O Dia do Médico, lembrado nesta sexta-feira (18), celebra não apenas uma profissão, mas uma vocação marcada pela dedicação, empatia e compromisso com a saúde e o bem-estar da sociedade. Desde os atendimentos nas unidades de saúde até os momentos críticos em hospitais, esses profissionais estão sempre prontos para ouvir, diagnosticar e tratar.
A formação técnica dos médicos é complementada por uma profunda compreensão das necessidades humanas, o que os torna capazes de oferecer não apenas tratamentos, mas também conforto e esperança.
Neste dia especial, é fundamental reconhecer o papel vital que os médicos desempenham na promoção da saúde pública e na melhoria da qualidade de vida das comunidades. Eles trabalham incansavelmente para enfrentar doenças, promover a prevenção e educar a população sobre hábitos saudáveis. Sua dedicação vai além do consultório; eles se tornam pilares de apoio para seus pacientes e suas famílias.
O humano além do físico
A Medicina é uma jornada que exige constante aprendizado, empatia e resiliência. A cada dia, os médicos se deparam com novas situações e devem se adaptar para oferecer o melhor atendimento possível. Em tempos de crise, como durante a pandemia da Covid-19, a coragem e o comprometimento desses profissionais foram ainda mais evidentes, colocando a saúde coletiva acima de tudo.
A médica psiquiatra Luana Sardinha de Souza Borgo é preceptora da Residência Médica em Psiquiatria do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi) e atua no Centro Regional de Especialidades (CRE) Metropolitano, em Cariacica. Formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2011, Luana Borgo encontrou na psiquiatria a oportunidade de explorar sua curiosidade sobre os comportamentos humanos e suas emoções.
“A psiquiatria me permite compreender o ser humano além do físico e do palpável. Ajudar os pacientes a lidarem de forma mais saudável com suas emoções e a ajustarem seus comportamentos para alcançar uma melhor qualidade de vida é extremamente motivador. Para mim, a preceptoria é uma chance de compartilhar conhecimentos; enquanto ensino, também aprendo”, ressalta Luana Borgo.
Uma das experiências mais marcantes em sua trajetória foi a formação da primeira turma de Psiquiatria do ICEPi. “Ver os residentes concluírem o ciclo da Residência em Psiquiatria e saber que contribuí para esse processo foi muito gratificante. Fico feliz em saber que o programa está se consolidando com qualidade”, disse a médica.
A importância de escutar o outro
No último ano da Residência Médica em Psiquiatria do ICEPi, Thailane Pavesi Muniz, graduada em Medicina pela Universidade Vila Velha (UVV) em 2018, atua no Centro Regional de Especialidades (CRE) Metropolitano, em Cariacica. Inicialmente, ela trabalhou em São Gabriel da Palha, na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Vila Fartura. Com a pandemia de Covid-19 e o consequente aumento das queixas psiquiátricas, a profissional decidiu realizar uma pós-graduação em Psiquiatria.
“Acredito que cada um tem seus dons. Me encontrei na psiquiatria ao ouvir atentamente os outros e percebi que poderia realmente ajudar esses pacientes com os conhecimentos que já havia adquirido. Assim, com base na experiência prática, que é fundamental na nossa profissão, decidi prestar a prova para a Residência em Psiquiatria pelo ICEPi e fui aprovada em 2022”, contou Thailane Muniz.
Ela explica que a Residência Médica em Psiquiatria do ICEPi oferece diversos campos de atuação, permitindo a inserção dos residentes na Rede de Atenção Psicossocial à Saúde (RAPS) e garantindo um cuidado integral dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). “Além disso, proporciona a experiência de trabalhar de forma multidisciplinar, o que é extremamente enriquecedor e necessário em nossa área”, complementa.
Thailane Pavesi ressalta que o trabalho com um grande fluxo de pacientes, tanto no CRE Metropolitano quanto no Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (HUCAM) e nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), representa uma experiência única, especialmente nas reuniões de discussão dos casos atendidos.
“Isso é crucial, pois nos proporciona contato com uma diversidade de casos psiquiátricos, o que é essencial e um diferencial na nossa área de atuação. Essa vivência nos garante mais experiência e segurança para lidar com as demandas do nosso dia a dia”, acrescenta a profissional.
Para finalizar, Thailane Muniz destaca um caso que marcou a trajetória dela. “Lembro de uma idosa de 83 anos que veio para sua primeira consulta com queixas de sintomas depressivos. Durante a avaliação, além das queixas comportamentais, percebi uma piora recente e relatos de outros sintomas. Com isso, percebi que a paciente necessitava de uma avaliação clínica mais aprofundada e a encaminhei com urgência ao pronto-socorro para descartar outras possíveis causas”, relembra.
Na mesma semana, na consulta de retorno no CRE Metropolitano, os familiares informaram que a idosa havia sido internada e um câncer foi diagnosticado. “Portanto, o que parecia ser um problema psiquiátrico, na verdade, estava relacionado a uma condição clínica subjacente até então não diagnosticada. Saber fazer diagnósticos diferenciais na psiquiatria e ter a oportunidade de identificar que nem tudo que chega a nós é ‘psiquiátrico’ é uma parte fundamental do aprendizado que a Residência no ICEPi nos proporciona”, disse Thailane Pavesi.
Dedicação no cuidado
Natural do Paraná, a médica Ana Carolina Dondoni Fávero integra o programa de Residência em Saúde da Família do ICEPi desde 2023 e atua no distrito de Povoação, uma comunidade do litoral de Linhares, na região central do Estado. “Auxiliar o próximo, fazer a diferença na vida das pessoas e ajudá-las a recuperar a saúde foram as principais motivações que me levaram a escolher a Medicina. Desde a minha formatura em 2021, venho trabalhando na área da Atenção Primária à Saúde (APS) e em unidades de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência”, conta.
Além da Unidade de Saúde na sede do distrito, a equipe em que atua atende em pontos de apoio em comunidades rurais próximas à Povoação. “Isso torna a rotina desafiadora, mas é extremamente gratificante poder ajudar meus pacientes. Sinto o carinho e o reconhecimento deles ao garantir consultas de puericultura, pré-natal, saúde da mulher e do homem, acompanhamento de doenças crônicas e visitas domiciliares”, ressaltou a Ana Carolina Fávero. Ela comentou ainda que encontrou no programa do ICEPi uma oportunidade para aprimorar sua prática e elevar a qualidade dos atendimentos à comunidade.
Qualidade assistencial em hospital
No Escritório de Gestão de Altas (EGA) do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares (HRAS), a médica Anna Clara Costa Botelho encontrou uma oportunidade de atuar na medicina hospitalar e enfrentar novos desafios, desde a implementação do Programa de Gestão do Acesso e da Qualidade da Assistência nas Redes de Atenção à Saúde (PGAQ), do ICEPi, em 2021.
“Quando vi o edital, percebi que era uma chance de trabalhar na rede estadual hospitalar, algo que me entusiasma. Fui designada para o EGA e atuo na transição de cuidados para pacientes que necessitam de continuidade do tratamento, seja em leitos hospitalares mais complexos ou em casa. Dessa forma, garantimos uma alta adequada, gerenciando os recursos necessários para evitar retornos precoces ao hospital pela mesma patologia. Trabalhar em um hospital complexo torna a gestão de leitos extremamente valiosa”, explica Anna Clara Botelho.
A equipe do EGA mantém comunicação com outros projetos do PGAQ na unidade, como o Núcleo de Internação Rápida (NIR) e a Medicina Hospitalista (MH). Para Anna Clara Costa, a cooperação entre os profissionais é fundamental para alcançar resultados positivos, como a melhoria do índice de “Giro de Leitos”.
“Sinto que tenho uma missão enquanto médica. Trabalhar com a saúde pública e pelo SUS é um desafio diário. Minha experiência no EGA tem contribuído para meu crescimento pessoal e profissional. A integração das equipes é crucial. Ao falarmos sobre o ICEPi e as implementações dos projetos no hospital, discutimos a garantia do tratamento, a qualidade assistencial e a gestão hospitalar, e é muito gratificante ver que nosso trabalho árduo resulta em qualidade”, revela.
Novo desafio e experiências positivas
Morador de Presidente Kennedy, na região sul do Estado, Elian Gomes é um exemplo de perseverança. Ele se formou em escolas públicas, onde completou os ensinos Fundamental e Médio. Posteriormente, graduou-se em Ciências Biológicas e Enfermagem. No final do ano passado, por meio de uma bolsa concedida pela Prefeitura de Presidente Kennedy, o profissional conquistou seu terceiro diploma superior, desta vez em Medicina.
Ao longo de sua trajetória, também realizou pós-graduação em Educação Ambiental, Saúde Pública e Enfermagem do Trabalho. Não satisfeito com essas conquistas, Elian Gomes decidiu enfrentar um novo desafio: ingressou na Residência em Medicina da Família e Comunidade do ICEPi, em março deste ano. Seus campos de prática incluem Cachoeiro de Itapemirim, com atendimentos na UBS do bairro Jardim Itapemirim, no Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos (Capaac) e no Pronto Atendimento Infantil.
“Durante a faculdade, já me identificava com a especialidade de Medicina de Família e Comunidade. Realizei o Exame Nacional de Residência (Enare) e escolhi o ICEPi por formar médicos com uma visão ampla e integrada da saúde, que aborda os aspectos físicos, psicológicos e sociais dos pacientes, além de destacar a importância da Atenção Primária à Saúde”, explica Gomes.
Ele destaca que a residência tem proporcionado experiências valiosas, desenvolvendo suas habilidades em comunicação, empatia e resolução de conflitos. “Tenho a oportunidade de atuar em diferentes cenários de atenção à saúde, o que enriquece minha formação e vivência clínica. A diversidade de pacientes e as situações clínicas permitem um aprendizado constante, tornando meu dia a dia dinâmico e estimulante”, complementa o residente.