Na noite de domingo (10), em entrevista transmitida pela RedeTV!, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que pretende superar mais uma vez os desafios impostos pelo mercado financeiro, referindo-se a seus agentes como motivados por “gana especulativa” e “uma certa hipocrisia”. Durante a entrevista, Lula reforçou a necessidade de um esforço coletivo para o ajuste das contas públicas e enfatizou que a responsabilidade deve ser dividida entre os Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
“Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso não, porque eu venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país”, afirmou o presidente. Embora o mercado financeiro aguarde com expectativa as medidas de contenção de gastos que o governo vem discutindo nas últimas semanas, Lula evitou detalhar as ações em andamento. “Eu não posso adiantar porque a gente ainda não concluiu o pacote. Eu estou num processo de discussão muito sério com o governo, porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado e eu às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia”, disparou.
O presidente expressou preocupação com o impacto do ajuste fiscal sobre as pessoas mais vulneráveis, declarando que essas camadas da população não podem arcar com o peso das medidas. Lula questionou se o Congresso Nacional estaria disposto a cortar recursos de suas emendas parlamentares ao Orçamento, com o objetivo de colaborar para o equilíbrio financeiro.
“Nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas. Eu quero saber o seguinte, se eu fizer um corte de gastos pra diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir?”, indagou o presidente.
Ao falar sobre a participação do Judiciário, Lula mencionou “excessos” e defendeu que os três Poderes compartilhem a responsabilidade pelo ajuste fiscal, sugerindo que o compromisso com o equilíbrio das contas não deve ser exclusivo do Executivo.
“É uma responsabilidade do Poder Executivo, é uma responsabilidade do Poder Judiciário. Eu quero saber se também estão dispostos a abdicar daquilo que é excessivo, eu quero saber se o Congresso está disposto também a fazer o corte de gastos. Porque aí fica uma parceria, uma cumplicidade para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem”, finalizou o presidente.