Contar com o apoio da família e suporte psicológico é fundamental para ter força mental para enfrentar o tratamento oncológico
O diagnóstico de câncer de mama é uma notícia que muda completamente a vida de uma mulher. Além da angústia e da incerteza, a doença abala a autoestima. É por isso que cuidar da saúde mental é essencial para ter força suficiente para enfrentar todo o tratamento oncológico.
O alerta é da médica radioterapeuta Anne Karina Kiister Leon, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV). A especialista explica por que este tipo de tumor afeta tanto o aspecto emocional das mulheres.
“A mama está muito ligada à sexualidade feminina, à autoestima. Quando ela é atingida por um tumor, a paciente fica com medo de como vai ficar o seio. É uma parte do corpo muito visível ao espelho. Ao ver uma cicatriz, uma mama diferente da outra, a mulher teme o novo, o futuro”, afirma Anne Kiister.
A radioterapeuta completa: “É diferente, por exemplo, de quando o câncer é no útero. A paciente não enxerga o útero no espelho. Ela sabe que tem uma doença e vai tratar. Mas quando é na parte externa, afeta bastante a imagem. Tem mulheres que falam que estão deformadas”.
A especialista ressalta que o tratamento de câncer é demorado e realizado com intuito curativo, mas que tudo tem o seu tempo para acontecer.
“É importante a paciente cuidar deste aspecto emocional para que ela consiga fazer todo o tratamento oncológico adequado, ser submetida a uma cirurgia se for o caso. Nem sempre a reconstrução e a colocação de próteses de silicone acontecem de forma imediata, e ela precisa estar preparada. Cada caso é um caso”, disse a médica.
Fator emocional
Mas será que a forma como a mulher lida emocionalmente com a doença tem influência no resultado final do tratamento?
“Sim, totalmente. A paciente que está bem cabisbaixa, desanimada, fica com a imunidade baixa. Ela não tem muita vontade de se cuidar. A radioterapia, por exemplo, pode levar um mês e a paciente precisar ir à clínica de segunda a sexta. Então, ela tem que pensar assim: menos um dia de tratamento, mais uma vitória”, destaca a médica.
Anne Kiister afirma que o apoio familiar é imprescindível num momento como esse, para manter a autoestima da mulher.
“É importante a família estar perto, apoiar mesmo e manter sempre palavras positivas. Além disso, a paciente pode participar de sessões de terapia com psicólogo para ajudar a enfrentar os momentos de angústia e se manter firme no propósito de se curar”, afirma a médica.
Números do câncer
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 66.280 novos casos de tumor mamário devem ser diagnosticados este ano no Brasil.
De janeiro a setembro deste ano, foram registradas 188 mortes por câncer de mama no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e 997 internações no mesmo período. Em 2020, foram 355 óbitos e 1.711 internações no Estado.