Em Dia ES Entrevista

15 de janeiro de 2025
Share

Em Dia ES Entrevista: Secretário de Saúde alerta para aumento de casos de arboviroses no ES

Em entrevista ao Em Dia ES, o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, abordou a situação das arboviroses no Espírito Santo, com destaque para a febre do Oropouche e o aumento de casos de dengue no início de 2025. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indicam um crescimento de 33% nos casos prováveis de dengue nas primeiras semanas do ano, em comparação ao mesmo período de 2024, e 6.197 casos confirmados de febre do Oropouche até 12 de janeiro deste ano.

O Espírito Santo foi um dos primeiros estados fora da região amazônica a registrar a circulação do vírus Oropouche, identificado em abril de 2024 pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES). Hoffmann ressaltou que a resposta ao avanço das arboviroses exige esforços integrados de vigilância, diagnóstico e conscientização. “Trata-se de uma missão constante que exige planejamento, campanhas de conscientização, manejo ambiental, suporte diagnóstico eficiente e uma rede de atenção à saúde preparada para responder aos casos de forma ágil e eficaz”, destacou.

A febre do Oropouche apresenta sintomas semelhantes aos de outras arboviroses, como febre súbita, cefaleia, mialgia, artralgia, tontura e náuseas. “Ao sinal de sintomas, é fundamental procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima”, afirmou Hoffmann. Ele enfatizou a importância de ampliar a vigilância epidemiológica e realizar testagens eficientes para identificar a doença, considerando seu potencial para surtos significativos. Embora ainda não existam inseticidas específicos para combater o vetor do Oropouche, a Sesa tem intensificado campanhas de educação em saúde e ações de controle ambiental para evitar a proliferação do mosquito.

Segundo o secretário, em colaboração com o Ministério da Saúde, o Espírito Santo tem implementado medidas contra as arboviroses que incluem capacitações e oficinas técnicas, monitoramento e controle vetorial e campanhas de conscientização. Além disso, Hoffmann destaca que Estado trabalha para aumentar a cobertura vacinal contra a dengue entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. “Esforços estão sendo feitos para ampliar a cobertura vacinal em 2025, até gradativamente alcançar a meta de 90% de cobertura vacinal com a disponibilização de maior quantitativo de vacinas pelo Ministério da Saúde”, disse.

De acordo com Hoffmann, “Estamos atentos e temos adotado medidas alinhadas às diretrizes nacionais e implementando ações específicas no estado, como a criação do Centro Integrado de Comando e Controle de Arboviroses para coordenar e monitorar as ações de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, incluindo a dengue. Este centro atua na articulação entre diferentes órgãos e municípios, garantindo uma resposta rápida e eficaz aos surtos”.

O secretário reforçou a necessidade de mobilização coletiva no combate às arboviroses. “Eliminem os criadouros dos mosquitos. Juntos, podemos reduzir o impacto dessas doenças e proteger a saúde de nossas comunidades”, declarou Hoffmann.

 


Confira a entrevista com o secretário na íntegra!
Em Dia ES Entrevista: Tyago Hoffmann, Secretário de Estado da Saúde


 

1. Qual é a atual situação das arboviroses no Espírito Santo, especialmente em relação à febre do Oropouche?
Secretário Tyago Hoffmann: As arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, e agora a Febre do Oropouche, representam um dos maiores desafios enfrentados por gestores de saúde pública em todo o país e não é diferente no Espírito Santo.

Essas doenças, transmitidas por mosquitos, principalmente pelo Aedes aegypti, demandam esforços contínuos que vão muito além do enfrentamento sazonal. Trata-se de uma missão constante que exige planejamento, campanhas de conscientização, manejo ambiental, suporte diagnóstico eficiente e uma rede de atenção à saúde preparada para responder aos casos de forma ágil e eficaz. O Espírito Santo registrou 163 mil casos prováveis de dengue em 2024. Em 2025, foram notificados 9 mil casos prováveis (Confirmados + em investigação) até o dia 13 de janeiro.

O Estado vive aumento de casos de dengue nas 2 primeiras semanas epidemiológicas (SE) do ano (em janeiro) de 33% em relação a mesmas semanas do ano passado. Obteve, ainda, aumento de 73% dos casos confirmados, tendo redução dos casos graves. No ES circulam os sorotipos 1 e 2 da dengue, não sendo identificado o tipo 3.

Sobre a Febre do Oropouche, até 12 de janeiro tem-se acumulados o total de 6.197 casos confirmados. Há um óbito confirmado de paciente adulto, sexo feminino do município de Fundão e três óbitos em investigação. Vale destacar que o Espírito Santo foi um dos primeiros estados fora da região amazônica a registrar a circulação do vírus em território, ainda em abril do ano passado, por meio de análises realizadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES). Esta ampliação da detecção foi seguida por demais estados onde não são áreas endêmicas. Por meio da metodologia de Biologia Molecular, o Lacen/ES passou a analisar todas as amostras suspeitas de arboviroses negativas para dengue, Zika e chikungunya. Damos total transparência aos dados das arboviroses com boletins estaduais, que podem ser conferidos no site mosquito.es.gov.br

2. O que diferencia a febre do Oropouche das demais arboviroses em termos de sintomas, riscos e impacto na saúde pública?
Secretário Tyago Hoffmann: As manifestações clínicas da Febre do Oropouche são parecidas com o quadro clínico de outras arboviroses, como dengue, chikungunya e Zika, embora os aspectos eco epidemiológicos dessas arboviroses sejam distintos. Os casos agudos de Oropouche evoluem com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Ao sinal de sintomas, a pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima.

A febre do Oropouche destaca-se como uma arbovirose de risco emergente, com potencial para surtos significativos. É muito importante a testagem para a doença, que nosso Laboratório Central (Lacen) está muito dedicado, para que o melhor tratamento seja aplicado aos pacientes, reduzindo riscos de complicações. Temos o desafio também de investir na ampliação da vigilância epidemiológica, nas campanhas de educação em saúde e no controle do vetor para prevenir a disseminação dessa arboviroses, pois não há inseticida disponível para ser usado nos locais onde o inseto se reproduz.

3. Quais ações práticas estão sendo planejadas pela Secretaria de Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, para conter o avanço das arboviroses?
Secretário Tyago Hoffmann: A equipe da Vigilância em Saúde da Sesa tem orientado os municípios sobre o enfrentamento da arboviroses incluindo a Febre do Oropouche no estado, com a elaboração de protocolos clínicos destinados aos profissionais de saúde, Notas técnicas, realização de capacitações e oficinas técnicas como o Colóquio sobre Emergência de Oropouche na Região extra-Amazônica, em dezembro passado, que reuniu técnicos do País no tema.

Uma das principais recomendações, em especial neste momento com a chegada do verão, período que caracteriza o aumento da infestação do maruim, é evitar as áreas onde há infestação, principalmente para as gestantes, uma vez que a Sesa já identificou a transmissão vertical do Oropouche, além do caso de má-formação congênita em um recém-nascido.

Apesar da vacinação, neste momento, ainda não ser a principal ferramenta para controlar a dengue, o imunizante tem um papel importante na prevenção do adoecimento grave, internação e óbito do público-alvo, que são as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue após os idosos (a vacina não foi autorizada pela Anvisa para pessoas acima de 60 anos).

4. Quais são as metas de curto e longo prazo da Secretaria de Saúde no enfrentamento às arboviroses?
Secretário Tyago Hoffmann: Estamos atentos e temos adotado medidas alinhadas às diretrizes nacionais e implementando ações específicas no estado, como a criação do Centro Integrado de Comando e Controle de Arboviroses para coordenar e monitorar as ações de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, incluindo a dengue. Este centro atua na articulação entre diferentes órgãos e municípios, garantindo uma resposta rápida e eficaz aos surtos.

Temos realizado campanhas educativas em veículos de comunicação de massa, como TV e rádio. No final de dezembro soltamos a campanha publicitária de alcance estadual incentivando a população a combater a incidência das arboviroses eliminando criadouros do mosquito e para adotar medidas preventivas. Contamos ainda com mutirões realizados pelos municípios.

Continuamos trabalhando conjuntamente com os municípios, levando informação para que os pais e responsáveis levem suas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos para a vacinação contra a dengue. Até novembro de 2024, foram vacinadas 109.377 crianças e adolescentes com a primeira dose (D1), com uma cobertura vacinal de 44,34%. Já com relação à segunda dose foram vacinadas 41.250 com uma cobertura de 16,72%. Esforços estão sendo feitos para ampliar essa cobertura em 2025, até gradativamente alcançar a meta de 90% de cobertura vacinal com a disponibilização de maior quantitativo de vacinas pelo Ministério da Saúde.

Apelamos a população que vacine crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue. Até novembro de 2024, a cobertura vacinal com a primeira dose (D1) estava em 38,70% e com a segunda dose (D2) em 13,11%. Esforços estão sendo feitos para ampliar essa cobertura em 2025, visando reduzir a incidência.

Como suporte aos municípios a equipe da Atenção Primaria tem encaminhado uma planilha semanal com a identificação das gestantes e seu respectivo território, com objetivo de que essa gestante não se ausente das consultas prevista e dos exames solicitados e possa ser monitorada e cuidada em tempo oportuno, bem outras questões como monitoramento dos sintomas através da busca ativa das gestantes e familiares pelos ACS, elaboração de fluxograma de atendimento das gestantes desde o pré-natal até o momento do parto e da sua alta hospitalar, criação de um grupo condutor da Rede Materno Infantil com a participação de profissionais da Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Obstetrícia etc.

5. Como a Secretaria de Saúde está articulando esforços com os municípios do Estado no enfrentamento às arboviroses?
Secretário Tyago Hoffmann: Reconhecemos que o combate às arboviroses é uma luta que não pode ser vencida por esforços isolados. Contamos com o apoio do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS), que desempenha um papel estratégico no enfrentamento das arboviroses, sendo uma entidade que articula e representa os municípios no fortalecimento da saúde pública. Sua atuação é essencial para garantir a implementação de ações coordenadas e efetivas no combate às doenças.

Queremos mobilizar todas as esferas de governo, municípios, agentes comunitários de saúde e, principalmente, cada cidadão, para que juntos possamos reduzir o impacto dessas doenças e proteger a saúde de nossas comunidades. As arboviroses são um desafio constante, mas também uma oportunidade de demonstrar a força do trabalho coletivo e da determinação em superar adversidades em prol de uma saúde pública mais forte e resiliente.

O Governo do Estado está focado na capacitação dos profissionais de saúde, especialmente médicos e enfermeiros, devido à importância do manejo clínico adequado. Até o final de fevereiro, vamos capacitar 1.798 agentes de endemias e aproximadamente 5.031 agentes comunitários de saúde, com ênfase no combate ao Oropouche e à dengue.

Estamos fortalecendo as ações de vacinação com a incorporação de tecnologias como o envio de mensagem de texto (SMS) de alerta aos pais e responsáveis de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que ainda não receberam a primeira dose ou ainda não retornaram para receber a segunda dose da vacina dengue após os 90 dias de intervalo da primeira; estabelecendo parceria com o Programa Saúde na Escola para levar informação sobre a importância da vacinação e capacitando e incentivando os municípios a adotarem a metodologia do microplanejamento, que parte do reconhecimento da realidade local, considerando as características sociodemográficas, econômicas e sociais, bem como as necessidades dos municípios e das suas menores divisões, como a área de abrangência de uma equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e da Unidade Básica de Saúde (UBS), fortalecendo a descentralização e a territorialização para planejamento das estratégias de vacinação.

6. Como o Espírito Santo se prepara para lidar com o aumento previsto de casos de dengue em 2025?
Secretário Tyago Hoffmann: É muito importante o controle da proliferação do mosquito. E para isso, temos atuado em colaboração com o Ministério da Saúde (MS), com equipes no campo realizando ações de controle do vetor e investigações epidemiológicas, além de fornecer orientações aos profissionais de saúde. Entre as principais ações em andamento, podemos destacar:
• Instalação de Armadilhas Ovitrampas: Mais de 4.000 armadilhas foram instaladas em 15 municípios, estamos com processo de aquisição de mais 50.000 unidades para distribuição os 78 municípios do Estado.
• Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI): Ação realizada em áreas de grande circulação e em prédios públicos, como escolas, visando o controle do vetor transmissor do vírus da dengue.
• Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa): Apoio aos municípios na realização dessa importante ferramenta de monitoramento.
• Tecnologias de Controle Vetorial: Em diálogo com a Secretária Nacional, Srª Ethel, discutiu-se a implementação de novas tecnologias de controle vetorial, como o uso da Wolbachia, uma bactéria que infecta o mosquito Aedes aegypti e o torna estéril. Contudo, algumas dessas tecnologias ainda não estão disponíveis em escala operacional para todos os estados e municípios, entre outras ações.

7. Há previsão de novas tecnologias ou métodos de controle de vetores, como o uso de mosquitos estéreis ou infectados por Wolbachia?
Secretário Tyago Hoffmann: A Nota Técnica do Ministério da Saúde (37/2023/CGARB/MS) apresenta orientações para implementação de novas tecnologias de controle vetorial, wolbachia – mosquitos estéreis. Entretanto algumas dessas tecnologias ainda não possuem escala operacional para serem disponibilizadas para todos os estados e municípios.

No Espírito Santo, a nossa Vigilância em Saúde optou por disponibilizar inicialmente para 15 municípios piloto inicialmente, o monitoramento por ovitrampas e a borrifação residual em prédios públicos e locais de grande circulação de pessoas – Estratégia BRI. Estamos em tratativas com outros sete municípios para a ampliação da estratégia ovitrampa/BRI e considerando a situação epidemiológica atual, em comum acordo com o MS, iremos disponibilizar imediatamente a estratégia BRI para os 78 municípios do estado. Reforço o apelo a toda a população que faça sua parte no controle dos vetores que transmitem doenças, eliminando os criadouros – a água parada, as matérias orgânicas que ficam nos quintais. Juntos, podemos reduzir o impacto dessas doenças e proteger a saúde de nossas comunidades. Repito, as arboviroses são um desafio constante, mas também uma oportunidade de demonstrar a força do trabalho coletivo e da determinação em superar adversidades em prol de uma saúde pública mais forte e resiliente.

Graduando em Estudos de Mídia pela UFF. Editor, Colunista e Social Media no Em Dia ES

mais artigos

jan 2025
28
jan 2025
05
jan 2025
02
dez 2024
20
dez 2024
19
dez 2024
07
dez 2024
05
nov 2024
01
out 2024
25
out 2024
21
out 2024
19
out 2024
18
out 2024
17
out 2024
16
out 2024
15
set 2024
18
jun 2024
04
abr 2024
25
As informações/opiniões aqui expressas são de cunho pessoal do autor e que não necessariamente representam os posicionamentos do site EMDIAES

Comunicar erro

* Não é necessário adicionar o link da matéria, será enviado automaticamente.

A equipe do site EmDiaES agradece sua interação.