A meningite é uma doença grave, que pode levar à morte em até 24 horas, desde o início dos primeiros sintomas, ou deixar sequelas graves, como danos neurológicos. O Espírito Santo já contabiliza 158 casos confirmados e 41 óbitos pela meningite, entre viral, bacteriana e fúngica, desde o primeiro mês de 2022. De janeiro a dezembro de 2021, foram confirmados 83 casos em todo o estado, com 19 óbitos. Em menos de nove meses, o registro deste ano já é 90% maior que em todo o ano passado.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) esclareceu que para efeito de comparação de casos de meningite em um território, para evidenciar crescimento ou redução de casos, é feito junto a um diagrama de controle, que leva em consideração os dados disponíveis dos últimos dez anos. Entretanto, neste ano de 2022 tem-se a observação de maior número de casos notificados, em especial de meningites bacterianas, que possui uma magnitude de ocorrência e letalidade.
Os dados dos últimos três anos mostram um aumento no número de casos e óbitos em decorrência meningite no Espírito Santo. Em 2019, o estado registrou um total de 159 casos e 29 óbitos. De janeiro a dezembro de 2020, esse número caiu para 63 casos e 23 mortes, respectivamente. Em 2021, foram contabilizados um total de 83 casos e 19 mortes.
O principal problema apontado pelo Ministério da Saúde e por especialistas para explicar o avanço da doença é a queda da vacinação, considerada a principal forma de prevenção, que chega a combater em 90% as formas mais graves da meningite.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em virtude deste cenário de aumento dos casos, disponibilizou em julho deste ano, de forma temporária até 30 de setembro, a ampliação da vacinação contra a meningite meningocócica C para adolescentes de 13 a 19 anos ainda não imunizados e aos trabalhadores da saúde, uma vez que os adolescentes são o principal grupo responsável pela manutenção da circulação da doença em comunidade e, aos trabalhadores da saúde, em virtude da exposição.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ressalta ainda a importância da manutenção da cobertura vacinal ideal e alerta para a redução que vem ocorrendo nos últimos anos. Para a vacina Meningococo C, cuja cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde é de 80%, alcançou 78,63% em 2021. Nos anos anteriores, em 2020 e 2019, foram de 84,34% e 90,46%, respectivamente.
REDUÇÃO EM 2020
O Brasil teve em 2020 os índices mais baixos de incidência da meningite meningocócica das últimas duas décadas. Foram notificados 357 casos, número que, nos anos anteriores, sempre esteve acima de 1 mil. No Espírito Santo, o dado foi de 63 casos e 23 óbitos.
Com o distanciamento social e o uso de máscaras para controlar a pandemia de covid-19, era previsto que muitas doenças de transmissão respiratória, como a meningite, teriam menos incidência. Mas o retorno gradual às atividades pode trazer o aumento de casos.
A MENINGITE
De evolução rápida, podendo chegar ao óbito em 24 horas, a meningite é uma inflamação grave das meninges – membranas que recobrem o cérebro e toda medula espinhal, causada pela bactéria Neisseria Meningitidis, e os grupos A, B, C, W e Y são responsáveis por mais de 95% dos casos com taxa de morte na casa dos 20%. Outros fatores infecciosos como vírus, parasitas e fungos também podem provocar a doença.
No Brasil, o meningococo tipo C é o mais prevalente, mas por ser uma doença imprevisível, pode ocorrer circulação de outros tipos como o W e Y que já foram registrados no Brasil.
A doença é transmitida pelo ar e causa inflamação nas meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Entre os sintomas, estão febre, mal-estar, dor de cabeça e rigidez no pescoço.