Neste domingo (05), acontece o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, que tem como objetivo acender um alerta sobre os riscos que a automedicação pode trazer para a saúde, principalmente se este ato ocorre a longo prazo e sem um acompanhamento adequado.
Sendo um ato tão recorrente no cotidiano das pessoas, muitas vezes passa despercebido, mas é importante estar ciente do que essa prática pode ocasionar.
A farmacêutica do Núcleo Especial de Programação (Negep) da Gerência de Assistência Farmacêutica (GEAF), Vanessa Ghidetti Alvarenga Telles, explica que a automedicação é a ação de ingerir qualquer medicamento de forma irregular, com ou sem a devida orientação médica para dimensionar a quantidade que deve ser ingerido, além do horário de uso e se o fármaco é indicado para o tipo de problema de saúde apresentado. Vanessa Telles ressalta que a orientação de um profissional qualificado é fundamental para evitar intoxicações e efeitos adversos.
Mesmo a curto prazo, há reações adversas que o medicamento pode trazer para a saúde, como reações alérgicas de alta gravidade, principalmente para aqueles que já têm histórico de alergias medicamentosas. Há ainda fármacos que podem gerar sonolência prejudicando a rotina do paciente que se automedica.
Outra consequência da automedicação é que a combinação entre interações medicamentosas sem prescrição pode aumentar ou diminuir o efeito de algum outro fármaco em uso.
Por fim, a longo prazo, o uso de medicamentos desenfreadamente pode apresentar aparecimento de prejuízo na função do fígado, rins, danos irreversíveis nas articulações, presença de sangramentos no estômago ou intestino. A perda do efeito também é um dos pontos relatados pelos pacientes nesta situação, fazendo com que a própria pessoa aumente a dosagem do medicamento acreditando que o mesmo não tem feito o efeito esperado.
“Além de todos esses problemas, a automedicação pode levar à dependência medicamentosa do cidadão, tornando o uso do medicamento algo estritamente necessário para desempenhar as suas atividades diárias, e isso ocorre principalmente com os analgésicos. Diante dessa situação, é importante que farmacêuticos e demais profissionais da saúde tenham algumas condutas para enfrentamento da redução dos casos de automedicação baseadas na educação em saúde da população”, completou Vanessa Telles.
Dados
No Espírito Santo, de acordo com dados do Centro de Assistência e Informação Toxicológica (Ciatox), entre janeiro e abril deste ano, 1.570 pessoas foram intoxicadas por medicamentos. No ano passado, no mesmo período, o número de intoxicações por consumo inadequado de remédios foi de 1.402 casos.
Os dados do Ciatox-ES apontam ainda que, no Estado, os dez principais ativos envolvidos em casos de intoxicação por uso incorreto de medicamentos são o clonazepan, paracetamol, alprazolam, sertralina, amitriptilina, diazepam, risperidona, dipirona, carbonato de lítio e carbamazepina.
O papel do farmacêutico
O acompanhamento com um farmacêutico, que é o profissional que pode promover um acesso seguro do cidadão ao medicamento, é essencial para diminuir a prática da automedicação. Além disso, ele pode viabilizar um tratamento maneira personalizada e acessível para que não ocorra incidentes ao paciente.
Segundo Vanessa Telles, é fundamental que o farmacêutico tenha um olhar humanizado dentro de cada caso atendido, para identificar quais são os recursos necessários para facilitar o manuseamento dos remédios, principalmente para aqueles pacientes que têm dificuldades para ler bulas ou prescrições médicas como, por exemplo, idosos que não contam com o suporte de um cuidador, ou pessoas com baixo ou nenhum grau de visão.
“Nesse contexto, farmacêuticos podem utilizar de recursos como quadro posológico, com identificação de etiquetas coloridas e desenhos lúdicos, dispensadores personalizados de medicamentos, entre outras estratégias para orientar pacientes. Mais especificamente, uma consulta farmacêutica, em sala privativa, seria indicada para que o profissional avalie todas as necessidades do paciente, a fim de realizar as devidas adaptações necessárias para que ele atinja autonomia e empoderamento em seu tratamento medicamentoso, mesmo diante das limitações apresentadas pela idade avançada ou pela baixa visão, por exemplo”, explicou Vanessa Telles.
Cuidados:
1 – Evitar automedicação;
2 – Acompanhamento de um profissional de saúde supervisionando o paciente durante o tratamento medicamentoso;
3 – Não deixe medicamentos ao alcance de crianças;
4 – Sanar todas as dúvidas sobre o medicamento antes de tomá-lo;
5 – Se as dúvidas persistirem, tire-as com o farmacêutico porque ele será o último profissional da saúde que o paciente irá ter contato antes de iniciar o tratamento;
6 – Todo medicamento precisa ser utilizado por um tempo previamente estabelecido, portanto, se for utilizar um medicamento, você deverá verificar o tempo correto de tratamento na tentativa de evitar possíveis transtornos;
7 – O uso racional de medicamentos é algo sério e deve ser tratado com seriedade entre a população, juntamente com os profissionais da saúde;
8 – Em caso de intoxicação, ligar para o Ciatox 0800-283 9904 (atendimento 24 horas).