Ministro da Saúde disse que compras previstas da China não estavam se confirmando e busca alternativa nacional
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quarta-feira (8) que as “compras da China não estão se confirmando” e que o Brasil fechou contrato com fabricante nacional para produção de 6,5 mil respiradores em 90 dias com a empresa MagnaMed.
“As compras da China estão todas não se confirmando. Estamos abrindo um novo processo de compra”, disse Mandetta.
“Materializamos uma ação que começou com 45 dias e é extremamente complexa, que é fazer a indústria nacional disparar a produção em tempo reduzido. Temos quatro empresas que produziam uma pequena quantidade de respiradores, bem limitada. Uma delas tinha capacidade de fazer 400 [respiradores] até o fim do ano. Nós a redimensionamos”.
De acordo com o ministro, grandes empresas brasileiras estão ajudando no adiantamento de recursos para tentar garantir uma produção interna mais rápida. Além dos 6 mil respiradores previstos em 90 dias, há, ainda, mais três outras empresas que devem reorganizar sua produção. Dois mil respiradores deverão chegar ainda neste mês.
Ao todo, o projeto de produção nacional dos respiradores planejado pelo Ministério da Saúde prevê 14 mil unidades, sendo 7 mil respiradores de UTI e 7 mil de transporte. O custo estimado, segundo Mandetta, passa de um bilhão de reais.
Incerteza com a China
O ministro já demonstrava alguma incerteza com relação a compras de respiradores negociada com a China. Há uma semana, na quarta-feira (1º), havia anunciado uma “possível compra” de 8 mil respiradores do país, com o prazo de 30 de dias para a entrega. Segundo ele, o número conseguiria “acalmar as capitais”.
“O cenário muda nos respiradores, porque 8 mil respiradores, eu acalmo SP, MG, RJ. Acalmo as capitais. A coisa anda”, disse à época.
Mesmo assim, o ministro disse não ter como garantir as aquisições de produtos chineses:
“(Mas) eu não quero vir aqui e falar: ‘Eu tenho tanto. Está comprado’. Está havendo uma quebra entre o que você compra, assina e o que, efetivamente, você recebe. Às vezes chegam pessoas e falam para quem vendeu: ‘olha, você vendeu por quanto? vendeu por 10. E a multa? É tanto, 20%. Bom então tá, então eu pago a multa, pago os 10 e pago mais tanto para você vender pra mim’. Então a coisa está dessa maneira”, explicou Mandetta na quarta-feira (1º).
Máscaras e os EUA
O ministro da saúde também informou nesta terça-feira (7) que irá adquirir toda a produção de máscaras da fábrica da 3M no Brasil, uma das principais empresas do setor.
“Hoje eu fiz um call com a empresa 3M. A gente vai adquirir a capacidade de produção total dessa fábrica aqui no Brasil. A gente imagina que vai conseguir ter 1,5 milhão até 1,8 milhão de máscaras para o nosso mercado confirmadas no mês de abril. Depois, no mês de maio e, depois, no mês de junho. Quer dizer, a gente vai ter abastecimento razoável”, disse Mandetta.
O anúncio ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar que poderia embargar toda a produção para o uso exclusivo do país. Mesmo com essa declaração de Mandetta sobre as máscaras, até esta segunda-feira (6), a 3M havia afirmado ao G1 que ainda não tinha como informar se o Brasil seria afetado pela ordem do presidente americano.
Na semana passada, Trump invocou a Lei de Produção de Defesa para obrigar a 3M a produzir e vender máscaras N95 para os Estados Unidos na quantidade que o governo julgar necessárias. A lei, dos anos 1950, permite o direcionamento da produção das empresas privadas e foi criada na época porque os americanos temiam problemas de abastecimento durante a Guerra da Coreia.