Nos primeiros três meses do ano, o Brasil registrou um total de 7.320 casos de Febre do Oropouche, sendo 5.310 apenas no estado do Espírito Santo, resultando em 72% das ocorrências, com as cidades de Santa Teresa, Itarana, Laranja da Terra, Colatina e Domingos Martins tendo o maior registro em número de casos. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado do Rio de Janeiro é o segundo maior em número de notificações confirmadas, com 990.
No último mês de janeiro, o subsecretário de Vigilância em Saúde do Espírito Santo, Orlei Cardoso, comentou o número expressivo do estado e citou os possíveis motivos para tal.
“A expressividade dos números se deve ao grande número de testes. Somos um estado pequeno territorialmente e de fácil acesso. A gente foca muito na transparência, busca informações e não esconde os dados. Além disso, temos quatro regionais de saúde que dão esse suporte e o estado é o único do Brasil que tem o e-SUS VS, que faz a comunicação imediata dos casos, pelo celular mesmo, de qualquer lugar”, disse.
O monitoramento epidemiológico da Febre Oropouche do Ministério da Saúde aponta que 13.842 casos foram confirmados no país em 2024. E, por conta disso, a população, principalmente capixaba, precisa ficar atenta aos sinais e sintomas.
“Náusea, calafrios, diarreia, dores de cabeça, nos músculos e nas articulações são os principais sintomas, que aliás são bem parecidos com os da dengue, mas o diagnóstico desta febre deve ser obtido por meio de exames laboratoriais”, afirma a Dra. Silvia Fonseca, infectologista e pediatra.
Segundo a especialista, a Febre do Oropouche é causada por um arbovírus (mosquito) do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no país na década de 60. Tal feito só foi possível porque o vírus foi encontrado a partir de uma amostra de sangue de um bicho-preguiça, que foi pego durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Daí em diante, diversos casos isolados e alguns surtos foram relatados no Brasil, principalmente na região amazônica.
“Ressalto ainda que os sintomas são parecidos com outras viroses, mas raramente a Febre Oropouche pode causar doença grave ou óbito”, comenta Silvia.
Saiba como se prevenir
Dra. Nicolle Oliveira, biomédica, dá algumas dicas para evitar a doença. “As pessoas podem fazer uso de repelentes, especialmente ao realizar atividades ao ar livre. Se possível, evitar áreas de muita exposição a picadas de vetores”, opina Nicolle.
De acordo com a biomédica, outras ações também podem contribuir para evitar a doença, removendo a água parada e limpando ambientes com acúmulo de matéria orgânica. “A instalação de telas em janelas, também irá contribuir para a proteção. Caso haja o surgimento de qualquer sintoma, busque a unidade de saúde mais próxima”, comenta a especialista.
É importante seguir alguns cuidados para a população reforçar a consciência social sobre o problema. Confira:
Eliminar locais de reprodução: O mosquito-pólvora se reproduz em água parada, portanto, é essencial eliminar ou evitar o acúmulo de água em recipientes ao ar livre, como vasos de plantas, pneus velhos, garrafas vazias e recipientes de armazenamento;
Manter recipientes de água limpos: Se você tem recipientes de água ao ar livre, como bebedouros de animais de estimação, vasos de plantas ou piscinas infantis, certifique-se de trocar a água regularmente e de limpá-los para evitar o acúmulo de larvas de mosquito;
Utilizar telas e mosquiteiros: Mantenha as portas e janelas fechadas ou protegidas por telas para impedir a entrada de mosquitos em sua casa. Além disso, utilizar mosquiteiros em torno de camas e berços pode ajudar a proteger você e sua família enquanto dormem;
Usar repelentes: Aplique repelentes de insetos, especialmente durante o amanhecer e o entardecer, quando os mosquitos-pólvora são mais ativos. Certifique-se de seguir as instruções de uso dos produtos e evite aplicar repelente em áreas sensíveis, como os olhos e a boca;
Usar roupas protetoras: Se estiver em áreas onde há muitos mosquitos, use roupas que cubram a maior parte do corpo, como calças compridas, camisas de manga comprida e sapatos fechados;
Eliminar locais de abrigo: Os mosquitos-pólvora também se abrigam em locais escuros e úmidos durante o dia. Mantenha sua casa limpa e livre de acúmulos de lixo e entulho, o que pode servir como abrigo para os mosquitos;
Colaborar com programas de controle de vetores: Contribua com programas de controle de vetores realizados pelas autoridades de saúde locais, como a aplicação de larvicidas em áreas propensas à reprodução de mosquitos e ações de conscientização na comunidade.