O Espírito Santo integra o grupo de 22 estados brasileiros que apresentam níveis de alerta, risco ou alto risco para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme a última edição do Boletim InfoGripe, divulgada pela Fiocruz nesta quinta-feira (29). A análise, referente à Semana Epidemiológica 21 (período de 18 de abril a 25 de maio de 2025), aponta que 72,5% dos óbitos por SRAG estão relacionados à influenza A, vírus que também tem sido o principal responsável pelo aumento dos casos em adultos, idosos e jovens a partir dos 15 anos.
Incidência por faixa etária e vírus predominantes
Segundo o boletim, a população mais afetada em termos de incidência são as crianças pequenas (até 4 anos), seguidas pelos idosos. O aumento dos casos de SRAG nesta faixa etária infantil está principalmente associado ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), embora o rinovírus e a influenza A também contribuam significativamente para a elevação dos registros. Entre os adultos e idosos, a influenza A lidera os casos positivos.
Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência dos vírus entre os casos confirmados de SRAG foi de 36,5% para influenza A, 50,7% para VSR, 14,7% para rinovírus, 0,9% para influenza B e 2,1% para Sars-CoV-2 (Covid-19). A mortalidade segue padrão semelhante, com 72,5% dos óbitos associados à influenza A.
Tendências regionais e evolução dos casos
Em âmbito nacional, 22 estados, incluindo o Espírito Santo, registram crescimento na tendência de longo prazo da incidência de SRAG, destacando a importância da vigilância epidemiológica em todo o território. Entre as capitais, Vitória está entre as 19 que apresentam níveis de alerta ou risco para SRAG, com crescimento da incidência na última análise.
O boletim também destaca que, enquanto as hospitalizações por VSR começam a mostrar sinal de estabilização ou queda em algumas localidades como São Paulo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, a influenza A ainda apresenta níveis altos em estados como Mato Grosso do Sul e Pará, apesar de indícios de desaceleração do crescimento.
Casos e notificação em 2025
No ano epidemiológico de 2025, foram notificados 75.257 casos de SRAG, com 48,7% confirmados laboratorialmente para algum vírus respiratório. Destes, 20,7% foram de influenza A, 44,9% de VSR, 23,4% de rinovírus, 1,2% de influenza B e 12,2% de Sars-CoV-2.
A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, reforça a importância da vacinação contra a influenza, especialmente para crianças e idosos, principais grupos vulneráveis. “A vacina ainda leva por volta de uns 15 dias para fazer efeitos, então quanto antes esse grupo tomar a vacina, melhor”, alerta.
Vacinação como ferramenta principal
O cenário epidemiológico atual, marcado pela circulação intensa de influenza A, evidencia a necessidade de manter a vacinação em dia para reduzir o impacto da SRAG, sobretudo em grupos prioritários. A recomendação da Fiocruz reforça que a imunização antecipada é fundamental para evitar hospitalizações e mortes relacionadas à síndrome.