A distimia é uma forma silenciosa de depressão que passa despercebida e atrapalha diversas áreas da vida das pessoas. É caracterizada como um transtorno depressivo persistente que causa mau humor crônico. A principal característica da condição é a existência de uma melancolia duradoura que pode se estender por anos. O paciente quase sempre está com o humor em níveis inferiores ao considerado normal e isso causa a sensação de frustração presente no dia a dia. A predominância do transtorno é de 3% a 6% na população geral e mulheres são até três vezes mais propensas a desenvolver o problema em relação aos homens.
Os sintomas geralmente são difíceis de serem notados devido às origens da doença aparecerem ainda na infância ou adolescência, persistindo por longos períodos. A psicóloga Mariana Machado explica que em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável em vez de deprimido e, por acreditarem que esse temperamento faz parte de suas personalidades, ao longo do tempo podem ficar conhecidos como pessoas difíceis na família, trabalho e no grupo de amigos.
Ainda não é possível determinar a causa específica da distimia. Porém, por ser uma forma de depressão, as causas são semelhantes, sendo necessário considerar fatores fisiológicos (mudanças no próprio organismo), genéticos e ambientais, como a perda de entes queridos e rotina estressante. “Na vida adulta a distimia pode se apresentar na redução do desempenho profissional, os relacionamentos podem ser complicados e a autoestima tem uma frequente oscilação. Além disso, essas pessoas vivem sob a influência de pensamentos e emoções negativas. Por isso, é difícil para elas encontrar motivação e energia para cultivar um estilo de vida saudável e ter a mentalidade positiva. Viver com essa condição é um desafio”, explica a psicóloga.
Os pacientes apresentam sintomas menos intensos que a depressão e, por isso, essas pessoas não têm problemas em realizar atividades diárias, apesar de terem pouco interesse em fazê-las ou não praticar com cuidado, ou seja, levam uma vida funcional, mas menos prazerosa. É comum ver pessoas com distimia relatarem que sempre foram assim ou que nunca tiveram muita paciência por terem se acostumado com a presença dos sintomas em suas vidas. A maior diferença entre distimia e depressão é que os sentimentos de culpa, pensamentos de morte e prejuízo na concentração não estão presentes. O transtorno pode ser diagnosticado por um psiquiatra em trabalho conjunto com o psicólogo observando comportamentos e relatos do paciente.
Tratamento e convivência
Mariana alerta que o tratamento varia de acordo com o grau dos sintomas e envolve a psicoterapia e o uso de medicamentos. “O paciente consegue se manter por períodos prolongados sem sintomas depressivos com o tratamento adequado. A duração desses procedimentos depende da evolução da pessoa nessa condição. Algumas podem ter respostas positivas mais rapidamente enquanto outras podem precisar de mais tempo de acompanhamento”.
Não é fácil lidar com a distimia e quem convive com os pacientes ou sofre da doença sabe disso. Os pacientes também devem se cuidar para tornar a eficácia do tratamento ainda melhor, como praticar exercícios físicos e ter uma boa alimentação. A prática de exercícios físicos durante o tratamento tem benefícios hormonais e psicológicos por ter a liberação de endorfina, o hormônio responsável pela sensação de recompensa e bem-estar.