A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) atualizou nesta sexta-feira, 10, os dados referentes ao monitoramento da Febre do Oropouche no estado, cobrindo o período de 23 de abril a 10 de maio de 2024.
Durante esse intervalo, foram registrados um total de 56 casos da doença em diversas localidades capixabas. É importante ressaltar que, até o momento, não houve óbitos relacionados à Febre do Oropouche.
Confira a distribuição dos casos por localidades:
– Colatina: 27 casos
– Ibiraçu: 02 casos
– Laranja da Terra: 05 casos
– Rio Bananal: 11 casos
– São Gabriel da Palha: 05 casos
– Sooretama: 02 casos
– Vila Valério: 02 casos
– Vitória: 02 casos
Conforme estabelecido pela Lei Geral de Proteção de Dados e em respeito ao princípio da liberdade e da privacidade, a Secretaria da Saúde não fornecerá detalhes sobre os perfis individuais dos pacientes.
O que é a Febre do Oropouche?
A Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae.
O vetor da febre do Oropouche é um inseto bem pequeno, de um a três milímetros, popularmente conhecido como “maruim” ou “mosquito pólvora”. Sua coloração varia de cinza a castanho escuro e possui asas curtas e largas. Está geralmente associado a regiões com maior umidade e presença de matéria orgânica.
Entre as características do OROV, destaca-se seu elevado potencial de transmissão e disseminação, com capacidade de causar surtos e epidemias em áreas urbanas. Não há vacina e tratamento específicos disponíveis.
Como ocorre a transmissão?
Há dois ciclos de transmissão descritos: silvestre e urbano. No ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não humanos (e possivelmente aves silvestres e roedores) atuam como hospedeiros.
Há registros de isolamento do OROV em algumas espécies de mosquitos, como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus.
No entanto, o suposto vetor primário é o Culicoides paraensis (Diptera: Ceratopogonidae), conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo urbano, o homem é o hospedeiro principal, e o vetor primário também é o C. paraensis. Eventualmente, o mosquito Culex quinquefasciatus pode transmitir o vírus em ambientes urbanos.
Até o momento não há evidência de transmissão direta de pessoa a pessoa. Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados por 2 a 5 dias após o início dos primeiros sintomas.
O período de incubação intrínseca do vírus (em humanos) pode variar entre 3 e 8 dias após a infecção pela picada do vetor.
Sintomas
As manifestações clínicas da infecção por OROV são parecidas com o quadro clínico de outras arboviroses, como dengue, chikungunya e febre amarela, embora os aspectos ecoepidemiológicos dessas arboviroses sejam distintos.
Os casos agudos de OROV evoluem com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retroocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.
Casos com acometimento do sistema nervoso central (por exemplo, meningite asséptica e meningoencefalite), especialmente em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia) podem ocorrer.
Parte dos pacientes pode apresentar recidiva, com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia após 1 a 2 semanas a partir das manifestações iniciais. Os sintomas duram de 2 a 7 dias, com evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves. Não há relatos de óbitos associados à infecção pelo OROV.
As picadas do vetor costumam causar bastante incômodo e reações alérgicas. Não existe tratamento específico para a doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.
Como prevenir?
O habitat em que o vetor se desenvolve varia de espécie para espécie. De modo geral, três elementos são necessários: umidade, sombra e matéria orgânica.
Dessa forma, as medidas para a prevenção da febre do Oropouche envolvem o manejo mecânico do ambiente e medidas de proteção individual. No manejo mecânico, é necessário manter árvores e arbustos podados, de forma a aumentar a insolação no solo, retirar o excesso de matéria orgânica (folhas, frutos, etc.); manter terrenos baldios livres de matos, dependendo da situação, e o plantio de grama pode ajudar a manter a população de maruins sob controle; e manter os abrigos de animais (aves, suínos, bovinos, etc.) sempre limpos.
Com relação às medidas de proteção individual, o uso de repelentes e roupas compridas pode ajudar a diminuir as picadas.
Já o uso de telas em portas e janelas, como barreiras físicas, recomendados em alguns casos, não surtem muito efeito devido à necessidade dessas telas terem uma gramatura muito pequena, e esse fato acaba por reduzir a circulação de ar dentro dos imóveis.