Uma boa saúde na fase adulta começa a ser definida nos primeiros anos de vida
Os dois primeiros anos de vida são os mais decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança, com repercussões para a vida toda. Sendo assim, uma alimentação adequada e saudável contribui para a saúde infantil como um todo, e deve ter como base a “comida de verdade”, ou seja, refeições preparadas com alimentos frescos, obtidos direto da natureza, que passam por quase ou nenhum processo, como frutas, legumes, verduras, tubérculos e ovos.
Essas e outras recomendações sobre como alimentar a criança logo nas primeiras fases da vida estão no novo Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, produzido pelo Ministério da Saúde. A publicação traz informações, explicações fundamentadas e orientações práticas sobre a amamentação e a alimentação no começo da vida, e apresenta as informações que você confere a seguir.
Afinal, a chegada de um novo membro à família é sempre um momento de alegria, mas também de muitas dúvidas. Conheça a seguir o caminho para a transição entre o aleitamento e a alimentação sólida.
O primeiro alimento
Desde o nascimento até os seis meses de vida, o leite materno é o primeiro e deve ser o único alimento na vida da criança. Ele contém anticorpos e outras substâncias que protegem o bebê de infecções, como as respiratórias, de ouvidos, diarreias e outras.
Durante esse período de amamentação exclusiva, bebê não necessita de outro tipo de alimento, nem mesmo da água. Mas depois desse primeiro semestre do novo membro da família, o leite ainda continua fazendo parte da alimentação até os dois anos ou mais, não sendo mais o único alimento da criança.
A amamentação é super benéfica para o desenvolvimento infantil, sendo um importante exercício para a boca e os músculos da face, que irão ajudar a criança a não ter problemas na fala, nos dentes, na respiração, na mastigação e na deglutição. Além disso, por meio da amamentação também são estabelecidos os laços afetivos entre mãe e filho.
O leite materno pode variar de acordo com o que a mulher come. Esse detalhe ajuda o bebê a ter contato desde cedo com os alimentos, mesmo que de forma indireta. Conforme vamos falar a seguir!
Uma diversidade de cores, sabores, texturas e cheiros
A partir dos seis meses, é chegada a hora de conhecer os alimentos! A partir dessa idade, o organismo da criança já está pronto para receber as comidinhas. Surge também a necessidade de obter mais nutrientes, já que o leite por si só não é mais capaz de suprir as demandas desse desenvolvimento.
A variedade do cardápio é fundamental na evolução da mastigação. Apesar de ainda não ter dentes, a criança já consegue amassar os alimentos com a gengiva, que nessa altura da vida está se preparando para o surgimento dos primeiros dentes. Na verdade, esse atrito até favorece o processo.
A alimentação da criança começa no leite materno, passa pelas papinhas, evolui para a comida picadinha até alcançar a refeição da família. É importante que esse processo seja feito de forma saudável, pois ele vai estabelecer os hábitos futuros e a relação da criança com a comida.
Evolução da consistência
A transição entre o aleitamento e a comida é algo progressivo. As primeiras papinhas podem começar com a comida amassada, como um purê. Depois evolui para alimentos picados bem pequenininhos, ralados ou desfiados. Em seguida, vale oferecer cortes maiores para que a criança pegue com as mãos. O último estágio é fazer que nem gente grande: comer a comida da família.
O mais importante é não colocar o foco nas preparações líquidas, pois estimular a mastigação é importante para o desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça, colaborando para a respiração adequada e a formação dos dentes.
Além disso, essa prática pode dificultar a introdução de alimentos sólidos no futuro. Sem falar que, a comida com a consistência líquida fornece menos energia e nutriente.
Por que cozinhar?
Preparar a própria comida coloca ao alcance das mãos o conhecimento sobre a procedência dos ingredientes. Desse modo, cozinhar faz bem à saúde e ainda é uma atitude sustentável, diminuindo a produção de lixo.
Além disso, colocar a mão na massa tem ainda o lado afetivo em questão. Preserva a cultura gastronômica, promove a interação entre os membros da família, fortalece as tradições e ainda resgata lembranças familiares.
Tempero na medida certa
Os temperos naturais acrescentam sabor e aroma à comida. Em todas as preparações, dê preferência para as ervas frescas, secas, condimentos naturais e especiarias. Eles acrescentam sabor, aroma e nutrientes à comida, além de permitir que a criança perceba a sutileza dos sabores de cada alimento.
Independente da idade, o sal deve ser consumido com moderação por conter sódio, que também está presente nos alimentos e nos temperos ultraprocessados. O sódio aumenta as chances de desenvolvimento de algumas doenças, como a hipertensão.
Nada de doce
O açúcar é um vilão da nossa saúde e isso não é novidade, mas para as crianças ele pode ser ainda mais perigoso, pois aumenta a chance de ganho de peso excessivo durante a infância e, consequentemente, o desenvolvimento de obesidade e outras doenças na vida adulta.
Nem mesmo o mel de abelha aqui é bem-vindo. Apesar de ser natural, o mel contém os mesmos componentes do açúcar, além de oferecer o risco de contaminação pelo botulismo. Vale lembrar também que o paladar infantil já tem preferência pelo doce, então incentivar isso pode dificultar a introdução de
É bom saber!
Apesar de ter se tornado um hábito típico da nova geração, distrair as crianças com aparelhos eletrônicos durante as refeições precisa ser evitado. Essa forma de oferecer alimentos as distraem, o que gera desinteresse pela comida e atrapalha o processo de aprendizagem e percepção do alimento.
O Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos reforça ainda que criar uma criança, alimentá-la e orientá-la é prioridade absoluta e responsabilidade de todos que estão ligados a ela. As oportunidades e decisões tomadas a respeito do cuidado à saúde e da alimentação vivenciadas nessa fase repercutirão por toda vida.