Em 11 de março de 2020, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a Covid-19 poderia ser considerada uma pandemia. O pronunciamento ocorreu durante uma coletiva de imprensa em Genebra, Suíça, e marcou um ponto de virada na resposta global ao avanço do Sars-CoV-2. Desde então, mais de 777 milhões de infecções foram registradas e mais de 7 milhões de mortes foram oficialmente contabilizadas, embora estimativas da própria OMS indiquem que o número real de óbitos pode chegar a 15 milhões.
A pandemia começou com o registro de um surto de pneumonia de origem desconhecida na China, em dezembro de 2019. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), seu nível mais alto de alerta. No entanto, apenas em 11 de março daquele ano a organização utilizou oficialmente o termo “pandemia”, após perceber a inadequação das respostas de diversos governos ao avanço do vírus.
A declaração da pandemia levou à adoção de medidas restritivas em diversos países. Confinamentos, distanciamento social e restrições de viagem foram implementados, afetando bilhões de pessoas e provocando mudanças significativas na economia global. No auge da pandemia, cerca de 2,6 bilhões de pessoas estavam sob alguma forma de isolamento.
Para conter a disseminação do vírus, governos investiram na ampliação da infraestrutura hospitalar e no desenvolvimento de vacinas. A crise sanitária também evidenciou falhas nos sistemas de saúde e gerou debates sobre a preparação global para pandemias futuras. Desde então, a OMS e seus Estados-membros vêm trabalhando na elaboração de um acordo internacional para prevenir e responder a futuras crises sanitárias, cujas negociações ainda estão em andamento.
Avanços científicos e o papel das vacinas
Um dos principais legados da pandemia foi o avanço tecnológico na área da saúde. O desenvolvimento de vacinas em tempo recorde se destacou como um marco na história da imunização. O mRNA sintético, uma tecnologia que já vinha sendo estudada, ganhou protagonismo com os imunizantes da Pfizer/BioNTech e Moderna, que foram os primeiros a serem aprovados e distribuídos globalmente.
A primeira vacina foi aplicada em 8 de dezembro de 2020 no Reino Unido, em Margaret Keenan, de 90 anos. Em 2023, os cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman, pioneiros na pesquisa sobre mRNA, receberam o Prêmio Nobel de Medicina por suas contribuições.
A tecnologia de mRNA, além de viabilizar a resposta ágil à pandemia, abriu caminhos para novos tratamentos, incluindo pesquisas sobre vacinas contra o câncer. “Testemunhamos avanços tecnológicos em uma velocidade incrível”, afirmou Margaret Harris, porta-voz da OMS, à BBC News.
Uma catástrofe semelhante pode se repetir?
Segundo informações d’O Globo Para a OMS, a próxima pandemia é apenas uma questão de tempo. Em dezembro de 2021, os Estados membros da organização, cientes das graves falhas diante da Covid-19, começaram a trabalhar em um acordo internacional vinculativo sobre prevenção e preparação para pandemias para tentar evitar a repetição dos mesmos erros.
As negociações são difíceis e uma sessão final de negociação ainda está agendada para 7 a 11 de abril para finalizar a minuta a tempo da assembleia anual da OMS em maio. Enquanto isso, os Estados-membros conseguiram tirar a poeira dos regulamentos internacionais de saúde.
Nos cinco anos desde março de 2020, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional duas vezes, ambas as vezes para epidemias de mpox. O chefe da OMS adverte regularmente os países para que não repitam o ciclo de negligência seguido de pânico que caracterizou a pandemia de Covid-19.