Estudo com pequeno grupo na Itália sugere que cansaço e falta de ar prevalecem entre indivíduos que recebem alta hospitalar
Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Policlínica Universitária Agostino Gemell, em Roma, na Itália, mostra que pacientes internados com covid-19 continuaram a ter sintomas por cerca de dois meses.
Os resultados foram publicados recentemente no Jornal da Associação Médica Americana.
Os pesquisadores, sob coordenação do médico Angelo Carfi, analisaram 143 pacientes internados com covid-19 no hospital. Destes, 72,7% apresentaram indícios de pneumonia intersticial (mesmos sintomas da síndrome respiratória aguda grave).
Todos eles atenderam aos critérios estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no que diz respeito à cura e descontinuação do isolamento: não apresentar febre por três dias consecutivos, melhor em outros sintomas e dois resultados de testes negativos para coronavírus em um intervalo de 24 horas.
No entanto, após deixarem o hospital, 87,4% relataram persistência de pelo menos um sintoma associado à doença, sendo os principais deles cansaço e dispneia (falta de ar).
Os pacientes foram avaliados dois meses após o início do primeiro sintoma de infecção pelo novo coronavírus. Apenas 12,6% deles afirmaram não ter qualquer sintoma relacionado à covid-19.
Outros 32% se queixavam de um ou dois sintomas, enquanto 55% apresentavam até três. Nenhum paciente apresentou febre ou sinais agudos.
O estudo aponta a piora da qualidade de vida em 44,1% dos pacientes. Além da fadiga (53,1%) e da falta de ar (43,4%), foram relatados também problemas como dores nas articulações (27,3%) e dor no peito (21,7%).
Os autores da pesquisa sugerem mais estudos para entender essas manifestações, já que o trabalho deles foi feito com um pequeno grupo de pessoas.
Eles ressaltam ainda que “pacientes com pneumonia adquirida na comunidade também podem ter sintomas persistentes, sugerindo que esses achados podem não ser exclusivos da covid-19”.