O Ministério da Saúde alerta para o aumento de casos e óbitos por febre maculosa, principalmente na região Sudeste. Na última quinta-feira (6), o Espírito Santo confirmou a segunda morte em decorrência da doença em um intervalo de oito dias. Uma pessoa permanece internada em estado grave.
Segundo o Ministério da Saúde, quando o clima está seco, há maior incidência de carrapatos. Por isso, o cuidado deve ser redobrado para aqueles que entram em contato com áreas de mata e até jardins com a probabilidade de existência do artrópode. O cuidado com os animais domésticos também precisa ser intensificado, já que podem ser hospedeiros dos carrapatos.
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode apresentar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. O tratamento deve ser iniciado com antibióticos após o surgimento dos primeiros sintomas para evitar complicações graves, como inflamação do cérebro, paralisia, insuficiência respiratória ou insuficiência renal, que podem colocar em perigo a vida do paciente.
No Brasil, duas espécies dessa bactéria estão associadas a quadros clínicos da febre maculosa: a Rickettsia rickettsii, registrada no norte do estado do Paraná e nos estados da Região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará).
NÚMEROS
No Espírito Santo, até outubro, a Secretaria de Estado da Saúde identificou sete casos de febre maculosa. Três pessoas morreram por conta da doença desde o início do ano. Em 2021, foram confirmados um total de 17 casos e oito mortes.
Em 2022, até 22 de setembro, foram confirmados 67 casos de febre maculosa no Brasil, dos quais 18 (26%) vieram a óbito. Em 2021, foram registrados no país 233 casos confirmados, com 70 óbitos.
Em junho, o Ministério da Saúde lançou a publicação “Febre maculosa – Aspectos epidemiológicos, clínicos e ambientais”. Esse manual busca fornecer orientações para os estados e municípios executarem as ações de vigilância, prevenção e controle desse tipo de febre no Brasil.
SINTOMAS
Os principais sintomas da doença são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés e gangrena nos dedos e orelhas.
A doença também pode provocar paralisia dos membros, com início nas pernas, chegando até os pulmões, causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico oportuno da febre maculosa é difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença, tendo em vista que os sintomas também são parecidos com outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, malária, sarampo ou pneumonia.
No entanto, é importante que a pessoa com sintomas da doença procure um médico para que possa fazer a avaliação dos sintomas. Durante a consulta, o médico buscará saber se a pessoa mora em região de mata ou florestas, onde possa ter sido picada por um carrapato. O profissional de saúde também solicitará exames para confirmar o diagnóstico.
TRATAMENTO
Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento é feito com antibiótico específico e deve ser iniciado no momento da suspeita. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso, podendo levar ao óbito.
COMO PREVENIR
A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato. O Ministério da Saúde recomenda a adoção de algumas medidas para evitar a doença, principalmente em locais onde há exposição a carrapatos:
– Use roupas claras para ajudar a identificar o carrapato;
– Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
– Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
– Use repelentes que possuem proteção contra carrapatos;
– Realize o controle com antiparasitário nos animais domésticos;
– Retire os carrapatos (caso sejam encontrados no corpo), preferencialmente com auxílio de uma pinça (de sobrancelhas ou pinça cirúrgica auxiliar);
– Não esmague o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar bactérias e contaminar partes do corpo com lesões;
– Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença.