O Espírito Santo segue em alerta por conta da Febre do Oropouche, doença transmitida pelo mosquito maruim. De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) nesta quinta-feira (16), o número de casos confirmados no estado já ultrapassa 6 mil.
A cidade com mais pessoas infectadas pela doença é Alfredo Chaves, na região serrana, com 1.268 casos confirmados. Na sequência, aparecem Laranja da Terra, com 658 casos, e Itarana, com 396. No total, o Espírito Santo soma 6.424 casos da doença.
Em Fundão, uma pessoa morreu em decorrência da doença. A vítima era uma mulher de 61 anos. Outras três mortes suspeitas de Febre do Oropouche estão sob investigação no estado.
No início da semana, representantes do Ministério da Saúde estiveram em Vitória para discutir ações de enfrentamento às arboviroses, como dengue, chikungunya, Zika e Febre do Oropouche.
Na ocasião, o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, destacou a gravidade da situação local e a necessidade de intensificar medidas preventivas.
“O Espírito Santo concentra cerca de 90% dos casos de Oropouche do país e estamos no verão, com altas temperaturas e dias chuvosos, que favorecem a proliferação do Aedes aegypti. Receber o Ministério da Saúde reforça a parceria necessária para garantir uma saúde de qualidade e a prevenção da doença, envolvendo os municípios e a sociedade civil organizada também”, afirmou.
Como identificar o mosquito maruim?
A transmissão do Oropouche ocorre principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido popularmente como “maruim” ou “mosquito-pólvora”, dependendo da região.
Após picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias. Quando o mosquito pica uma pessoa saudável, pode transmitir o vírus.
Entre as principais características do inseto está o tamanho diminuto, variando de 1,5 a 3 milímetros. É muitas vezes visível apenas como um ponto na pele. Diferentemente do Aedes aegypti, o maruim pica preferencialmente no início da manhã e no final da tarde, podendo, em áreas de alta infestação, atacar ao longo de todo o dia.
De acordo com a bióloga Karina Bertazo, técnica em Zoonoses e Doenças Vetoriais da Sesa, o maruim se alimenta de sangue apenas na fase adulta e nas fêmeas. “O maruim necessita de umidade, matéria orgânica e sombra. Assim, plantações como as de banana, café e cacau, margens de rios, solos úmidos e até lixo são locais propícios”, explicou.
Recomendações e cuidados
Com o aumento da infestação no verão, é recomendável evitar áreas de alta presença do mosquito, especialmente para gestantes, já que foi identificada a transmissão vertical do Oropouche no estado, além de um caso de má-formação congênita.
Outras orientações incluem:
– Usar roupas de manga longa, calças compridas e sapatos fechados;
– Aplicar repelente nas áreas expostas;
– Fechar janelas nos horários de pico do mosquito;
– Limpar terrenos e áreas próximas de casa;
– Recolher folhas e frutos caídos no solo;
– Instalar telas de malha fina em portas e janelas.
Sintomas e tratamento
Os sintomas da Febre do Oropouche surgem entre 3 e 8 dias após a picada do mosquito e duram de 2 a 7 dias. Entre os sinais mais comuns estão febre de início súbito, dores de cabeça, musculares e articulares.
Ao apresentar os sintomas, é fundamental buscar a unidade de saúde mais próxima e informar a possível exposição à doença.
O diagnóstico é feito por exames laboratoriais de biologia molecular (RT-qPCR), realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES). Não há tratamento específico para a doença, sendo os sintomas tratados com medicamentos indicados por profissionais de saúde.