Saúde

Consumo de álcool causa 12 mortes por hora no Brasil e custa R$ 18,8 bi ao ano, diz estudo

09 nov 2024 - 13:35

Redação Em Dia ES

Com ISTOÉ

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Estudo realizado pela Fiocruz a pedido das organizações Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde calculou os custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo de bebida alcoólica para o país
No acumulado de 2023, o consumo de álcool esteve associado a 105 mil mortes, conforme os dados da Fiocruz. Foto: Marcos Santos

O consumo de álcool causa em média 12 mortes por hora no Brasil, segundo levantamento da Fiocruz em levantamento solicitado pela Vital Strategies e a ACT Promoção da Saúde. O estudo estima que o consumo de bebidas alcoólicas representa um custo para o Brasil da ordem de R$ 18,8 bilhões por ano.

No acumulado de 2023, o consumo de álcool esteve associado a 105 mil mortes, conforme os dados da Fiocruz – desse total, 86% são de homens. As principais causas são doenças cardiovasculares, acidentes e violências.

Dentre as mulheres, mais de 60% dos registros fatais estão relacionados a doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer.

O levantamento usou como base estimativas de mortes atribuíveis ao álcool feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e levou em consideração para o cálculo de custo um total de 104,8 mil mortes em 2019 no Brasil – que se traduz em uma média de 12 óbitos por hora.

“Podemos concluir com o estudo que o consumo de álcool no Brasil tem impactos significativos na saúde e no bem-estar da população e, consequentemente, custa muito caro aos cofres públicos. Nesse cenário, fica clara a necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas”, afirma Pedro de Paula, Diretor Executivo da Vital Strategies.

“Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo. Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos”, acrescenta.

Eduardo Nilson, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e responsável pelo estudo, explica que a disparidade de gênero nos números do estudo está atrelada ao fato de que homens tendem a ir menos ao médico.

“Outra razão refere-se ao fato de que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e realizam o autocuidado, como exames de rotina. Isso faz com que sejam tratadas antes que as complicações mais graves de saúde aconteçam. “Quando os homens procuram o serviço de saúde possivelmente já estão com a saúde muito mais comprometida, o que acarreta mais hospitalizações”, detalha.

Em relação à faixa etária, a incidência maior no atendimento ambulatorial ocorre nas pessoas entre 40 e 60 anos.

Custo bilionário aos cofres públicos
A Fiocruz aponta que em 2019, o consumo de bebidas alcoólicas custou ao Brasil R$ 18,8 bilhões, entre custos diretos e indiretos.

Do total estimado a cada ano, R$ 1,1 bilhão referem-se a custos federais diretos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS). Os custos indiretos, por sua vez, somam R$ 17,7 bilhões e incluem as perdas de produtividade pela mortalidade prematura, licenças e aposentadorias precoces decorrentes de doenças associadas ao consumo de álcool, perda de dias de trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias.

Dentro dos custos indiretos, o gasto previdenciário fica na casa dos R$ 47,2 milhões, ao passo que a mortalidade prematura é o maior fator, sendo responsável por R$ 17 bilhões. O absenteísmo representa um custo de R$ 644 milhões, por sua vez.

Embora atualmente os maiores custos decorrentes do consumo de álcool sejam relacionados aos homens, o Vigitel mostra que, entre 2006 e 2023, a ocorrência de episódios de consumo abusivo de álcool (quatro ou mais drinques em uma mesma ocasião) quase dobrou entre as mulheres.

A tendência de aumento de consumo entre elas também é comprovada pela PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2019, que aponta que 60% dos adolescentes do sexo masculino já tinham experimentado álcool antes dos 17 anos e 67% das meninas já tinham tido esse mesmo comportamento no mesmo período.

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