O Espírito Santo registra um aumento na cobertura vacinal contra a poliomielite, alcançando 93,65% em 2024, índice próximo da meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde. Neste Dia Mundial de Combate à Poliomielite, lembrado nesta sexta-feira (24), profissionais de saúde comemoram o avanço, mas alertam para os riscos da “falsa sensação de segurança”. No Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (HIMABA), em Vila Velha, o médico pediatra e coordenador assistencial da unidade, Renan Barreto, reforça a importância da imunização para manter o vírus erradicado.
Segundo dados do sistema Vacina e Confia, da Secretaria da Saúde (Sesa), a cobertura vacinal do esquema primário contra a poliomielite em crianças no estado apresentou um crescimento significativo nos últimos anos, passando de 77,93% em 2021 para os 93,65% registrados em 2024. O último caso de infecção pelo poliovírus no Espírito Santo ocorreu em 1987, e no Brasil, em 1989.
O pediatra Renan Barreto alerta, no entanto, que a ausência da doença pode gerar uma “falsa sensação de segurança” entre pais e responsáveis. Ele pontua que a rotina corrida muitas vezes faz com que as famílias deixem “de lado esse dever invisível de manter a vacinação em dia”.
“É como se a doença tivesse deixado de existir. No entanto, é justamente o contrário, pois o vírus não circula porque as pessoas estão vacinadas. Se deixarmos de vacinar, ele pode voltar a circular”, lembrou Barreto.
O médico explica que a vacinação funciona como um “treinamento para o organismo”, permitindo que o sistema imunológico aprenda a reconhecer e combater o patógeno. “A cada nova dose, aumenta-se o potencial de cobertura vacinal e, consequentemente, a proteção coletiva”, disse Barreto.
Atualização do protocolo e o fim da “gotinha”
No último ano, o protocolo de imunização contra a poliomielite foi atualizado. O esquema passou a utilizar a vacina inativada poliomielite (VIP), administrada por injeção, em substituição à tradicional “gotinha” (vacina oral poliomielite – VOP).
De acordo com Renan Barreto, a mudança traz um método considerado mais seguro e eficaz. A VIP é produzida com o vírus inativado, ou seja, morto, o que, segundo o médico, reduz a possibilidade de ocorrência de eventos adversos em comparação à vacina oral.
Apesar dos avanços e da segurança dos imunizantes, o pediatra do Himaba aponta que a desinformação ainda é um desafio.
“Mesmo após quase seis anos do início da pandemia, ainda há famílias que optam por não vacinar seus filhos, apesar de todas as evidências científicas comprovando a segurança e eficácia das vacinas. Esse comportamento, muitas vezes influenciado por informações falsas, leva à recusa vacinal e à redução da proteção da comunidade”, disse o profissional.
Campanha de Multivacinação vai até 31 de outubro
Para incentivar a atualização dos cartões de vacina, a Secretaria da Saúde (Sesa) realiza, até o dia 31 de outubro, a Campanha de Multivacinação. A ação é voltada para crianças e adolescentes menores de 15 anos que ainda não receberam todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação ou que possuem esquemas incompletos. A vacina contra a poliomielite é um dos imunizantes ofertados durante a campanha.
Renan Barreto reforçou o convite para que as famílias aproveitem a oportunidade para atualizar o calendário vacinal. Para ele, as campanhas são movimentos sociais de grande importância para a imunização e a proteção coletiva.
“Para manter o atual status sanitário do Brasil, é essencial que a população continue sendo vacinada. Doenças preveníveis, como o sarampo e a poliomielite, podem ser evitadas com vacinas disponíveis pelo SUS”, recomendou Barreto.

















