Saúde

Entrevista: Dia Mundial do Alzheimer – uma data para conscientização

21 set 2022 - 13:10

Redação Em Dia ES

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Especialista responde perguntas do EmDiaES sobre o tema neste Dia Mundial do Alzheimer, 21 de setembro
Entrevista: Dia Mundial do Alzheimer – uma data para conscientização. Créditos: Getty Images, via BBC News Brasil

O alzheimer é a causa de quase 60% dos casos de demência; em 2019, 3,6% dos casos foram de pacientes brasileiros (55 milhões X 2 milhões no Brasil). A expectativa das autoridades em saúde é que esse número atinja os 78 milhões de pessoas em 2030 – sendo que mais da metade devem ser diagnosticados em países muito populosos, de média e baixa renda per capita – o que é o caso do Brasil.

O principal problema é que os dados acima podem não refletir a realidade. Isso porque, segundo o World Alzheimer Report, cerca de 75% das pessoas com algum tipo de demência atualmente não são diagnosticadas em razão do medo da doença e do estigma que ela carrega.

Dr. Márcio Kamada, geriatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa, responde, para o site Em Dia ES, perguntas sobre o tema, acompanhe a entrevista com um conteúdo muito rico de informações.

Quando começa aparecer os sinais e como saber que pode ser Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e infelizmente ainda sem cura, que afeta preferencialmente pessoas acima de 65 anos de idade, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo. Provoca ainda alterações no comportamento, na personalidade e no humor do individuo.

Sinais de alerta para o Alzheimer:
• Problemas de memória que afetam as atividades diárias
• Dificuldade em realizar as tarefas habituais do dia a dia
• Desorientação no tempo e no espaço
• Dificuldade de raciocínio
• Colocar coisas no lugar errado, muito frequentemente
• Alterações do humor e do comportamento

Como dificultar o surgimento do Alzheimer?
O estilo de vida é muito importante para prevenir o Alzheimer. Quanto mais cedo houver uma mudança de hábitos, mas fácil minimizar o problema;
Estimular o cérebro, mantendo o cérebro ativo aprendendo algo novo: um idioma, um instrumento, palavras cruzadas, leitura é também um ótimo hábito para cérebro reter informações.

Como o diagnóstico é realizado? Como prevenir?
Não existe um simples exame que faça o diagnostico do Alzheimer. O diagnostico requer uma avaliação ampla médica, que podem incluir:
• Histórico médico familiar;
• Testes cognitivos para memória e pensamentos;
• Exame neurológico
• Exames de sangue (para descartar outros possíveis problemas)
• Exames de imagem

Quanto à alimentação, é necessário algum alimento específico?
Uma boa alimentação, regular e equilibrada, é fundamental para a saúde de qualquer pessoa, não somente aquelas que podem desenvolver Alzheimer. Contudo, há alguns alimentos que, se incluídos na dieta, podem ajudar a retardar o aparecimento de sintomas precoces e o avanço da doença. Neste caso, vale indicar alguns: azeitonas são ricas em hidroxitirosol, que combate a degeneração de neurônios. Frutas vermelhas têm flavonoide fisetina, um antioxidante bom para a memória e que auxilia no trabalho dos neurotransmissores. Folhas verdes escuras são fonte de ômega 3 e ácido fólico, importantíssimos para a saúde do cérebro. Peixes também são ricos em ômega 3. Além disso, oleaginosas são ótima fonte em minerais como magnésio, zinco e selênio, essenciais para o bom funcionamento cerebral.

Qual é a relação da perda auditiva com o Alzheimer?
Indivíduos com perda auditiva tem um risco significativamente maior de demência. O uso de aparelhos auditivos parece reduzir o risco.

Como os familiares podem ajudar?
Antes de mais nada, é essencial definir o papel de cada um nos cuidados com o ente querido, criando uma escala de forma a não sobrecarregar ninguém e não gerar esgotamento emocional ou físico em quem cuida. Incluir um cuidador profissional na rotina é uma boa opção. Há muitos casos de pessoas que abrem mão da própria vida para cuidar do parente com Alzheimer, isso não deve acontecer.

É importante estabelecer uma rotina diária, pois ela ajuda com a desorientação e a perda de memória do paciente. Manter horários e atividades, interações com familiares e amigos e uma rotina de sono pode ser bem útil, lembrando que, conforme for ocorrendo a diminuição das habilidades físicas e mentais, essa rotina precisa ser revista. Importante também: procure promover a autonomia do paciente, dentro as limitações dele.

Além disso, é fundamental tentar manter o ambiente ao redor do paciente o mais tranquilo possível, principalmente se ocorrer de a pessoa com Alzheimer se sentir frustrada e tornar-se agressiva, ansiosa, irritada com qualquer coisa. Lembre-se que isso é normal e que, com um ambiente tranquilo, fica mais fácil transformar situações difíceis ou constrangedoras em momentos de bom humor.

Nesse aspecto, vale investir tempo em bons momentos, pois eles são positivos tanto para o doente quanto para quem cuida dele: levar a pessoa para passear, contar histórias, mostrar fotos de familiares, ouvir música juntos.

Algo que não deve ser esquecido jamais: não somos máquinas. Pessoas que cuidam de pacientes com Alzheimer também não são. Com a progressão da doença, tendem a acontecer situações cada vez mais difíceis e tristes. Por isso, buscar apoio emocional em rede, com família e amigos, é fundamental para criarmos o estofo necessário para momentos mais complicados.

Qual a fase de idade que a doença atinge as pessoas?
Como a idade é principal fator de risco para Alzheimer, os primeiro sintomas começam a aparecer em media após 65 anos de idade.

Qual é a diferença dos sintomas de alzheimer para os de uma demência comum de pessoas idosas?
A maioria das demências possuem um curso crônico e progressivo, porem a Doença de Alzheimer (DA) é marcada pelo distúrbio cognitivo relacionada a memória recente ou memoria episódica. Enquanto, por exemplo, uma demência do tipo vascular – após um AVC – acidente vascular cerebral ou “derrame”, apresenta-se com maior comprometimento da função executiva e tendem a ter melhor aprendizado verbal e recordação.

Ele ocorre em pessoas mais jovens?
Alzheimer precoce é uma forma da doença quando manifestada antes dos 65 anos de idade. O número de casos é bem menor do que em idosos, sendo mais raro ainda abaixo dos 50 anos de idade. Na maioria dos casos existe grande influencia genética, geralmente hereditárias.

Dr. Márcio Kamada, geriatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa
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Atualizado: 21/09/2022 21:22

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