No ano de 2022, os municípios capixabas destinaram o valor inédito de R$ 3,61 bilhões para a Saúde. O montante superou, inclusive o investimento de R$ 3,34 bilhões empenhado em 2020, ano do surgimento da pandemia de Covid-19, a maior crise sanitária mundial dos últimos 100 anos. Isso significa que, em valores já corrigidos pelo IPCA, o resultado representa um novo recorde orçamentário para o sistema de saúde nos municípios do Espírito Santo.
Os R$ 3,61 bilhões do orçamento de 2022 representa um aumento de 9,9% em relação a 2021 e de 8% sobre 2020. Os dados foram divulgados no anuário Finanças dos Municípios Capixabas, da Aequus Consultoria, e estão disponíveis neste site.
A despesa com saúde cresceu em 64 dos 78 municípios capixabas. Cabe ressaltar o desempenho em Serra e em Vila Velha.
No caso da Serra, o gasto aumentou em R$ 83,6 milhões de 2021 para 2022, chegando a um total de R$ 381,7 milhões. Com esse valor, o município voltou a ocupar a primeira posição no ranking das maiores despesas com saúde no Espírito Santo, posto que havia perdido para a capital, Vitória, no ano anterior. Em termos relativos, o desembolso de Serra em 2022 disparou 28,1%.
Em Vila Velha, a despesa com saúde de 2022 alcançou R$ 264,3 milhões, uma ampliação de R$ 43,5 milhões em relação à registrada em 2021. Um aumento expressivo, chegando a aproximadamente 20%. Vila Velha ocupa a terceira posição entre os municípios que mais aplicam recursos nessa função.
Vitória apresentou uma taxa de crescimento abaixo da média geral das cidades ao reportar uma alta de 6,2%. A capital desembolsou R$ 351,7 milhões em saúde, o que representou um acréscimo de pouco mais de R$ 20 milhões em relação a 2021. Mas, em termos per capita, Vitória, com R$ 1.089 por habitante, continua com cifras mais elevadas que Serra, com R$ 733, uma vez que a capital possui menos moradores.
Nos demais 75 municípios do Estado, sobressai-se o resultado de Baixo Guandu, que em 2022 elevou as despesas com saúde em 45,6% — um avanço de R$ 9 milhões em relação a 2021. Em Castelo, a taxa de crescimento foi de 41%, enquanto em Santa Leopoldina a alta ficou em 40,5%.
Outros três municípios tiveram variações positivas superiores a 30%, são eles: Mucurici, São Domingos do Norte e Afonso Cláudio.
Na outra ponta, estão 14 cidades onde os gastos diminuíram em relação a 2021. Dentre eles, destacam-se São José do Caçado (-37,6%), Mantenópolis (-15,9%) e Linhares (-10,7%).
“É preciso, porém, pontuar que, em Linhares e em Calçado, isso se deveu, exclusivamente, ao desinvestimento das outras esferas do Poder Executivo na saúde do município”, explica o economista e editor do anuário, Alberto Borges.
Ao todo, 49 das 78 cidades capixabas — ou seja, 63% delas — registraram aumento nas despesas com saúde acima de dois dígitos, em 2022, o que, na visão do economista, comprova os esforços das prefeituras em promover melhorias para a área.
“Os esforços das prefeituras em investir na área da saúde ficam ainda mais evidentes quando se pondera que, em 2022, o Estado e a União, em conjunto, reduziram em R$ 89,3 milhões os repasses para os municípios capixabas aplicarem no Sistema Único de Saúde (SUS), comparado a 2021. Na comparação com 2020, as transferências de 2022 foram R$ 246,1 milhões inferiores. Em grande parte, esse recuo ocorreu devido ao arrefecimento da pandemia e à retirada, principalmente da União, de aportes que visavam ao enfrentamento do cenário adverso”, afirma Alberto Borges.
Os 10 municípios com maiores gastos com saúde em 2022