A nova rodada da pesquisa Ipec (ex-Ibope) sobre as eleições presidenciais divulgada nesta segunda-feira (5/9) mostrou uma tendência de estabilidade entre os dois líderes: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Lula aparece na frente, com 44%, mesmo percentual apresentado na rodada anterior, no final de agosto. Bolsonaro, por sua vez, oscilou um ponto percentual para baixo, saindo de 32% para 31%. A oscilação, no entanto, está dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa também mostra uma leve oscilação positiva nas intenções de voto dos demais candidatos. Ciro Gomes (PDT) saiu de 7% para 8%, enquanto Simone Tebet foi de 3% para 4%. Soraya Thronicke (União Brasil) tinha 0% e agora aparece com 1% e Felipe D`Ávila (Novo) manteve 1% das intenções de voto que apresentou no levantamento anterior. Votos brancos somam 6% e não souberam ou não responderam totalizaram 5%.
Na simulação de um eventual segundo turno, Lula aparece com 52% das intenções de voto contra 36% de Bolsonaro. Em relação à pesquisa anterior, o petista oscilou dois pontos percentuais para mais enquanto o atual presidente oscilou um ponto percentual para menos. Nove por cento dos eleitores disseram que anulariam ou votariam em branco. Os indecisos e os que não responderam somaram 3%.
Apesar da estabilidade do cenário, as movimentações entre os segmentos pesquisados pelo Ipec apontam uma tendência de queda das intenções de voto de Bolsonaro em segmentos considerados estratégicos para a sua campanha: o eleitorado evangélico e as mulheres. Lula, por sua vez, viu suas intenções de voto voltarem a subir entre os mais pobres.
A nova rodada da pesquisa ouviu 2.512 pessoas entre 2 e 4 de setembro em 158 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
Confira, abaixo, quatro números trazidos pela nova pesquisa do Ipec.
Evangélicos: Bolsonaro lidera, mas com oscilação para baixo
A pesquisa Ipec mostra que Bolsonaro ainda lidera com relativa folga entre os eleitores que se autodeclaram evangélicos, mas suas intenções de voto oscilaram dois pontos percentuais para baixo em relação ao último levantamento, saindo de 48% para 46%. Lula, por sua vez, saiu de 26% para 27%. As oscilações estão dentro da margem de erro.
Os dados apontam para um encurtamento da distância entre os dois líderes nesse segmento. No fim de agosto, a distância era de 22 pontos percentuais a favor de Bolsonaro. Agora, a diferença caiu para 19.
Essa oscilação acontece em meio aos esforços de Lula e Bolsonaro de conquistar os votos dos eleitores evangélicos.
De um lado, a campanha de Bolsonaro tem explorado a imagem da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica, para atrair os votos do segmento.
Do outro, a campanha petista tem investido em vídeos disparados em redes sociais focados exclusivamente no público evangélico.
Mulheres: Bolsonaro oscila para baixo entre o público feminino
A pesquisa também apontou uma tendência de queda nas intenções de voto de Bolsonaro entre as mulheres. Neste segmento, a oscilação foi de três pontos percentuais para baixo. No final de agosto, Bolsonaro tinha 29% entre o eleitorado feminino. Agora, ele aparece com 26%. Lula, por sua vez, manteve 45% que apresentava na pesquisa passada.
Assim, a diferença nesse segmento que era de 16 pontos percentuais em favor de Lula, agora é de 19 pontos percentuais.
A pesquisa mostrou, ainda, uma tendência de alta nas intenções de voto de Lula entre os homens, um dos públicos fiéis a Bolsonaro.
Na pesquisa anterior, Lula tinha 41%. Agora, apareceu com 43%. Bolsonaro, por sua vez, manteve os 36% que apresentava no final de agosto. A distância entre os dois saiu de cinco pontos percentuais para sete.
A aparente estagnação de Bolsonaro no segmento feminino acontece apesar de sua campanha ter investido em vídeos voltados diretamente para as mulheres incluindo, também, a imagem de Michelle Bolsonaro.
O aumento da distância acontece, também, depois de o presidente ter desferido um ataque verbal à jornalista Vera Magalhães durante o primeiro debate presidencial transmitido pela TV, realizado no dia 28 de agosto.
Na ocasião, Bolsonaro disse que a jornalista era uma “vergonha” para o jornalismo. Ela foi defendida pelos demais candidatos.
Lula sobe e Bolsonaro cai entre mais pobres
Os dados do Ipec apontam uma tendência de alta nas intenções de voto de Lula entre os eleitores mais pobres ao mesmo tempo em que Bolsonaro apresenta uma trajetória de queda neste segmento.
A pequisa Ipec divide os eleitores em quatro faixas de renda familiar: os que recebem até um salário-mínimo; os que recebem mais de um e dois salários-mínimos; os que recebem acima de dois e até cinco e os que recebem acima de cinco salários-mínimos.
Entre os recebem até um salário, Lula saiu de 54% para 56%, interrompendo uma tendência de queda que vinha desde meados de agosto. Nessa faixa, Bolsonaro tinha 22% e agora aparece com 21%. Tanto a oscilação positiva de Lula quanto a negativa de Bolsonaro estão dentro da margem de erro da pesquisa que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A distância que era de 32 pontos percentuais, agora é de 35.
Entre os que recebem mais de um e até dois salários-mínimos, Lula também apresentou oscilação positiva. Lula saiu de 47% para 49%. Bolsonaro, por sua vez, caiu cinco pontos percentuais, saindo de 31% para 26%. A distância entre os dois, que era de 16 pontos percentuais no final de agosto, agora é de 23.
A campanha de Bolsonaro teve boas notícias na faixa do eleitorado que ganha entre dois e cinco salários-mínimos. Segundo a pesquisa, Lula tinha 39% nesse segmento no último levantamento e agora tem 34%, uma queda de cinco pontos percentuais. Bolsonaro, por sua vez, saiu de 37% para 40%.
Na faixa que ganha acima de cinco salários-mínimos, o cenário é de relativa estabilidade. Bolsonaro oscilou dois pontos percentuais para baixo, saindo de 47% para 45% enquanto Lula manteve os 28% que apresentou na pesquisa anterior.
Ciro sobe no Nordeste e Lula no Sudeste
Em relação à distribuição geográfica, a pesquisa Ipec mostra que Ciro apresentou uma oscilação de três pontos percentuais para mais, saindo de 7% para 10%. Ao mesmo tempo, os líderes nas intenções de voto tiveram uma suave oscilação negativa nessa faixa do eleitorado. Lula, que tinha 57%, agora tem 56%. Bolsonaro, por sua vez, tinha 25% e agora aparece com 23%.
Na região Sudeste, que representa 42% do eleitorado do país, Lula ampliou sua liderança. No levantamento anterior, o petista aparecia com 39% das intenções de voto e agora tem 41%. Bolsonaro, por sua vez, saiu de 33% para 30%. A diferença que antes era de seis pontos percentuais, agora saltou para 11.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, agregadas pelo Ipec durante seus levantamentos, a vantagem é de Bolsonaro, que manteve 40% das intenções de voto enquanto Lula caiu de 40% para 35%.
Na região Sul, o cenário aponta um empate técnico entre Lula e Bolsonaro com 39% das intenções de voto cada um.