Losartan, dipirona, antialérgico e antidepressivos são alguns dos medicamentos
Um a cada três dos remédios mais vendidos no Brasil em 2018, pode ser prejudicial para a saúde dos olhos, segundo guia 2019 da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA). Os medicamentos podem piorar um tipo de doença degenerativa, o ceratocone, que é responsável por 70% dos transplantes no país.
A doença faz a córnea se deslocar para a frente e tomar a forma de um cone. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, o agravamento do ceratocone acontece porque os remédios no topo do ranking de vendas no país contêm substâncias que agravam o olho seco (fator de risco para o ceratocone), como a dipirona, um analgésico para aliviar dores, e o losartan, cujo princípio ativo faz parte de muitas fórmulas utilizadas no tratamento de hipertensão arterial entre outras alterações cardíacas.
Além dessas duas classes de medicamento, o especialista destaca que antialérgicos, anticoncepcionais, antidepressivos, tranquilizantes, descongestionantes e os indicados para má digestãotambém podem desestabilizar a lágrima. Por isso, exigem acompanhamento de perto para evitar complicações na córnea, associadas à toxidade dessas substâncias.
Levantamento
A análise de 315 prontuários do hospital realizada pelo oftalmologista, mostra que 24% dos portadores de ceratocone têm olho seco, o dobro da prevalência na população brasileira. “As alterações na lágrima induzidas por remédios podem afetar todas as camadas da córnea”, destaca o oftalmologista.
Os sintomas da síndrome do olho seco são: vermelhidão, ardor, sensação de areia nos olhos e coceira, principal fator de risco relacionado à progressão do ceratocone.
Para melhorar a lubrificação dos olhos, que é essencial no tratamento do olho seco, o oftalmologista aconselha:
– Usar lágrima artificial sem conservante;
– Incluir na dieta alimentos ricos em ômega 3 como sardinha e linhaça;
– Reforçar o consumo de legumes verduras e frutas ricos em vitamina A e E;
– Beber bastante água, manter os ambientes livres de poeira e umidificados com uma vasilha de água;
– Evitar travesseiros de pena e condicionador de ar;
– Consultar um oftalmologista sobre aplicações de luz pulsada no consultório. A terapia estimula a produção da camada lipídica da lágrima e por isso diminui a evaporação.