estado gaúcho acumula danos à produção agrícola e tem dificuldade para distribuir seus produtos.

Entre os alimentos vindos do Rio Grande Sul para o Espírito Santo estão arroz, soja, milho, carne bovina, frango, maçãs e batatas. Segundo a Central de Abastecimento do Estado (Ceasa-ES), os itens continuam chegando, mas, se houver uma menor quantidade de produtos oriundos de terras gaúchas, os preços poderão aumentar.

“Apesar do atraso na chegada de alguns produtos, os caminhões têm passado por rotas alternativas para chegar à Ceasa”, divulgou a Central de Abastecimento capixaba, por meio de nota.

De acordo com o economista Felipe Storch Damasceno, o Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção de arroz no Brasil. Na safra atual, 30% dos grãos ainda não haviam sido colhidos.

“Isso traz problemas para a produção nacional. Além da possível perda dessa colheita, há também a dificuldade de escoamento dos produtos. No caso do arroz, havia previsão de um decréscimo de 5% no preço, ainda neste ano. Porém, com o cenário atual, isso já está sendo invertido”, diz Damasceno, que também é doutor em Contabilidade e Administração.

Para sanar o problema da possível falta de arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi autorizada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a comprar um milhão de toneladas de arroz, importados de países da América do Sul.

Segundo Felipe Storch, é possível haver, também, um impacto em produtos derivados do trigo. “Logo, produtos como pão, macarrão e outros que dependam do grão podem ser afetados”, salienta o economista.

Leite e derivados
De acordo com o especialista, com as inundações no Rio Grande do Sul, grandes empresas de transporte, energia e logística paralisaram suas operações, o que também traz reflexos aos preços das prateleiras. Já no caso de produtos derivados do leite, preocupação em outras regiões do Brasil, Felipe explica que o Espírito Santo não depende do envio do Sul.

“Nossos lacticínios costumam ser capixabas e mineiros. Minas Gerais é muito forte em pecuária de leite e acredito ser capaz de suprir a necessidade de oferta que tenhamos. É possível que tenhamos um impacto de preço, mas falta de produtos é um cenário mais improvável”, conclui o economista.

Segundo a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), ainda não há falta de produtos, já que os estabelecimentos capixabas possuem estoques para reposição. Ainda assim, o órgão não descarta impactos.

“A enchente no Rio Grande do Sul trará impactos não somente para o Espírito Santo, mas para muitos outros Estados, devido às dificuldades logísticas pontuais relacionadas a produtos como aves e suínos, que dependem em boa parte da soja e do milho do Rio Grande do Sul”, divulgou a Acaps, por meio de nota enviada à reportagem.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, dez unidades produtoras de carne de aves e de suínos estão paralisadas ou com dificuldades para operar. De acordo com o portal UOL, a associação relata a impossibilidade de processar insumos e de transportar funcionários em meio às inundações.

Possíveis cortes de investimentos públicos nos Estados
O economia Eduardo Araújo observa que o Rio Grande do Sul tem um montante significativo de endividamento com o governo federal. Em decorrência do desastre, o Estado gaúcho e a União podem negociar algum tipo de perdão ou abatimento da dívida pública.

“Isso pode repercutir, de forma indireta, nas finanças públicas do país. Além de o governo federal ter que fazer os investimentos na reconstrução do Rio Grande do Sul, esse aspecto, de que a União possa oferecer algum perdão de dívida, gera um custo que pode, eventualmente, ser repassado aos outros Estados”, analisa Eduardo.

Ainda segundo o economista, isso leva a uma tendência de aumento de impostos e escassez de recursos federais para fazer investimentos em outros Estados, incluindo o Espírito Santo.

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Atualizado 09 maio 2024 - 13:09

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