Saúde

ES tem a menor taxa de mortalidade infantil da série histórica

24 set 2022 - 09:00

Redação Em Dia ES

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No Espírito Santo, a taxa foi de 9,8 óbitos por mil nascidos vivos em 2020, a menor desde o início da série histórica (2016)
ES tem a menor taxa de mortalidade infantil da série histórica. Foto: Dreamstime

A desigualdade social é a principal causa de mortalidade infantil no mundo, sobretudo nos países subdesenvolvidos, de acordo com artigo publicado no The Lancet Global Healt. No Espírito Santo, a taxa foi de 9,8 óbitos por mil nascidos vivos em 2020, a menor desde o início da série histórica (2016).

Os dados sobre o Espírito Santo são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o artigo do The Lancete Global Healt, que tem de base em estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), as crianças pretas tem 72% a mais de chances de mortalidade infantil quando comparado com as chances das nascidas de mães brancas.

Em 2020, o Brasil teve índice de 11,5 óbitos. Ou seja, em comparação com o país, o Espírito Santo apresentou melhores índices de mortalidade infantil. Porém, de acordo com Bárbara Almeida Soares Dias, enfermeira, doutora em Epidemiologia em Saúde Pública e professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR), é necessário ficar atento.

“As condições socioeconômicas, como renda, escolaridade, moradia, acesso a saúde, são apontados os principais determinantes da mortalidade infantil. Dessa forma, os riscos de óbitos infantis são maiores em filhos de mães negras, com baixa escolaridade, de menor classe socioeconômica, que vivem em áreas mais distantes dos centros urbanos e com maior carência de serviços básicos, ou seja, regiões de maior vulnerabilidade social”, explica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde infantil está intimamente relacionada aos determinantes sociais da saúde, que vão além dos impactos de cuidados de saúde adequados. No Brasil, a extrema desigualdade é impulsionada por classe, gênero e raça ou etnia e isso causa um grande impacto na sobrevivência infantil.

“Portanto, apesar dos avanços nos indicadores socioeconômicos, na estrutura e na oferta dos serviços de saúde no Espírito Santo, que, certamente, contribuíram para a redução da taxa de mortalidade infantil, essas mortes persistem, principalmente, em regiões com maior carência de serviços. Além do mais, a maior parcela desses óbitos é decorrente de causas evitáveis, o que representa um evento indesejável em saúde pública”, afirma Bárbara.

Resolução do problema
No Brasil, apesar da mortalidade infantil ser um problema ainda em questão, nas últimas três décadas o cenário foi ainda pior. De acordo com a The Lancet, em 1990, o país apresentava um índice de 52,04/mil nascimentos. Esse número foi para 11,5 óbitos a cada mil nascidos vivos, uma redução de 77% das mortes.

De acordo com Bárbara, esse progresso se dá por diversos fatores. Entre eles, a queda de fecundidade, expansão do saneamento básico, além da adoção de políticas públicas direcionadas as ações específicas, com campanhas de vacinação, programas de aleitamento materno, vacinação em massa de crianças pelo Sistema Único de Saúde (SUS), aprimoramento da assistência ao parto, entre outros.

“Porém, apesar dos inúmeros avanços que tivemos ao longo das últimas décadas, ainda há desafios a serem enfrentados para a redução dos óbitos infantis, principalmente aqueles por causas evitáveis. Assim, o planejamento de políticas direcionadas para as áreas com maiores desigualdades e iniquidades em saúde podem contribuir para reverter esse cenário”, completa a professora.

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Atualizado: 24/09/2022 19:16

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