O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu nesta
terça-feira (27) o secretário especial de Fazenda da pasta, Waldery
Rodrigues. O atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal
assumirá o posto, um dos principais do ministério.
Waldery
estava no cargo desde o início do governo e deixa a função em meio à
polêmica entre governo e Congresso Nacional em torno do Orçamento da
União de 2021.
O estopim para a saída de Waldery foi a negociação do Orçamento, mas já havia um desgaste desde o ano passado.
Em
setembro de 2020, em entrevista ao G1, Waldery disse que a equipe
econômica estudava o congelamento de benefícios como aposentadorias e
também a redução do seguro-desemprego.
O presidente Jair
Bolsonaro, então, disse que daria “cartão vermelho” a quem, dentro do
governo, lhe apresentasse propostas de congelar aposentadorias ou
reduzir benefícios.
Antes mesmo desse episódio, porém, a saída
de Waldery já era avaliada por Paulo Guedes. Inclusive, o ministro da
Economia já negociava com Bruno Funchal há algumas semanas o papel que
ele desempenharia como secretário especial.
Atuação
Com direito a voto no Conselho Monetário Nacional (CMN), Waldery atuou, por exemplo, na definição da meta de inflação do país.
Defensor
do teto de gastos, que limita as despesas à inflação do ano anterior, e
do ajuste das contas públicas, Waldery deixa o cargo em um momento de
forte compressão das despesas não obrigatórias do governo. Analistas
preveem fortes restrições e dificuldades para o governo neste ano.
Waldery
ingressou em junho de 2016 na equipe de Henrique Meirelles no extinto
Ministério da Fazenda do governo de Michel Temer e permaneceu na pasta
após a transição para o governo Bolsonaro. Antes disso, tinha um cargo
comissionado de consultor do Senado Federal.
Funchal é defensor
do ajuste nas contas públicas para evitar uma alta maior da dívida, que
atingiu 90% do PIB neste ano, patamar elevado para países emergentes.
Outras saídas
Waldery Rodrigues é a 11ª baixa na equipe econômica. Antes dele, deixaram o governo (demitidos ou que pediram demissão):
• junho de 2019: Joaquim Levy, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
• setembro de 2019: Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal;
• junho de 2020: Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro;
• julho de 2020: Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil;
• julho de 2020: Caio Megale, ex-secretário de Fazenda;
• agosto de 2020: Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização;
• agosto de 2020: Paulo Uebel, ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital;
• março de 2021: Wagner Lenhart, ex-secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal;
• março de 2021: André Brandão, ex-presidente do Banco do Brasil;
• abril de 2021: Vanessa Canado, ex-assessora especial para a reforma tributária.
saída da assessora especial para Reforma Tributária, Vanessa Canado,
também foi confirmada pelo ministério nesta terça-feira (27).
Canado
deixa o cargo no momento em que o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), anuncia a volta das discussões da reforma na Casa. Segundo
pessoas próximas à Vanessa, ela pediu para deixar o cargo por não
concordar com o acordo que vem sendo feito entre governo e Câmara a
respeito do CBS, imposto que deve ser proposto.
Questionada pelo
G1, a área econômica informou que ela “retorna à vida acadêmica e que
acredita ter encerrado de forma positiva essa fase de trabalho no
governo, contribuindo com a construção das propostas da reforma”.