Abrir portas e janelas, segurar objetos, pentear os cabelos, escovar os dentes, dirigir. Parecem atos corriqueiros, realizados diariamente quase que de modo automático. No entanto, para pacientes que sofreram traumas graves, recobrar alguns desses movimentos passa a ser um propósito de vida.
É justamente na luta para a recuperação plena dos movimentos que age o terapeuta ocupacional e que tem no Hospital Estadual de Urgência e Emergência ‘São Lucas’ (HEUE), em Vitória, uma das mais importantes atuações.
Há 11 anos na instituição, a terapeuta ocupacional Synara Sampaio atua juntamente com a equipe multiprofissional em atendimentos beira leito e também em consultas de retorno dos pacientes que foram atendidos no hospital. A profissional atende uma média de cem pacientes por mês, entre parecer, tratamento beira leito e acompanhamento ambulatorial.
“A presença do terapeuta dentro de uma equipe multidisciplinar permite os melhores resultados possíveis, uma vez que o atendimento pode ser feito de forma coordenada, com troca de informações entre a equipe”, conta a terapeuta ocupacional.
Para a gerente de Acolhimento ao Cliente, Mariana Castro, a terapia ocupacional é fundamental no contexto hospitalar, oferecendo suporte essencial à reabilitação e à melhora da qualidade de vida dos pacientes, promovendo a independência e a reintegração social, o que justifica, inclusive, as duas datas comemorativas que a profissão tem, em 19 de janeiro, o Dia Mundial do terapeuta ocupacional, e em 13 de outubro, o Dia Nacional.
“No HEUE esse profissional faz toda a diferença ao personalizar os cuidados, garantindo um atendimento humanizado e focado nas necessidades de cada paciente. A atuação do terapeuta ocupacional é muito ampla, aqui no hospital o foco é na reabilitação e no acompanhamento, desde o momento que o paciente chega e as necessidades dele são diagnosticadas”, explicou Mariana Castro.
O comerciante Thiago Dockhorn Fosse passou por momentos de grande incerteza após sofrer um grave acidente em fevereiro do ano passado. O morador de Vila Velha sofreu uma queda de seis metros com múltiplas fraturas e chegou ao hospital em estado grave. Foram 60 dias de internação, duas cirurgias e uma enorme gratidão por toda a equipe, em especial pelo trabalho que continua sendo executado no ambulatório de terapia ocupacional.
“Desde agosto de 2024 eu venho ao ambulatório a cada 15 dias para avaliação, acompanhamento e sigo fazendo os exercícios em casa diariamente. O trabalho da terapia ocupacional foi essencial, especialmente a orientação no momento de fazer o exercício, para que eu consiga reproduzir da forma correta em casa”, conta o comerciante.
O paciente ainda complementa sobre a atenção do cuidado.
“Até a forma como ela presta atenção nos detalhes, é tudo feito de uma forma profunda e especial. Ela posiciona a gente de forma diferente, eu deixo às vezes de me lamentar e comemoro o que já consigo fazer. Eu acredito ainda que muita coisa vai acontecer, os progressos vão continuar e sou muito grato”, comemorou Thiago Dockhorn Fosse, que já recobrou grande parte dos movimentos de um braço que tinha como prognóstico a paralisia.