As plantas de café podem ser afetadas por diversas doenças que têm um impacto significativo na produção e na economia dos produtores, entre essas doenças vale destacar a Ferrugem do cafeeiro que é causada pelo fungo Hemileia vastatrix e é uma das doenças mais prejudiciais ao café.
A doença afeta as folhas, causando manchas e intensa desfolha enfraquecendo a planta, o que pode levar a perdas significativas na produção comprometendo não somente a safra atual, mas também a seguinte.
O que é ferrugem no café?
A ferrugem é um fungo da espécie Hemileia vastatrix que ataca o cafeeiro. É a doença mais importante em termos de necessidade de controle e se caracteriza pelo aparecimento de pústulas com esporos de coloração amarelo escura a marrom na superfície das folhas, a partir da emergência até o estádio de maturação, provocando desfolha.
Conforme as folhas caem a planta diminui a taxa fotossintética, perde a capacidade de produzir carboidrato e consequentemente de auxiliar no crescimento do cafeeiro. Os esporos da ferrugem são espalhados pelo vento, germinam e penetram nas folhas.
De início, não é possível perceber nenhuma alteração aparente na planta, o que vai ocorrer algum tempo após a infestação, quando o fungo se reproduzir e esporular. Nesse momento, as manchas começam a surgir e a doença já causou danos à plantação.
A Hemileia vastatrix é um fungo biotrófico que sobrevive somente no cafeeiro; ou seja, precisa se reproduzir na plantação.
Sintomas da ferrugem no cafeeiro
Ao ser atacada pela ferrugem, a planta apresenta:
– Manchas cloróticas, possíveis de serem vistas com as folhas colocadas contra a luz;
– Manchas na face inferior da folha de coloração amarelo-alaranjada;
– Aparecimento de massa pulverulenta de uredosporos sobre a mancha;
– Necrose de partes do tecido foliar.
– Folha de cafeeiro com ferrugem
Condições favoráveis para o desenvolvimento da ferrugem
As condições climáticas para o desenvolvimento da ferrugem são alta umidade e calor e a incidência é maior entre novembro e dezembro. A partir de janeiro, começam a surgir as manchas cloróticas, pois é o período mais chuvoso.
Lavouras adensadas também apresentam maiores sintomas de ferrugem, pois têm microclima propício ao desenvolvimento do fungo. Além disso, a carga de frutos por plantas também influencia na incidência da ferrugem: quanto mais as plantas produzem, mais suscetíveis ficam à doença.
Danos da ferrugem no cafeeiro
A ferrugem do cafeeiro causa os seguintes danos:
– Desfolha acarretando em prejuízos já naquela safra;
– Redução da produção;
– Prejuízos para a próxima safra do cafeeiro.
Monitoramento da ferrugem no cafeeiro
O monitoramento correto deve:
– Dividir as lavouras em talhões uniformes;
– Caminhar nas linhas aleatoriamente;
– Coletar de cinco a dez folhas por planta no terceiro ou quarto par;
– Localizadas no terço médio da planta;
– Coletar cerca de 100 a 300 folhas por talhão.
Também é importante realizar o cálculo de incidência. Assim:
Incidência = N° de folhas com ferrugem DIVIDIDO N° total de folhas x 100
NÍVEL DE CONTROLE = 5% de incidência
Controle da ferrugem
O manejo de controle contra a ferrugem deve ser preventivo, feito por meio da aplicação de fungicidas cúpricos a base de cobre, moléculas de triazol e estrobilurina, nos meses de novembro até março a abril, dependendo das condições de chuva do ano.
Pensando num método mais prático de controle, no geral, sem as condições climáticas que vão influenciar no manejo, fazemos:
Novembro: Aplicação do fungicida cúprico;
Dezembro: Aplicação Triazol + Estrobilurina;
Janeiro: Aplicação Triazol + Estrobilurina.
Dependendo das condições externas, repetimos em fevereiro e nos meses seguintes a aplicação de Triazol + Estrobilurina.
Caso a lavoura já esteja contaminada, o ideal é entrar com um fungicida rapidamente – alguns desses fungicidas de controle – de preferência o triazol, que é mais rápido, para evitar maiores danos. Geralmente, os mais utilizados são os que controlam a ferrugem por mais tempo; aqueles que têm um período residual maior.
É muito importante conhecer esse período residual do fungicida para saber quantas aplicações devem ser feitas – em alguns casos, duas aplicações serão suficientes para controlar a ferrugem, em outros não, vamos precisar fazer quatro ou mais pulverizações, dependendo da incidência, condições climáticas favoráveis e do fungicida.
Principais erros no controle da ferrugem
Os erros mais comuns no controle da ferrugem normalmente estão relacionados ao prazo de prevenção. Desse modo, é necessário que o produtor esteja atento à incidência da doença, percebendo se está havendo aumento da infestação para conseguir agir com o fungicida.
Outro problema recorrente em fazendas são tratores, implementos mal regulados, pontas de pulverização não aptas à pulverização, manejo – não misturar os produtos corretamente na calda, não colocar na ordem certa no tanque etc.
Nas lavouras de café trabalha-se com o turbo atomizador, ligado com bastante pressão para o vento direcionar as gotas de fungicida no pé de café. Normalmente a ferrugem se instala onde é mais úmido, nas folhas mais velhas. Então, temos que fazer com que essas gotas cheguem no meio da planta, onde a incidência da doença é maior.
No caso dessas aplicações em ambientes de fazenda, as chuvas também são problema, pois ao invés de aplicar o fungicida no período de seca, de carência de chuvas, o produtor faz o contrário.
O fungicida precisa de no mínimo 4h a 6h para penetrar bem na planta. Após esse período pode chover que não há problemas. Mas, se a pulverização for feita às 14h, por exemplo, e chover às 16h, teremos perda com a aplicação do fungicida, que não será absorvido totalmente pela planta, sendo lavado parcialmente.
Assim, mantenha em mente que o controle preventivo é a chave para evitar grandes perdas causadas por essa doença.
Além da ferrugem, é preciso ficar de olho nas outras doenças que podem acometer o cafeeiro, como a Cercosporiose e a Mancha Aureolada. Também é necessário o monitoramento rigoroso das pragas que afetam o cafeeiro e podem causar defeitos nos grãos.
Por Rehagro