política

França: Em reviravolta, esquerda vence eleições legislativas, mas não forma maioria

08 jul 2024 - 07:44

Redação Em Dia ES

Com G1

Share
Bloco de esquerda Nova Frente Popular atinge 182 assentos, ante 168 da coalizão governista de centro e 143 da extrema direita
As ruas foram tomadas na França após a vitória da coligação de esquerda na eleição legislativa. Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Em um resultado surpreendente, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve o maior número de assentos na Assembleia Nacional da França nas eleições legislativas, mas sem força suficiente para governar sozinha.

O segundo turno foi realizado neste domingo (7), e teve participação de quase 60% dos eleitores. Veja como ficaram as três maiores bancadas da nova legislatura:

  • Nova Frente Popular (esquerda): 182 assentos;
  • Juntos (coalizão governista, de centro): 168 assentos;
  • Reunião Nacional (extrema direita): 143 assentos.

Para a extrema direita, apesar do crescimento vertiginoso do número de assentos obtidos pelo Reunião Nacional (RN), de 88 para 143, o resultado foi uma decepção. No primeiro turno, ocorrido há apenas 1 semana, o partido de Marine Le Pen havia saído à frente de todas as demais forças políticas — ele chegou a projetar obter para si a maioria absoluta da Casa.

“Nossa vitória foi apenas adiada”

Disse Le Pen, horas depois de uma pesquisa boca de urna indicar a derrota da legenda.

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, que é do Juntos, também admitiu a derrota, e disse que colocaria o cargo à disposição nesta segunda-feira (8).

Caberá ao presidente da França, Emmanuel Macron, indicar um novo premiê a partir dos resultados dessas eleições. Ainda não há previsão de quando isso vai ocorrer.

Esquerda vai precisar de aliança para governar
Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para chegar aos 289 assentos necessários para ter maioria.

Após a Reunião Nacional, de Le Pen, conquistar 33% dos votos no primeiro turno, a Nova Frente Popular e o Juntos formaram uma espécie de cordão sanitário para impedir que a extrema direita chegasse ao poder.

A viabilidade de um governo juntando as duas forças, entretanto, ainda é incerta. Ambos os blocos nutrem desavenças profundas em determinados tópicos, como a reforma da Previdência francesa, por exemplo.

Jean-Luc Mélenchon, um dos líderes da esquerda francesa, afirmou que Macron deverá admitir a derrota nas eleições e, além disso, criar alguma relação com o NFP para formar o governo.

Prestes a entrar em um período de tensas negociações para definir o balanço de forças da Assembleia Nacional, a França se depara com um cenário desconhecido e até a ameaça de um Parlamento paralisado.

Repercussão
Autoridades, políticos e celebridades do esporte comentaram a vitória da esquerda nas eleições parlamentares na França.

“Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul.”

O resultado também foi comemorado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

“Esta semana, um dos maiores países da Europeu escolheu o mesmo caminho que a Espanha há um ano: rechaço à extrema direita e aposta decidida em uma esquerda social que lide com os problemas das pessoas com políticas sérias e valentes”, ele escreveu nas redes sociais. “Com a extrema direita não se faz acordo nem se governa.”

Na Polônia, o premiê, Donald Tusk, que se opõe a Vladimir Putin, comemorou o resultado — a extrema direita francesa é acusada de ter laços com o líder russo. “Em Paris, entusiasmo; em Moscou, desapontamento; em Kiev, alívio. O suficiente para se estar feliz em Varsóvia.”

Diversos jogadores de futebol da seleção francesa, como Marcus Thuram, Tchouameni e Koundé, celebraram o resultado. Kylian Mbappé já havia pedido aos eleitores franceses para que barrassem o avanço do Reunião Nacional.

0
0
Atualizado: 08/07/2024 08:27

Se você observou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, nos avise. Clique no botão ALGO ERRADO, vamos corrigi-la o mais breve possível. A equipe do EmDiaES agradece sua interação.

Comunicar erro

* Não é necessário adicionar o link da matéria, será enviado automaticamente.

A equipe do site EmDiaES agradece sua interação.