Durou 16 horas o primeiro dia do julgamento do ex-pastor Georgeval Alves, acusado de matar o filho Joaquim Sales Alves, 3 anos e o enteado, Kauã Sales Butkovsky, de 6 anos no dia 21 de abril de 2018 em Linhares.
Era madrugada quando o réu Georgeval prestou depoimento. Durante duas horas ele respondeu às perguntas do advogado de defesa e negou que tenha matado as duas crianças, mas admitiu ter mentido sobre a tentativa de salvá-las no quarto.
“Queria primeiro dizer por quê eu menti. Nesses três dias, antes do meu depoimento, começaram alguns burburinhos de pessoas postando coisas duvidando do fato de eu ter entrado no quarto. Isso começou a repercutir na igreja. Por que eu menti? Foi porque as pessoas começaram a falar que fariam diferente do que eu fiz naquele momento. Os pastores começaram a falar que eu não deveria passar a imagem de covarde e omisso. Eu passei a ficar com medo de ser julgado e menti por esse motivo. Não era bom para mim e nem para a imagem da igreja. O pastor queria que eu desse uma resposta para aquelas pessoas que diziam que eu tinha sido omisso. Eu não queria falar”, afirmou Georgeval.
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Durante o dia foram tomados dois depoimentos. O primeiro a testemunhar foi o delegado da Polícia Civil, Romeu Del Pio, que atuou na investigação caso. À tarde, prestou depoimento o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Benício Ferrari, que comandou as equipes de combate ao incêndio na casa e realizou perícias após o caso.
O ex-pastor disse que sofreu várias ameaças e que ficou cinco anos sem poder apresentar sua versão dos fatos.
“Cinco anos preso, sem poder falar e ouvindo muitas mentiras. Para mim, dói ouvir tantas mentiras. Eu não estuprei meus filhos, nem nunca abusei de ninguém. É a minha vida que está em jogo, a minha vida acabou. Eu não sou essa pessoa. Mesmo recebendo esse tipo de olhar, eu não aguento mais essa situação. Se eu soubesse que seria assim, teria entrado naquele quarto e morrido. Eu não pude falar em momento algum, não pude me expressar nada em momento algum”, disse Georgeval.
Após a conclusão do primeiro dia de julgamento, o ex-pastor foi levado de volta para Viana. Ele saiu em uma viatura, escoltado por agentes da Polícia Penal e retorna para o segundo dia de julgamento nesta quarta-feira (19).
O caso
O crime aconteceu no dia 21 de abril de 2018, na residência onde a família morava no Centro de Linhares. As crianças morreram após terem sido abusadas sexualmente e queimadas vivas. Elas estavam em casa, com o ex-pastor. A mãe das crianças estava em Minas Gerais com o filho mais novo do casal.
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