Materiais serão disponibilizados no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Ferramenta poderá auxiliar as investigações em casos de desaparecimento de pessoas ou encontro de cadáveres
Os parentes de pessoas desaparecidas no Espírito Santo passarão a ter o material genético coletado pela Polícia Civil. O objetivo é que essas informações auxiliem a localizar as vítimas em casos de desaparecimentos e também de encontro de cadáveres.
Os dados coletados serão colocados no Banco Nacional de Perfis Genéticos, onde são armazenados os materiais genéticos coletados em todos os estados brasileiros. Essas informações podem ser acessadas e compartilhadas pelos laboratórios de DNA, ampliando as possibilidades de localização.
O banco nacional é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). No Espírito Santo, o trabalho será desenvolvido pelo Laboratório de DNA Forense, que faz parte da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC). Também estarão envolvidos nesse trabalho a Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD) e o Departamento Médico Legal (DML).
“Quando ocorre a notificação do desaparecimento de uma pessoa, ou quando um cadáver é encontrado, podem ser utilizadas ferramentas para auxiliar no processo de investigação e identificação. Entre estas, estão o exame de DNA e os bancos de perfis genéticos. Esses recursos possibilitam a comparação de restos mortais não identificados ou de pessoas de identidade desconhecida com amostras-referência de familiares de pessoas desaparecidas”, divulgou a Polícia Civil.
De acordo com a instituição, até abril de 2021, o Espírito Santo registrou o desaparecimento de 138 pessoas. Desse total, 100 foram encontradas, sendo que seis estavam mortas.
Já em 2020, o número de desaparecidos chegou a 442 no estado, enquanto 499 pessoas foram localizados (incluindo desaparecidos em anos anteriores). Desse total, 31 estavam mortos.
Como funcionará o cadastro
No Espírito Santo, o cadastro poderá ser feito por pessoas que tenham um familiar desaparecido há mais de 30 dias e que tenham registrado boletim de ocorrência comunicando o desaparecimento à Polícia Civil.
O agendamento deve ser feito pelo WhatsApp do Departamento Médico Legal, no número (27) 3225-8260. No momento do contato, o familiar será informado sobre a data, horário e o local da coleta da amostra.
Essa coleta não causa dor. O material genético é retirado por meio de um esfregaço na mucosa da bochecha. O perfil genético obtido não será utilizado para nenhum outro fim, além da identificação do parente desaparecido.
A amostra deve ser coletada de familiares de primeiro grau do desaparecido (de preferência mãe, pai, irmão ou filho) e a família também pode entregar objetos de uso pessoal, que possam conter amostras de DNA da pessoa a ser procurada. Pode ser uma escova de dentes, uma aliança, um aparelho de barbear ou até mesmo um dente que tenha sido guardado.
O material será processado no Laboratório de DNA Forense e as informações serão inseridas no Banco de Perfis Genéticos do Espírito Santo, que faz parte da Rede Integrada.
O resultado da busca será informado à DEPD e ao DML. Se a busca resultar em possível parentesco com dados de uma pessoa viva, a família será comunicada sobre a localização da pessoa. Se houver resultado positivo para alguém falecido, o DML fará contato com a família, para realizar os procedimentos legais.
Atualmente, o Banco de Perfis Genéticos do Espírito Santo possui 16 famílias cadastradas e 170 amostras de restos mortais não identificados. Em todo o Brasil, os bancos de perfis genéticos têm mais de 2600 famílias e 3200 perfis genéticos de restos mortais registrados.