Acontece, até o próximo dia 21, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, instituída em 2009, com o objetivo esclarecer e incentivar a doação de medula óssea e a captação de doadores. É por meio do trabalho do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), do Ministério da Saúde (MS), com apoio dos hemocentros estaduais, que toda a rede de possíveis doadores voluntários é conectada aos receptores.
No Espírito Santo, o REDOME conta com o suporte do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes), localizado em Vitória.
Para ser um doador voluntário, primeiramente o cidadão deve comparecer ao Hemoes Vitória ou a um hemocentro regional, localizados em Colatina, São Mateus e Linhares, além da unidade de coleta na Serra para realizar o cadastro no REDOME, munido de documento oficial com foto. É preciso ter entre 18 e 35 anos e 6 meses e estar em boas condições de saúde. O registro é feito de forma imediata, e, neste primeiro momento, há a coleta de uma amostra de 4 mililitro de sangue, que será enviada ao laboratório para testes de compatibilidade com pacientes que aguardam pelo transplante.
Ao se tornar um voluntário, é extremamente importante que o cidadão mantenha os dados cadastrais como telefone, e-mail e endereço atualizados, uma vez que é por meio dessas informações que o Hemoes e o REDOME entrarão em contato caso haja um possível doador e para dar prosseguimento às demais etapas.
A atualização é feita de forma simples e rápida no site do REDOME ou pelo aplicativo da instituição. Entretanto, caso o doador encontre dificuldades, ele pode comparecer ao Hemoes Vitória, na unidade de coleta da Serra ou ao hemocentro regional mais próximo, portando um documento oficial com foto, e solicitar auxílio da equipe presencialmente, ou também enviar um e-mail para [email protected].
O Hemoes fica na Avenida Marechal Campos, 1.468, Maruípe, Vitória. O atendimento é por livre demanda e não há necessidade de agendamento. Os endereços dos demais hemocentros regionais podem ser acessados AQUI.
Importância de ser um doador
No Espírito Santo, há 182.320 cadastros de doadores voluntários e pouco mais de 500 receptores, segundo dados do REDOME. Em 2024, já foram realizados 5.024 novos cadastros no Estado.
A diferença entre os números é explicada, uma vez que, para existir uma compatibilidade entre o doador e o paciente, é necessária uma compatibilidade genética bastante complexa, segundo conta a médica e coordenadora do setor de Triagem Clínica do Hemoes, Belisa Sossai. “Por isso, a compatibilidade é tão rara entre pessoas que não compartilham nenhum grau de parentesco. Quando o paciente não encontra na sua família um doador compatível, um possível doador é buscado no banco de dados do REDOME, que é uma rede de abrangência internacional”, disse.
Para a profissional, ao se tornar um voluntário de doação de medula óssea, ocorre também a afirmação de um compromisso maior como cidadão e de qual é o nosso papel na sociedade. “A gente nunca sabe quando um ato tão simples de nossa parte pode ser a esperança de vida de um paciente e de toda sua família. Podemos não ter ideia da grandeza do ato de simplesmente nos candidatarmos como doadores, pois pode existir algum paciente que está à espera de uma medula compatível, e pode ser a de qualquer um, inclusive a nossa”, pontuou a médica Belisa Sossai.
Quando acham alguém compatível, o que fazer?
A médica e coordenadora do setor de Triagem Clínica do Hemoes, Belisa Sossai, conta que, após o processo de coleta da amostra do doador voluntário, é feito o registro desses dados em um banco de dados nacional, buscando características genéticas semelhantes. Nesta etapa, podem ser identificados um ou mais potenciais doadores e, após a busca, os doadores que são considerados potencialmente compatíveis são contatados pelo REDOME onde é explicado o motivo do contato e como proceder a partir dessa possibilidade de compatibilidade.
A médica explica ainda que quando o doador está ciente e concorda em seguir com a doação, a equipe do Hemoes “entra em cena”, ligando para agendar uma nova coleta de sangue, dessa vez de uma quantidade um pouco maior do que foi coletado no primeiro momento do cadastro. “Esse processo ocorre para que a compatibilidade e aptidão do voluntário como doador sejam confirmadas”, explicou Belisa Sossai.
Ao final deste processo, o REDOME entra novamente em contato com o doador para dar prosseguimento às demais etapas até a chegada do momento da doação da medula óssea. Já a doação pode acontecer de duas formas, com a coleta da medula por meio de um procedimento cirúrgico de pequeno porte ou pela coleta de células medulares por aférese, um procedimento parecido com uma hemodiálise, que é feito por punção venosa. Ambos seguros e conduzidos por equipes capacitadas e especializadas para tal procedimento.
O que é o REDOME e apoio de bancos internacionais
O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), e, atualmente, conta com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados.
O REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente, são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro.
O REDOME atua articulado aos cadastros de todo o mundo. Atualmente, a busca por doadores para pacientes brasileiros é realizada simultaneamente no Brasil e no exterior. Os bancos internacionais também acessam os dados dos candidatos a doadores brasileiros, a partir de sistemas especializados.