No Brasil, o STF autorizou que Estados e municípios adotem restrições para pessoas que se recusem a tomar uma vacina, quando disponível
Pesquisa PoderData realizada de 20 a 23 de dezembro mostra que a rejeição a uma vacina contra a covid-19 cresceu 9 pontos percentuais em cerca de um mês, indo de 19% para 28%. É esse o percentual que diz que “com certeza” não irá tomar um imunizante contra a doença.
Outros 60% tomariam a fórmula, ante 67% no estudo realizado um mês antes. Em julho, essa taxa era de 85%.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.
Os dados foram coletados de 21 a 23 de dezembro, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 470 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.
HIGHLIGHTS DEMOGRÁFICOS
O estudo destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros em relação à vacina.
A faixa etária de 25 a 44 anos é a que mais rejeita um imunizante, sendo 34% desse grupo contra. Já entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, que pertencem ao grupo de maior risco da doença, essa taxa cai para 19%.
Os mais instruídos, que cursaram até o ensino superior, tem uma visão mais positiva da vacina. No grupo, 78% “com certeza” tomariam a fórmula. Essa proporção cai para 59% e 52% entre os que estudaram somente até os ensinos fundamental e médio, respectivamente.
No Brasil, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou que Estados e municípios adotem restrições para pessoas que se recusem a tomar uma vacina, quando disponível.
BOLSONARO X VACINA
O presidente da República é crítico da obrigação do imunizante na população, também levantou dúvidas sobre as fórmulas algumas vezes. Quer que brasileiros assinem um termo de responsabilidade antes de se submeterem à vacinação, medida criticada por especialistas.
Em outubro, Bolsonaro decidiu cancelar um acordo firmado pelo Ministério da Saúde para compra da CoronaVac, vacina chinesa desenvolvida em parceria da farmacêutica SinoVac com o Instituto Butantan, em São Paulo. “Não compraremos vacina da China”, escreveu em mensagem a ministros. Depois, o governo voltou atrás, e o Ministério da Saúde incluiu a fórmula no plano nacional de imunização.
A postura do chefe do Executivo parece influenciar na opinião da sua base de apoio. O PoderData cruzou os dados sobre a percepção da vacina com os de avaliação do chefe do Executivo. Quase metade (47%) dos que o consideram “ótimo” ou “bom” dizem não querer tomar um imunizante.
Vacinação nos países
Pelo menos 10 nações já começaram a vacinar seu habitantes.
A vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNTech, é a que mais teve autorizações para o uso emergencial. Já foi liberada em 19 países, além da União Europeia, para a imunização de grupos específicos.
A Suíça foi o 1º e único país até agora a registrar o imunizante da farmacêutica norte-americana para o uso definitivo. A agência reguladora do país demorou 2 meses para analisar a vacina. A autorização foi divulgada em 19 de dezembro.