política

PSL soma polêmicas nos primeiros dois meses de governo

17 fev 2019 - 08:21

Redação Em Dia ES

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Sigla do presidente Jair Bolsonaro é suspeita de ter patrocinado “candidaturas laranjas”
O governo de Jair Bolsonaro tem menos de 50 dias e já toma o noticiário com polêmicas envolvendo diferentes figuras políticas de dentro do partido presidente. O Partido Social Liberal (PSL) foi a sigla que mais cresceu nas eleições de 2018. A legenda, até então tida como nanica, recebeu quase 11 milhões de votos no pleito para cargos no legislativo federal no ano passado. Em 2014, foram 808 mil.

O PSL garantiu a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, com 52 parlamentares, atrás apenas do PT. Se ampliado o cenário para deputados das Assembleias Legislativas e para a Câmara Distrital, o partido também teve aumento significativo. Subiu de 16, em 2014, para 76 em 2018.

O discurso contra a corrupção propagado durante a campanha eleitoral parece não ter durado muito tempo. Além das polêmicas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, é suspeito de usar esquema de “candidatos laranjas” para desviar recursos para a própria campanha de deputado federal. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o ministro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas que, juntas, receberam dois mil votos.

O atual presidente do PSL, Luciano Bivar, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, também são acusados de patrocinar candidaturas de fachada, em valores que, somados, chegam a R$ 650 mil.

Nesta semana, Bebianno afirmou que conversou três vezes com o presidente Jair Bolsonaro em uma tentativa de desfazer a impressão de que vem sofrendo desgastes dentro do governo. O filho de Bolsonaro e vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, divulgou um áudio nas redes sociais em que o presidente desmente o Secretário-Geral da Presidência.

“Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então não vou falar, não vou falar com ninguém, a não ser o estritamente essencial. Estou em fase final de exames para possível baixa hoje. Boa sorte aí”, afirmou o presidente no áudio.

Nesta semana, o ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou que suspeitas sobre ‘laranjas’ do PSL serão investigadas e os suspeitos punidos. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que a situação é um ‘constrangimento para todo mundo’.

Além dos problemas no PSL, outro assunto que merece atenção neste início de governo diz respeito ao vice-presidente, general Hamilton Mourão, filiado ao PRTB. Mourão é abertamente criticado pelo filósofo Olavo de Carvalho, chamado pela imprensa e por parte dos eleitores de ‘guru’ do governo Bolsonaro. O vice-presidente também foi alvo de críticas quando o filho dele, Antônio Mourão, foi promovido para o cargo de assessor especial do presidente do Banco do Brasil e teve o salário triplicado. Além disso, o militar disse recentemente que ‘uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo’.

Para o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo Eduardo Grin, a figura do vice-presidente ainda é uma incógnita para os próximos quatro anos.

“A incógnita que fica, porque a gente não sabe ainda, é: se o Mourão vai recuar, e, portanto, reduzir um pouco o nível de atrito com o presidente ou se ele se manterá com essa razoável autonomia, e se assim for, certamente será fonte de muita disputa interna dentro do governo com outro componente, que é ele não apenas o vice-presidente, ele também é um interlocutor do setor militar dentro do governo”, diz o professor.

Outro problema interno do governo apontado pelo professor Eduardo Grin diz respeito à interlocução do Executivo com o poder Legislativo. Mesmo com a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado, e de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara, o professor acredita que o governo não deve ter vida fácil no Congresso.

“A ideia do governo de que ele vai conseguir negociar com parlamentares das frentes ou que ele vai conseguir fazer pressão de fora para dentro via mídias sociais não é viável. O regimento do Congresso não permite negociações que não sejam com líderes partidários, e a interlocução política do governo com o Congresso até o presente momento, ainda que tenha sido vitoriosa no que diz respeito à eleição dos dois presidentes, da Câmara e do Senado, não significa dizer que ela será fácil e que não haverá divergências”, afirma.

No início do mês, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que o governo de Jair Bolsonaro ainda não tem os 308 votos necessários na Casa para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, tida como uma das principais do novo governo.
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Atualizado: 17/02/2019 08:21

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