A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta segunda-feira (29) que o Brasil tem capacidade para enfrentar futuras pandemias, destacando a importância da Missão 100 Dias para desenvolver, produzir e distribuir vacinas e tratamentos em tempo recorde.
O anúncio foi feito durante a Cúpula Global de Preparação para Pandemias, que reuniu especialistas internacionais no Rio de Janeiro.
A ministra Nísia Trindade assegurou que o Brasil está preparado para participar da Missão 100 Dias, um esforço global para criar e distribuir vacinas e tratamentos em pouco mais de três meses. Este prazo representa um terço do tempo necessário para desenvolver a vacina contra a covid-19, o que poderia conter uma nova pandemia em seus estágios iniciais e salvar vidas.
“Sem dúvida o Brasil tem condições de adotar esse objetivo. O Brasil é parte desse esforço e nós retomamos uma agenda que as instituições de pesquisas científicas levantaram com muita força”, afirmou a ministra.
A Cúpula Global de Preparação para Pandemias, que ocorre até terça-feira (30), é um evento internacional dedicado à troca de experiências sobre o enfrentamento de doenças. Nísia Trindade destacou que, apesar dos desafios enfrentados durante a pandemia de covid-19, que resultou em mais de 700 mil mortes no Brasil, o país possui uma base sólida em ciência, tecnologia e esforços industriais na área da saúde, promovida pelo atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A ministra também citou o Complexo Econômico Industrial da Saúde, parte da Nova Indústria Brasil, que incentiva a produção de medicamentos, insumos e vacinas. Nísia enfatizou que a preparação para futuras pandemias deve ser uma política de Estado e destacou a importância da cooperação e equidade no acesso e desenvolvimento de vacinas e tratamentos, especialmente para países em desenvolvimento.
Jane Halton, presidente da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), destacou que a Missão 100 Dias não se trata apenas de rapidez na resposta, mas também de garantir equidade na distribuição de recursos. “É sobre proteger todas as pessoas de novas doenças antes que tenham as vidas delas e de familiares destruídas”, afirmou.
Durante o evento, foi anunciada uma parceria entre a Cepi e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a produção de vacinas que serão distribuídas para países da América Latina em caso de uma nova pandemia. Mario Moreira, presidente da Fiocruz, explicou que o acordo visa um acesso mais equilibrado às vacinas globalmente.
“Não há condição de apenas os países do Norte produzirem vacina para o mundo. Não deu certo na [pandemia de] covid-19. Então a ideia é também incluir países do Sul Global, onde a Fiocruz terá destaque nisso”, declarou.
Em mensagem gravada, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), elogiou a liderança da ministra Nísia Trindade em priorizar a preparação para pandemias durante a presidência brasileira no G20. Tedros alertou que uma próxima pandemia não é uma questão de “se”, mas de “quando”, e reforçou a necessidade de aprender com os erros cometidos na pandemia de covid-19.
“Temos ainda um longo caminho antes de poder dizer que o mundo está verdadeiramente preparado para a próxima pandemia. Mas, juntos, estamos fazendo um mundo mais preparado do que antes”, concluiu.
A Cúpula Global de Preparação para Pandemias, realizada pela segunda vez, busca fortalecer a cooperação internacional e preparar melhor os países para futuras emergências de saúde.
