Em tempos de Olimpíadas, fica claro o quanto alguns esportes, como a ginástica artística, o vôlei e o basquete, por exemplo, exigem dos tornozelos. Por isso, não é à toa que o entorse de tornozelo é uma das lesões mais comuns em atletas e em pessoas que praticam esportes, que demandam movimentos intensos na região dos tornozelos. A lesão também é comum na população em geral.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Dores Crônicas e Saúde Postural, o entorse de tornozelo causa muita dor e restringe muito a amplitude de movimento dos pés. Essa lesão também pode levar à problemas funcionais, incapacidade, osteoartrite pós-traumática e instabilidade crônica do tornozelo. Geralmente, essas condições podem ocorrer em cerca de 44% dos pacientes com entorse, em até um ano após o entorse.
Você sabia?
As lesões no tornozelo são responsáveis por 45% de todas as lesões que ocorrem durante o basquete e de 31% durante o futebol. Da mesma forma, 29% de todas as lesões nas extremidades inferiores no futebol afetam essa articulação e 75% delas nos ligamentos laterais dos tornozelos.
Dor e inchaço são principais sintomas
“O entorse de tornozelo têm diferentes níveis de gravidade. Contudo, em geral a dor e o inchaço costumam estar presentes em todas as lesões. As mais sérias podem afetar ossos e ligamentos. Nesses casos, a dor pode ser insuportável, bem como há um inchaço bem mais acentuado que pode estar acompanhado de hematomas. Os pacientes com lesões mais graves não conseguem colocar o pé no chão, por exemplo”, explica Walkíria.
“Normalmente, os sintomas mais intensos estão associados aos entorses que afetam os ligamentos, causam luxações ou fraturas. Há muitos ossos pequenos no tornozelo e, por isso, as fraturas ou luxações podem não ser tão evidentes no exame clínico. Por essa razão, é essencial realizar exames de imagem para confirmar ou descartar danos mais sérios”, alerta a especialista.
Causas e fatores de risco
Para além das práticas esportivas, existem alguns fatores que aumentam o risco de sofrer um entorse de tornozelo.
“Na população em geral, vemos aqueles casos em que a pessoa pisou em falso, seja dentro de casa ou nas ruas. Aliás, há cidades que possuem calçadas e ruas com muitas irregularidades e buracos, o que favorece os entorses. Temos também casos em que a pessoa coloca a planta do pé de maneira inadequada ao correr, subir ou descer escadas, levantar-se de camas ou cadeiras”, aponta Walkíria.
Por fim, o entorses de tornozelo pode ocorrer em mulheres que usam saltos ou calçados que não dão tanta estabilidade para os pés, principalmente em superfícies irregulares.
Tratamento envolve vários recursos
“Após um entorse no tornozelo, o primeiro passo, importantíssimo, é aplicar compressas de gelo, várias vezes ao dia. Isso deve ser feito nos 3 primeiros dias depois da lesão. Caso o inchaço não melhore, o ideal é aplicar compressas frias e quentes, alternadamente, por volta do quarto ou quinto dia”, orienta Walkíria.
O tratamento do entorse de tornozelo vai depender da gravidade da lesão. Quando há fratura ou luxação, por exemplo, pode ser preciso imobilizar por algum tempo, antes de iniciar a reabilitação por meio da fisioterapia. Em lesões mais leves, podem ser usadas talas e órteses que podem ser colocadas e retiradas pelo paciente.
“Como a dor é um sintoma importante, podemos usar recursos para tratar o quadro doloroso e reduzir a inflamação, como terapia manual, ultrassom, eletroterapia e laser. Quando a dor melhora, precisamos inserir exercícios terapêuticos para reduzir a instabilidade e recuperar a função articular do tornozelo”, diz Walkíria.
“Dessa maneira, é importante fortalecer a musculatura que dá estabilidade ao tornozelo, bem como aplicar técnicas de alongamento para aumenta a amplitude de movimento. Por fim, também precisamos exercitar e melhorar o equilíbrio. Todos esses aspectos são fundamentais para prevenir novas lesões e, claro, devolver a capacidade funcional do paciente após o entorse”, completa a fisioterapeuta.
Sem tratamento, entorse de tornozelo pode causar instabilidade crônica
Muitas pessoas que passam por um entorse de tornozelo mais “leve” não procuram tratamento. Mas, esse descaso pode trazer consequências sérias. O principal problema de não tratar uma torção no tornozelo é o risco de evoluir para uma instabilidade crônica na região.
“Durante atividades físicas, caminhadas ou até mesmo quando a pessoa fica muito tempo em pé, podem surgir dores, inchaço e até quentura no tornozelo, principalmente no final do ida. Normalmente, a pessoa percebe esses sintomas na parte lateral dos pés. A torção pode enfraquecer os ligamentos e isso aumenta, de forma significativa, o rompimento dessas estruturas”, alerta Walkíria.
A instabilidade costuma afetar, na maioria dos casos, a parte de fora do tornozelo, nas laterais dos pés. “Toda vez que a pessoa sofre uma torção, os ligamentos podem ser alongados ou rasgados, principalmente se não houve uma reabilitação adequada. Os ligamentos ficam enfraquecidos e esse aspecto aumenta, significativamente, o risco de novas torções”, reforça Walkíria.
“Outro problema é quando a pessoa tem uma musculatura mais enfraquecida na região dos tornozelos, ou ainda uma pisada pronada ou supinada, que acaba afetando a estabilidade da articulação”, finaliza a especialista.
Proteja seu tornozelo
Aposte em treinos de força focado no fortalecimento da musculatura que dá estabilidade aos tornozelos
Faça alongamentos nos pés durante o dia
Invista em calçados que dão mais estabilidade aos pés, além de evitar saltos e plataformas para andar em superfícies irregulares
Durante as práticas esportivas de alto impacto, como correr, jogar basquete etc., use tênis com um bom sistema de amortecimento e com uma boa sustentação para o arco do pé e do tornozelo também. Para isso, o ideal são os tênis de cano alto, como àqueles usados no basquete, por exemplo.